quinta-feira, 28 de março de 2019

Método inovador usa temperatura corporal para investigar dores


Termografia ajuda a diagnosticar doenças crônicas, como fibromialgia


A realidade de quem sofre com dores constantes pode ser ainda mais incômoda quando o paciente não consegue encontrar a causa do problema, mesmo após passar por diversos especialistas e tratamentos. Saída inovadora para esse caminho doloroso, a termografia é um método que capta os raios infravermelhos emitidos pelo corpo e ajuda a identificar, pelas variáveis da temperatura, a origem da dor.

O método não emite radiação, é indolor e não invasivo, sem restrições para crianças e gestantes. Ao realizar o exame, o termografista capta as imagens infravermelhas do corpo do paciente com uma câmera especial, que registra o calor e reflete aspectos anormais do organismo a partir das zonas de temperatura.

"A termografia é um método diagnóstico que vem somar aos demais métodos de imagens no diagnóstico de várias doenças, pois acrescenta informações funcionais inflamatórias em tempo real", explica a dermatologista Cláudia Sá, do Rio de Janeiro, que é pós-graduada em Termologia e Termografia Médica pela Universidade de São Paulo (USP) e membro efetivo da Associação Brasileira de Termologia (Abraterm) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).



Relação entre patologias


A termografia é 
comprovadamente eficaz para auxiliar médicos a investigar dores de origem neurológica, vascular ou inflamatórias. A médica explica que o exame mostra, ainda, como uma área alterada do corpo pode influenciar negativamente a outra, as chamadas comorbidades. As dores sentidas pelo paciente podem ser, na realidade, um conjunto de alterações que, quando combinadas, dificultam o diagnóstico por outros métodos.

"A pessoa pode ter um problema de coluna que gera a inflamação de uma raiz nervosa sensitiva, combinada com uma inflamação de tendões ou ainda apresentar neuropatia diabética, que acentua todos os sintomas. Os tratamentos devem ser integrados e multidisciplinares, por isso o diagnóstico preciso é fundamental. Várias equipes de pesquisadores estudam a área e há muitas orientações tanto no site da ABRATERM como na American Academy of Thermology", diz Cláudia Sá.

Entre as patologias que têm o diagnóstico revolucionado pela termografia estão problemas ortopédicos (artrites, tendinites, bursites e fascites plantares), a fibromialgia, disfunção da ATM, síndromes miofasciais, hérnia de disco lombar e cervical, cefaleias, entre outras. Na dermatologia, a termografia é muito eficaz na avaliação dos pés, principalmente para quem tem micose de unha crônica, em que várias doenças concorrem para o aparecimento dessa alteração.


Para bebês e pets

Os recém-nascidos também fazem parte do grupo especialmente beneficiado pelo método, já que um dos grandes problemas dos bebês prematuros é a perda de calor. A monitorização precisa da temperatura corporal pela termografia pode trazer informações sobre a dissipação de calor, necessidade de aquecimento ou ativar o metabolismo do bebê com muita precisão.

O método é utilizado também por veterinários, pois acrescenta aos exames de radiografia elementos que indicam se há inflamação na área examinada. Devido à dificuldade de comunicação dos animais, o processo é de ganha mais importância, inclusive permite que a inflamação seja descoberta antes da evolução da dor.

Os resultados e avanços da termografia fizeram com que o tema fosse escolhido para dois dias do 14° Congresso Brasileiro de Dor, realizado pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. O evento acontecerá em São Paulo, no Centro de Convenções Frei Caneca, entre os dias 19 e 22 de junho. Mais informações podem ser obtidas pelo site http://sbed.org.br/.


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