sábado, 30 de março de 2019

Endometriose: cresce o número de casos na população feminina



A doença afeta 176 milhões de mulheres no mundo, sendo responsável pela metade dos casos de pacientes que não conseguem engravidar


O mês de março foi escolhido por médicos e portadores de endometriose de todo o mundo, para levar informação e conscientização da doença que incapacita tantas mulheres para o trabalho, prejudicando muito a sua qualidade de vida. De caráter crônico e ainda sem causas definidas, a endometriose vem crescendo em números de casos na população feminina, sendo classificada como a doença da mulher moderna.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que no Brasil, 15% das mulheres ou sete milhões, sofrem com a endometriose.  A doença – que atinge uma a cada dez em idade reprodutiva, com idades entre 15 e 45 anos – afeta 176 milhões de mulheres no mundo, sendo responsável pela metade dos casos de pacientes que não conseguem engravidar.

Segundo o ginecologista e coordenador do Núcleo Integrado de Pesquisa e Tratamento da Endometriose do Hospital Felício Rocho, João Oscar de Almeida Falcão Junior, o endométrio é a parte interna do útero que cresce todo o mês, esperando uma gravidez e quando isso não acontece, esse local descama e a mulher menstrua. “Se o endométrio está dentro da cavidade, podemos identificar uma situação normal, mas se ele sai da cavidade uterina e infiltra em outros locais do corpo feminino, como as trompas, ovário, intestino e bexiga, isso pode ser nominado como endometriose”, esclarece.

Dentre seus principais sintomas estão as cólicas menstruais intensas; fluxo menstrual exacerbado ou irregular; dor crônica na região pélvica; fadiga e exaustão; dor no fundo da vagina, na bexiga ao urinar, e durante os movimentos intestinais; desconforto durante a relação sexual; inchaço; náuseas; vômito; constipação; diarreia; e dificuldade para engravidar ou a infertilidade.

João Oscar explica que ao serem diagnosticadas com a doença, muitas mulheres ficam perdidas na procura por tratamento, pois ela atinge várias partes da região pélvica e se comporta de maneira diferente em cada paciente, assim se torna necessário um atendimento multidisciplinar e especializado. “Por mais que o ginecologista seja a referência da mulher para as questões de saúde, em especial para a endometriose, é necessário muitas vezes uma abordagem que vai exigir a atuação de um proctologista, urologista ou de outros profissionais. Então, o objetivo do núcleo é oferecer um espaço em que as pacientes tenham fácil acesso a estes especialistas, sendo atendida em todas as suas necessidades para o tratamento da doença”, aponta.

De acordo com o ginecologista, os sintomas da dor nas mulheres com endometriose podem se manifestar de variadas maneiras e intensidades. Assim, mesmo que as lesões dentre as pacientes sejam parecidas, os sintomas costumam se apresentar de formas diferentes, e isso, dificulta muito o diagnóstico da doença. “Eu costumo falar, que existem pacientes que tem a endometriose mínima e super sintomática, apresentando desconforto nas relações sexuais e dificuldade para engravidar, mas ao mesmo tempo, também existem pacientes que possuem várias lesões da endometriose e não sentem nada, conseguem engravidar e ter uma vida completamente normal”, comenta.

João Oscar, explica que a endometriose, ainda que apresente o comportamento infiltrativo, é benigna e não tem possibilidade de se desenvolver como um tumor maligno. “Assim como o câncer, a endometriose pode começar de um determinado ponto e invadir outras áreas do corpo, mas diferente do câncer, a endometriose não é maligna. O diagnóstico precoce da doença aumenta as chances de se evitar as complicações do desenvolvimento dessa infiltração”.

O tratamento da doença pode ser medicamentoso – por meio do uso de analgésicos, anti-inflamatórios, progestágenos, pílulas de baixa dose, análogos de GNRH ou DIU Mirena – ou cirúrgico de forma aberta, videolaparoscópica ou robótica. Conforme o ginecologista, a cirurgia consiste basicamente na retirada das lesões de endometriose, e isso pode implicar na retirada parcial ou integral de um órgão. “O tratamento da endometriose depende extremamente dos anseios das pacientes e de seus sintomas. “Existem mulheres que querem muito engravidar, mas como não aguentam as dores, optam pela cirurgia. No entanto, dependendo da área afetada, a cirurgia pode danificar ou retirar órgãos essenciais para uma possível gravidez”, afirma.

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