sábado, 2 de fevereiro de 2019

Após quatro anos, índice de intenção de consumo das famílias ultrapassa 100 pontos e volta ao nível de satisfação


 Segundo a FecomercioSP, indicador avançou 6,5% em relação a dezembro e 5,4% no comparativo anual
 

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) chegou a 101 pontos em janeiro, ante os 94,8 pontos registrados em dezembro, alta de 6,5%. Assim, o ICF voltou à área de satisfação das condições econômicas das famílias após quase quatro anos. A última vez que o índice havia ficado acima dos 100 pontos foi em abril de 2015 (100,1 pontos) – o patamar atual é o maior desde março do mesmo ano (105,7 pontos). Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um avanço de 5,4%, quando o índice marcava 95,8 pontos.

O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação, e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.

Todos os sete itens analisados obtiveram aumento em janeiro, com destaque para Perspectiva de consumo, que atingiu o maior patamar desde abril de 2014: de 100,9 pontos em dezembro para 108,6 pontos em janeiro, alta de 7,6%. No mês, foram 39,4% dos que responderam que os gastos de suas famílias e da população em geral devem ser maiores nos próximos meses, alta de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com a pesquisa, apesar dessa satisfação em médio e longo prazos, no curto prazo ainda há um grande receio, mas que vem se reduzindo nos últimos meses. O item Nível de consumo atual cresceu 9,9%, a maior variação no mês, e atingiu os 68,8 pontos, maior valor desde abril de 2015. Atualmente, são 48,8% dos paulistanos que dizem que estão gastando menos do que há um ano, enquanto esse porcentual em janeiro de 2018 era de 54,2%.

Já o item Renda atual subiu 6,6%, ao passar de 101 pontos em dezembro para 107,7 pontos em janeiro, maior patamar desde abril de 2015. Segundo a FecomercioSP, com a injeção do décimo terceiro salário somada à inflação controlada, os paulistanos estão mais satisfeitos com o seu nível de renda – 37% avaliam que a renda familiar está melhor em comparação ao mesmo período do ano passado, 5,5 pontos porcentuais acima do registrado em janeiro de 2018.

Para a Entidade, com o quadro da economia relativamente menos instável, a segurança de pagamento do consumidor aumenta, o que facilita a contração de empréstimos. Dessa forma, o item Acesso ao crédito chegou aos 97,1 pontos em janeiro, ante os 91,3 pontos em dezembro, alta de 6,3%. Em comparação a janeiro de 2018, houve aumento de 6,4%. Apesar de ainda estar na área de insatisfação (abaixo dos 100 pontos), em um ano, reduziu de 41,3% para 36,3% os que responderam que está mais difícil conseguir empréstimo para comprar a prazo.

A Federação lembra que o crédito é essencial para aquisição de bens como geladeira, fogão, televisores etc. E ainda se aproveitando da Black Friday, das compras de Natal e das liquidações de início de ano, os consumidores estão melhorando a percepção de que é um bom momento para a compra desses produtos. O que também refletiu para o aumento do item Momento para duráveis, que passou de 70,2 pontos em dezembro para 77 pontos em janeiro, alta de 9,7% – melhor patamar desde abril de 2015. Entretanto, 58,6% dos entrevistados ainda afirmaram que é um mau momento para realizar esse tipo de compra, 3,9 pontos porcentuais (p.p.) abaixo do visto há um ano.

Os paulistanos continuam se sentindo mais seguros nos seus empregos. O item Emprego atual subiu de 114,6 pontos em dezembro para 120,4 pontos registrados em janeiro, alta de 5%, maior patamar desde abril de 2015. O item Perspectiva profissional também apontou alta de 3,6%: de 123,1 pontos em dezembro para 127,5 pontos em janeiro. Foram 38,2% os que disseram estar seguros nos cargos atuais e 60,2% que responderam que acham que o responsável pelo domicílio terá uma melhoria profissional dos próximos seis meses. Há um ano, essas variações eram de 31,6% e 52,2%, respectivamente.

 
Faixa de renda

Na análise por faixa de renda, houve crescimento em ambos os grupos, com destaque para renda superior a dez salários mínimos (SM), alta de 8%: de 103,1 pontos em dezembro para 111,3 pontos em janeiro, maior patamar desde abril de 2014. No grupo com renda abaixo dos dez SM, a alta foi de 6%, ao passar de 92 pontos em dezembro para os 97,5 atuais. Contudo, ainda permanece na área de insatisfação, abaixo dos 100 pontos.

 

A FecomercioSP avalia que o resultado de janeiro é um reflexo de vários eventos positivos de fim de ano, tais como: Black Friday, injeção do décimo terceiro salário, compras de Natal, oportunidades de liquidações de início de ano, melhora relativa no mercado de trabalho, inflação controlada, maior confiança de consumidores e empresários pós-eleição, entre outros.

Segundo a Federação,  expectativa é de que o ICF continue avançando até achar o seu novo patamar de acomodação. Essa ultrapassagem dos 100 pontos foi muito importante, pois significa que as famílias paulistanas, em sua maioria, estão satisfeitas com as suas condições econômicas. Assim, os efeitos positivos para o varejo serão vistos já no curto prazo. Aos poucos o indicador vai reconquistando os patamares vistos antes da crise.


Metodologia

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego atual; perspectiva profissional; Renda atual; Acesso ao crédito; Nível de consumo atual; Perspectiva de consumo; e Momento para duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima de 100 pontos é denotado como satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias e para as instituições financeiras.

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