Cerca de 7 em cada 10
pacientes têm vida afetada com o avanço da doença; um terço, no entanto, mantém uma postura positiva acerca dos novos tratamentos
O surgimento de metástase
prejudica significativamente a qualidade de vida da maioria (67%) dos pacientes
com câncer de próstata, e quase 75% afirmam que tiveram que deixar de realizar
atividades rotineiras – como trabalho, lazer e exercícios físicos – por causa
do avanço da doença. Esses foram alguns achados da pesquisa realizada pelo
Instituto Ipsos, a pedido da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson. O
levantamento buscou entender como os pacientes lidam com o câncer de próstata e
os principais impactos da doença, incluindo diversos aspectos de suas vidas:
físico, psicológio, emocional, social e econômico. No Brasil, o câncer de
próstata é o mais frequente entre os homens, depois do de pele não melanoma. De
acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 68.220 novos
casos em 2019.
Perfil dos pacientes
Durante a pesquisa, foram
entrevistados 200 homens acima dos 40 anos, diagnosticados com câncer de
próstata há mais de dois anos, divididos em grupos de pacientes metastáticos e
não metastáticos, em 13 capitais (Belém, Manaus, Recife, Salvador, Fortaleza, Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis,
Brasília e Goiânia).
Os pacientes ouvidos
tinham, em média, 64 anos de idade e conviviam com o câncer de próstata há
cerca de 5 anos. Metade deles era aposentada (52%), enquanto 37% continuavam
trabalhando e 12% estavam desempregados. Destaca-se que o grupo de pacientes
metastáticos apresentou uma taxa 33% maior de desemprego em comparação àqueles
com a doença em fases mais iniciais.
Diagnóstico
O levantamento revela que
um em cada três homens nunca procurou um médico como medida preventiva, apenas
recorrendo um a um especialista depois de apresentar algum sintoma. Mesmo
assim, os participantes da pesquisa demoraram, em média, seis meses para buscar
atendimento após o surgimento de sintomas, como fluxo urinário fraco ou
interrompido, vontade de urinar frequentemente à noite e dores (no quadril,
coxas e ombro prodominantemente). Essa atitude reativa perante o cuidado
com a própria saúde reflete-se também em outro dado alarmante, que aponta que
51% dos pacientes metastáticos disseram já se encontrar nesse estágio da doença
no momento do diagnóstico.
Segundo a pesquisa, os
pacientes passam, em média, por 2,6 profissionais até chegar ao diagnóstico de câncer
de próstata. O urologista foi o profissional procurado por 46% dos
entrevistados após os primeiros sintomas, enquanto 37% recorreram a um clínico
geral. A maior parte dos diagnósticos foi realizada pelos urologistas (69%).
Impacto da doença
Sete a cada dez pacientes
em fase metastática declararam que o avanço da doença representou uma piora
significativa em sua qualidade de vida, que foi comprometida principalmente por
fraqueza (32% das respostas), dores gerais (27%) ou dores nos ossos (27%). Esse
impacto também é percebido pela necessidade de abandonar atividades rotineiras.
O levantamento identificou que o número de pacientes em fase metastática que
precisou parar de trabalhar foi quase duas vezes superior ao daqueles em fases
menos graves da doença (57% versus 27%, respectivamente).
Outro reflexo do avanço da
doença se dá no aspecto do convívio social. O número de pacientes metastáticos
que declararam deixar de realizar atividades deste âmbito foi quase três vezes
superior ao grupo daqueles em que a doença está em fases mais iniciais (31%
versus 11%). Além disso, 80% dos entrevistados afirmaram que que o câncer de
próstata impactou a vida sexual, tendo prejudicado também o relacionamento com
a(o) parceira(o) para 46% deles.
A pesquisa apontou ainda
que as primeiras reações ao receber o diagnóstico do câncer de próstata foram
medo, tristeza e preocupação. Para o grupo de pacientes metastáticos,
alguns sentimentos negativos apareceram de maneira ainda mais acentuada,
com o dobro de homens deste grupo afirmando que sentiram medo e/ou desespero no
momento do diagnóstico em comparação aos pacientes menos graves. Entretanto, ao
longo do curso do tratamento, esses sentimentos vão ficando menos intensos e
abrem espaço para esperança, tranquilidade e alívio.
Um reflexo desses impactos
emocionais e mentais é que aproximadamente duas vezes mais pacientes
metastáticos (31%) procuraram apoio psicológico em comparação àqueles que não
tinham metástase (17%). A psicóloga Luiza Polessa, membro da Sociedade
Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO), fala sobre a importância da assistência
multidisciplinar:
“É necessário olhar o
aspecto psicossocial da doença, uma vez que a pessoa pode, de repente, deixar
de ser produtiva socialmente ou intelectualmente. Além disso, os indivíduos
precisam lidar ainda com outras questões associadas ao câncer, como disfunção
erétil, que descaracterizam a identidade do homem de uma maneira muito
significativa”.
Apesar da grande carga
emocional, percebe-se que a doença está deixando de ser considerada um tabu,
uma vez que apenas um terço dos entrevistados disse sentir-se constrangido ou
ter vergonha de falar sobre a enfermidade com outras pessoas.
Tratamento
O intervalo médio
identificado entre os primeiros sinais da doença, o diagnóstico e o começo do
tratamento foi de 15 meses. De acordo com a pesquisa, 71% dos pacientes sem
metástase fizeram cirurgia e radioterapia. No grupo metastático, 39% disseram
ter feito cirurgia, radioterapia e estar em tratamento medicamentoso.
“O diagnóstico precoce é a
chave para cura, pois de cada 10 pacientes com doença localizada apenas na
próstata (ou seja, câncer não-metastático) de oito a nove serão curados”
explica o Dr. Fernando Maluf, oncologista clínico e diretor médico do
Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê
Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e Diretor do Centro de Oncologia
do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Um novo medicamento, já
disponível no Brasil, demonstrou adiar o surgimento de metástase do câncer de
próstata, oferecendo mais qualidade de vida ao paciente. Estudos mostram que a
apalutamida, da Janssen, diminuiu em 72% o risco de progressão para metástase
ou de morte e proporcionou 40,5 meses de sobrevida livre de metástase
(mediana), o que representa um ganho de dois anos quando comparado ao placebo
(mediana de 16,2 meses)[1]. Os
principais eventos adversos de apalutamida foram fadiga, hipertensão e rash
cutâneo1.
A apalutamida é um remédio
que bloqueia o mecanismo pelo qual o câncer de próstata cresce, evitando que o
hormônio masculino alimente as células tumorais. “Este novo medicamento se
mostrou capaz de reduzir o risco de metástases nos ossos e morte, o que
significa evitar dores, fraturas e compressão de estruturas nervosas, proporcionando
ganho relevante na qualidade de vida para o paciente”, comenta o Dr. Maluf.
A pesquisa foi realizada no
período de 27 de novembro de 2018 à 20 de fevereiro de 2019, por meio de
questionário aplicado presencialmente ou por telefone. A amostra divide-se em
30% de pacientes metastáticos e 70% de não metastáticos. A margem de erro considerada
foi de 7 pontos percentuais.
Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
[1] Small E., et all. SPARTAN, a phase 3
double-blind, randomized study of apalutamide (APA) vs placebo (PBO) in
patients (pts) with nonmetastatic castration-resistant prostate cancer
(nmCRPC). Abstract #161.
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