Bombinha vicia? Faz mal para
o coração? Tem que usar a vida inteira?
Com a chegada do outono, as crises de asma
são mais frequentes. Pensando nisso, a pneumologista pediátrica do Sabará
Hospital Infantil, Dra. Maria Helena Bussamra, esclarece as dúvidas mais comuns
que rondam pais e familiares dos pequenos sobre a doença.
Asma
e bronquite são a mesma coisa?
Sim. A asma é uma doença que tem muitos
apelidos: bronquite, bronquite alérgica, bronquite asmática, broncoespasmo. Mas
o nome correto é asma. Se a criança tem episódios de tosse, chiado no peito ou
falta de ar que acontecem na virada do tempo, junto com resfriados, quando faz
exercício físico ou piora na madrugada, é muito provável que seja asmática.
Isso acontece porque existe uma predisposição alérgica na família, as vias
aéreas ficam inflamadas e sensíveis aos mais variados estímulos do ambiente: ar
seco, poluição, vírus respiratórios, poeira, mofo, pólen e até alimentos.
Quando acontecem esses estímulos as vias aéreas se fecham e produzem secreção.
Aí aparecem os sintomas, com intensidade variável. Desde uma tosse seca
irritativa até uma falta de ar extrema que pode levar o paciente a precisar de
uma internação em terapia intensiva.
Bombinha
faz mal para o coração?
Primeiro precisamos esclarecer o que é uma bombinha.
Naquele frasco pressurizado é possível colocar vários tipos de medicamento para
tratamento de doenças respiratórias. Quando a medicação é liberada, o jato tem
uma quantidade bastante precisa do medicamento e tem a capacidade de atingir
profundamente os pulmões. Devemos encarar a bombinha como um inalador muito
eficiente para levar medicamentos aos pulmões.
Os broncodilatadores são medicamentos muito
utilizados no tratamento da asma. São medicamentos que literalmente abrem os
brônquios para facilitar a passagem do ar. Agem rapidamente e aliviam a falta
de ar. São muito eficientes. Entretanto, todos os broncodilatadores causam um
aumento transitório dos batimentos cardíacos. Esse efeito é muito bem tolerado
nas crianças e não contraindica o uso desses medicamentos, mesmo em pacientes
com problemas cardíacos. Essa sensação de “batedeira no peito” ou “coração
acelerado” dura menos do que 30 minutos e não traz nenhum prejuízo ao coração.
Também não tem nenhum efeito cumulativo.
Bombinha não faz mal para o coração!
A bombinha vicia?
Não. Se o paciente tem asma ele precisa de tratamento. O tratamento é contínuo e prolongado. A ideia é controlar a inflamação que existe nas vias aéreas e torná-las menos sensíveis aos estímulos do ambiente. Assim a criança enfrenta as variações climáticas e os resfriados sem apresentar uma crise. Consegue realizar as atividades físicas sem limitações, tem uma noite de sono tranquila. O tratamento é feito com doses bem pequenas de corticoides por via inalatória. Então utilizamos as bombinhas para administrar esses medicamentos com facilidade e eficiência. Como o tratamento é prolongado, existem bombinhas para uso diário, como qualquer outro problema de saúde de evolução crônica. Assim, usar bombinhas todos os dias não significa que seu filho está viciado nelas, significa apenas que está tratando uma doença pulmonar de forma rápida e segura, mandando o medicamento diretamente aos pulmões.
Bombinha não vicia! Bombinha trata uma doença
crônica.
A
criança precisará usar a bombinha para o resto da vida?
Muito provavelmente, não. A história natural
da asma é de que as crianças são muito sintomáticas na primeira infância e com
o crescimento pulmonar, a maturidade imunológica e o próprio tratamento, a
doença entra em longos períodos de remissão de sintomas. Assim, o paciente,
apesar de continuar alérgico, deixa de apresentar sintomas pulmonares e
consegue permanecer longos períodos sem necessidade de tratamento contínuo. Por
isso, é muito importante fazer o acompanhamento médico especializado para
descobrir qual a menor dose de medicamento que mantém a criança estável e até o
momento adequado de suspender o tratamento medicamentoso.
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