O
tratamento de combate ao câncer vai afetar a minha vida sexual? Essa é uma das
dúvidas de pessoas que recebem o diagnóstico da doença. A resposta?
provavelmente sim, mas não necessariamente de maneira irreversível, afirma a
oncologista Michelle Samoa, do grupo Oncoclínicas. Nesse momento, muito além do
físico, é natural que a parte psicológica afete o paciente de forma mais
severa, já que ainda há um estigma em relação ao diagnóstico do câncer.
"Muita
gente acredita que está recebendo uma sentença de morte, o que não é
necessariamente verdade. Mas é natural que, confrontado com esse tipo de
notícia, o interesse na vida sexual diminua. E, durante o tratamento, é comum
que homens e mulheres também apresentem perda do interesse por conta de
alterações fisiológicas", comenta a especialista.
Cada
tipo de tumor demanda um tratamento e, dependendo de qual for feito, a
alteração na vida sexual do paciente será diferente. De acordo com estudo
divulgado pela National Center for Biotechnology Information (NCBI), 50% a 64%
das mulheres com câncer de mama, por exemplo, apresentam dificuldade de
excitação, desejo e lubrificação. Já nos casos de câncer cervical, após dois
anos de radioterapia, 85% das mulheres se queixam de pouco ou nenhum interesse
sexual devido à dor, que pode ser explicada "pelas alterações ocorridas
pela falta de lubrificação vagina e pela formação de tecido cicatricial após a
radioterapia, que pode tornar a vagina mais estreita (estenose vaginal), ou
seja, menos capaz de esticar, o que pode tornar o sexo vaginal doloroso.",
afirma Michelle.
"É
comum também que durante a quimioterapia a mulher tenha os mesmos sintomas de
uma menopausa precoce, como ressecamento vaginal e interrupção do ciclo
menstrual, mas isso não significa que será permanente e não determina o fim da
vida sexual da mulher", explica.
Efeitos
também entre homens
Nos
homens, a disfunção erétil acomete 75% dos pacientes tratados de câncer
colorretal. Em casos de câncer de próstata, 60 a 90% referiam disfunção erétil.
"Amputações, desequilíbrio hormonal, incontinência urinária ou fecal,
alteração de peso e efeitos adversos do tratamento como náuseas, vômitos,
diarreia e fadiga, associados ao tratamento, também podem levar a uma
autoimagem negativa e este desconforto inibir a intimidade".
Diante
todos esses fatores, é importante, ressalta a médica, que os pacientes busquem
ajuda médica e psicológica para recuperar, ou amenizar, os efeitos do
tratamento do câncer em sua vida sexual, buscando uma melhor qualidade de vida.
"O
diálogo entre o casal para ressignificar e adaptar sua vida, levando em conta o
toque, o olhar, o cheiro, os beijos, as carícias são também importantes
ferramentas para explorar o corpo e ter prazer", finaliza.
Grupo Oncoclínicas
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