Muitos pacientes interrompem o tratamento por
conta própria quando estão se sentindo livres de sintomas; comportamento é
altamente nocivo para a saúde
Doenças crônicas são aquelas de progressão lenta e longa
duração, que muitas vezes levamos por toda a vida. Silenciosas ou sintomáticas,
podem comprometer a qualidade de vida e, nos dois casos, representam risco para
o paciente. Doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes
e doenças metabólicas e câncer estão entre as principais doenças crônicas não
transmissíveis.
Esta sexta-feira, 26 de abril, é marcada por ser o Dia
Nacional de Combate à Hipertensão Arterial. A data é uma oportunidade para
lembrar que as doenças crônicas – sobretudo as cardiovasculares - podem ser
prevenidas ou controladas, de forma que os pacientes possam viver com
qualidade. Para isso, é preciso conhecer a doença e tratá-la de forma correta,
completa e contínua, seguindo as recomendações médicas à risca.
Para o Dr. Marcelo Sampaio, cardiologista e membro do
comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, um dos motivos da
baixa adesão ao tratamento no caso das doenças cardíacas é a falta de percepção
do que é uma doença crônica. "A maior parte das pessoas acredita que o
processo de tratamento é sempre pontual, com cirurgias ou remédios. Doença do
coração é de tratamento permanente", esclarece o médico.
Segundo ele, chama-se de adesão ao tratamento a medida com
que o comportamento de um paciente corresponde às recomendações de um
profissional de saúde, como tomar a sua medicação, seguir a dieta e/ou mudar
seu estilo de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o
comprometimento do paciente com tratamento de longo prazo em países
desenvolvidos é em torno de 50%; em países em desenvolvimento as taxas são
ainda menores.
“O tratamento de uma doença crônica vai além da
prescrição medicamentosa. O controle desses problemas exige mudanças de
hábitos, que representam o nosso maior desafio”, explica Dr. Sampaio. Isso
porque, o paciente sente a necessidade de tomar o remédio e, por isso, ele
cumpre a orientação na maioria das vezes. Porém, acordar cedo para fazer
exercício físico ou mudar a dieta é muito mais complicado porque envolve
problemas culturais e história de vida.
Mudar essa cultura também demanda uma mudança de postura
dos médicos. "O médico não pode usar um tom processual, de comando. Tem
que ser parceiro, tentar entender por que o paciente largou o tratamento,
fazê-lo compreender que os dois estão juntos nessa caminhada. O resultado ruim
de um, é ruim para o outro. Se você coloca dessa forma, o grau de adesão e de
cumplicidade é muito maior", afirma Dr. Sampaio.
Além disso, o papel da família também é importante. A
adaptação ao novo estilo de vida pode ficar mais fácil quando todos que
convivem com o paciente se propõem a mudar junto com ele. "Fazer
atividade, dieta, largar o cigarro, tudo que é indicado para o paciente crônico
beneficia não só ele, mas qualquer um que busque um estilo de vida mais
saudável. Uma boa saída é fazer gincanas e desafios em casa. Ser parceiro e ser
solidário", recomenda.
Os
riscos da interrupção do tratamento
Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crônicas não
transmissíveis são responsáveis por 63% das mortes no mundo. No Brasil, são a
causa de 74% dos óbitos.
Em
alguns casos, pacientes interrompem o tratamento por conta própria quando estão
se sentindo bem, livres de sintomas. Dr. Sampaio alerta que esse comportamento
é altamente nocivo para sua saúde.
"Quando
você trata uma doença, cria-se um bloqueio para as ações danosas e quando esse
bloqueio é interrompido subitamente, com o cessar do tratamento, essas ações
vêm com toda a força. Tudo o que foi bloqueado para proteger o paciente ganha
uma grande avidez de ação e isso causa não só a perda dos efeitos protetores
construídos ao longo de todo o tratamento, como pode retroceder e piorar o
quadro", finaliza o médico.
Instituto
Lado a Lado pela Vida
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