Após
mais de dois anos em debate, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou o
uso da Telemedicina no Brasil, por meio da Resolução 2.227/2018. A proposta
ainda está aberta a receber sugestões até o dia 7 de abril, especialmente dos
Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), de médicos e de outras entidades
interessadas. Oficialmente, a norma só entrará em vigor no mês de maio, mas já
está despertando dúvidas e muito interesse por parte das administrações
públicas e dos próprios profissionais.
Composta
por 23 artigos, a regulamentação traz uma série de princípios e regras que
devem ser respeitados. Em tese, ela será permitida após consulta presencial
inicial ou se o paciente estiver em locais remotos e de difícil acesso. “À
medida que mais pacientes se tornam proativos sobre o uso de tecnologia para
gerenciar sua saúde, eles também estarão mais abertos a novas alternativas para
se cuidar através da telemedicina. É uma evolução natural dos cuidados de saúde
no mundo digital. A cada dia, torna-se mais indiscutível a capacidade que ela
tem de melhorar a qualidade, a equidade e a acessibilidade”, diz um texto na
Resolução apresentando as razões para introduzir o conceito no país.
É
inegável que se trata de um inevitável avanço para a medicina brasileira.
Aliás, os principais países do mundo já usam o modelo como uma ferramenta de
acesso à saúde e para a redução de custos. Além disso, é uma excelente
ferramenta para viabilizar os sistemas de saúde e otimizar o tempo médico,
gerando benefícios para todos os envolvidos e colocando o Brasil em linha com
as boas práticas adotadas por outras nações.
Uma
pesquisa realizada pela consultoria Towers Watson mostrou que o potencial de
economia da Telemedicina nos Estados Unidos seria de US$ 6 bilhões por ano para
as empresas. Na Inglaterra, um programa de telemedicina, que envolveu 6 mil
pacientes (sendo 3 mil deles com diabetes, problemas cardiológicos ou
pulmonares) e 238 médicos, apontou benefícios para todos os envolvidos. Uma
redução de, ao menos, 8% nas tarifas e um potencial de queda de 45% nas taxas
de mortalidade; de 20% nas admissões por emergências; de 14% nas consultas eletivas;
e de 15% no atendimento a acidentes e emergências.
No
entanto, não se trata somente de regulamentar e esperar que o sistema funcione
de forma adequada. Os médicos precisam se capacitar para dar conta dessa nova
demanda: há uma diferença clara entre querer atuar com a telemedicina e saber
fazê-la. Nesse sentido, é preciso um treinamento em diversas frentes por parte
dos profissionais, como no uso de equipamentos específicos e em aspectos
estruturais para o funcionamento adequado, como em informática e no manejo da
internet. De alguma forma, o médico precisa criar contingências e meios para
que o paciente receba a melhor assistência possível via vídeo.
Fabio
Tiepolo - especialista em tecnologia e ganhou destaque nacional ao lançar o
aplicativo médico Docway (www.docway.co).
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