segunda-feira, 3 de junho de 2019

Cigarro, o maior vilão para o coração


  
Embora as pesquisas indiquem que as medidas tomadas para frear o consumo do cigarro no Brasil estão funcionando, cada vez mais jovens têm acesso ao tabaco. Na última década, o hábito de fumar caiu em 36% de acordo com os dados do Mistério da Saúde, mas a popularidade do cigarro cresceu entre os jovens: um em cada 10 brasileiros entre 18 e 24 anos é fumante. 

Esses dados explicam o motivo de infartos e AVCs aparecerem cada vez mais cedo na vida dos brasileiros, o famoso infarto precoce, que acontece em pacientes na faixa dos 40 anos de idade. Os sintomas são os mesmos do que um infarto de uma pessoa idosa: fadiga, dores no peito, no pescoço, nas costas, ansiedade e arritmias cardíacas. E nas mulheres, alguns sintomas podem ser: desmaio, suor frio, náuseas, vômito, aperto no peito, dores nas costas, pescoço, estômago e até na mandíbula. 


Mas por que o cigarro é tão perigoso ao coração? 

É comum associar o fumo com os danos nos pulmões e até em problemas relacionados à garganta, como o câncer. Fumar é prejudicial para o organismo de forma geral, prejudica a saúde bucal, causa doenças respiratórias, pode levar ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, afeta até a saúde de quem vive em contato com o fumante e é o maior vilão para a saúde do coração. 

As substâncias presentes no cigarro causam o enrijecimento das artérias, favorecem o aparecimento da aterosclerose que são placas de gorduras que se acumulam no interior dos vasos, impedindo que o sangue circule da forma em que deveria. Isso causa um esforço maior do coração, colocando a pressão arterial lá em cima. Esses fatores aumentam rapidamente as chances de um ataque do coração e de um acidente vascular cerebral, o AVC. 

Diferente do que muitas pessoas acreditam, não existe quantidade segura para o tabaco. Um único cigarro já é capaz de fazer a pressão subir. Estudos recentes mostram que as substâncias tóxicas do cigarro ficam impregnadas na roupa, pele e até cabelo do fumante, contaminando os ambientes em que vive, podendo prejudicar a saúde de pessoas que estejam em seu cotidiano, principalmente os mais vulneráveis, como as crianças e os animais doméstico. 


Ainda há tempo de reverter os danos 

Caso você seja fumante ou conviva com um, saiba que ainda há tempo de diminuir as chances de complicações mais sérias causadas pelo fumo. Quando paramos de fumar, em apenas 20 minutos, a pressão volta a se normalizar. Em oito horas, as taxas de nicotina e monóxido de carbono já caíram pela metade. Após 12 horas, os batimentos são normalizados. Após as primeiras 24 horas, as chances de infarto começam a cair e, ao completar as primeiras duas semanas, a frequência cardíaca, o fluxo sanguíneo e pressão arterial estão bem melhores. Após um ano, as chances do infarto caem pela metade. Entre cinco e dez anos sem fumar, as chances de desenvolver algum outro tipo de câncer por conta do cigarro vai desaparecendo. E é somente após 15 anos que suas chances de ter uma doença do coração ou outra complicação causada pelo cigarro é igual a de quem nunca fumou. 

Mesmo que pareça um longo processo, vale a pena deixar de fumar. Cada cigarro tem cerca de 4.700 substâncias tóxicas que demoram esses anos para deixarem o seu organismo. Procure ajuda e deixe de fumar ainda hoje! 



Dr. Élcio Pires Júnior - coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.    

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