sábado, 2 de fevereiro de 2019

Alimentação incorreta de crianças e adolescentes nas escolas pode influenciar obesidade


Atualmente no Brasil, 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos estão obesos


O Brasil se prepara para receber cerca de 36 milhões alunos em suas escolas públicas e privadas em 2019, segundo o senso escolar do MEC, divulgado em 31 de janeiro deste ano. Nesse ambiente de aprendizado existe um risco eminente à saúde que acaba fugindo aos olhos dos professores e até mesmo dos pais: a alimentação dos alunos.

Especialistas alertam que bons hábitos alimentares em escolas são imprescindíveis para a educação alimentar e a saúde dos jovens. “Não adianta ter uma dieta balanceada em casa se a criança ou o adolescente chega na escola e acaba comendo alimentos calóricos. A fuga dessa rotina alimentar pode criar reservas de energia excessivas no organismo, acarretar o acúmulo de gordura e até mesmo causar obesidade”, alerta Dr. Henrique Eloy, médico clínico geral, especialista em cirurgia e endoscopia bariátrica e gastroenterologia.

Na maioria dos casos, as lanchonetes de escolas vendem alimentos embalados, processados, industrializados, refrigerantes e frituras. São exatamente esses os exemplos que devemos instruir as crianças a não consumirem. “Hoje no Brasil 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos estão obesos. Boa parte dessa responsabilidade se refere a má alimentação nas escolas”, comenta Dr. Henrique.

Mas, o perigo não está apenas nos ambientes de ensino. Ele também pode vir de casa. “Muitas vezes, por causa da falta de tempo, os pais preferem o fast food nas lancheiras por ser mais prático, rápido e barato. Vejo também que para tentar satisfazer a vontade dos filhos, alguns pais acabam cedendo e colocando biscoitos recheados, sucos de caixinha, balas, doces e até mesmo sanduíches nas lancheiras, ao invés de frutas e alimentos naturais. Essas atitudes são abomináveis porque é um incentivo tremendo para o mau hábito alimentar”, alerta o médico.

São muitas orientações que podem contribuir para modificar esse quadro e revertê-lo de forma positiva. “Os pais precisam ficar em cima. É bom visitar a cantina da escola dos filhos para conhecer o cardápio, quem o prepara e quem serve os alimentos aos alunos. Uma outra dica envolver as crianças no preparo do lancheira e mostrar o porquê da escolha de determinado alimento. Seja sincero e incentive o filho a comer melhor”, orienta Dr. Henrique.

Enquanto isso, a escola também tem um papel indispensável. “A Instituição pode fornecer mais informações sobre como cultivar uma alimentação saudável e a importância disso. Pode trabalhar a alimentação no currículo escolar e ofertar maior esclarecimento do que está sendo servido e os aditivos nutricionais desse alimente. E deve tentar compreender os hábitos alimentares dos alunos em casa para levantar as possíveis restrições alimentares e oferecer um cardápio que não os exclua”, orienta. “Sim, é trabalhoso! Mas ao tratar a saúde de crianças e adolescentes não podemos afrouxar”, conclui.


Obesidade preocupante

Segundo os dados mais recentes revelados pela Organização Mundial da Saúde, no último trimestre de 2017, eram cerca de 124 milhões de crianças e adolescentes acima do peso no mundo. Esse registro compreende a faixa etária entre 05 e 19 anos e para se ter ideia do quão catastrófico esses números são, na década de 70, o senso dessa população foi de 11 milhões. E, ainda segundo o relatório, se as tendências dos últimos anos continuarem, logo em 2022 haverá no mundo mais crianças e adolescentes com obesidade do que abaixo do peso.

“Uma criança ou um adolescente acima do peso dificilmente irá conseguir reverter essa situação na fase adulta. Esse é um problema que pode ser uma bola de neve. Uma vez que a obesidade pode acarretar inúmeras doenças e complicações no corpo humano como problemas ósseos, problemas circulatórios e até mesmo o câncer. Isso sem mencionar que certamente a obesidade em escolas é um exponencial para bullyng – uma situação que pode desenvolver problemas psicológicos graves nas crianças, as vezes irreversíveis pelo resto da vida”, explica Dr. Henrique.


06 dicas para lanches mais saudáveis por Dr. Henrique Eloy


Cuidado com as quantidades: “Uma criança não precisa de grandes porções na lancheira. Primeiro porque o tempo que a criança tem para comer nas escolas é curto. Portanto, os pais precisam de compreender bem o quanto o filho necessita de se alimentar e enviarem a quantidade ideal de alimento. Quem come o suficiente não engorda”.


Esqueça sucos industrializados: “Essas bebidas são repletas de açúcar e evoluem muito a probabilidade da obesidade. Se os país não puderem enviar suco natural sem açúcar, ou uma água de coco natural, é preferível que coloquem apenas água ou leite”.


Não deixe faltar: “A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é para que a composição seja assim: um líquido para repor perdas em atividades físicas, uma fruta que a criança goste de comer, um tipo de carboidrato para fornecer energia preferencialmente integral e de repente um derivado do leite. Lembrando que é bom fugir de alimentos com açúcar em excesso e industrializados”.


Tente inserir alimentos novos: “Antes de incluir o lanche na lancheira, dialogue com a criança. Explica para ela o quanto um alimento ou outro pode fazer bem para ela. Dê uma pequena porção desse alimento para ela em casa. Prove que ele é bom e a induza aceita-lo. O primeiro contato não precisa de ser na escola”.


Momento do lanche é para socializar também: “Durante esse tempo do recreio, a criança aprende a socializar, a compartilhar, experimentar novos alimentos que muitas vezes podem estar na lancheira do coleguinha. Apenas induza seu filho a não exagerar, comer alimentos saudáveis e a não comer além da vontade. Trabalhe para que esse momento seja divertido – dessa forma ele terá prazer em desfrutar da boa alimentação sugerida pelos pais”.


O Exemplo vem de casa: “Seja sincero e incentive o seu filho a comer melhor. Inclusive, seja par ele um exemplo. Evite fast food, comidas altamente calóricas e que podem desenvolver a obesidade. O filho sempre acaba seguindo os passos dos pais e se esses passos forem numa boa direção, a criança irá segui-los”.


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