Em um momento onde falamos muito sobre
inovação, pensamento disruptivo, mudança de mindset, questiono se os departamentos jurídicos das
empresas estão preparados para absorver todas as possibilidades geradas pela
tecnologia no mercado jurídico.
A inovação no departamento jurídico é
medida que se impõe e a expansão no mercado de LAWTECHS, especialmente
após a implantação do processo eletrônico no Brasil, vem demonstrando que
estamos caminhando para o uso da tecnologia no mundo jurídico.
Para quem não sabe, as lawtechs ou
legaltechs são abreviação de Legal Technology – law (advocacia) e technology (tecnologia),
são empresas que desenvolvem soluções para facilitar a rotina dos advogados,
conectar cidadãos ao direito e mudar a forma de atuação do Poder Judiciário.
Assim como as fintechs – financial (finanças)
e technology (tecnologia) – fizeram com o setor
financeiro e bancário no Brasil, as lawtechs já revolucionam o mercado
jurídico.
No Brasil, em 2017, foi criada uma
entidade congregando as empresas que desenvolvem tecnologia e inovação na área
jurídica, a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L).
O objetivo desta
entidade é apoiar a inovação integrando profissionais da área tecnológica e
jurídica, além de produzir estudos e pesquisas que forneçam informação
relevante ao mercado e atuar junto à administração pública para estimular a
adoção de novas ferramentas e tecnologias.
Pesquisa recente
produzida pela AB2L mostrou que 95% dos escritórios de advocacia estão abertos
às inovações que solucionem seus problemas e 62% já procuram serviços
customizados de tecnologia.
Recentemente, em São Paulo, foi
inaugurada a Future Law Innovation Center, com foco nas lawtechs, startups de
tecnologia com atuação no campo do direito. O centro é o primeiro a ser
patrocinado pela Thomson Reuters na América do Sul, mas existem outros seis centros
de inovação apoiados pela empresa e espalhados pela Ásia, Europa e Estados
Unidos.
Ainda teremos
muitos desafios pela frente, visto o tradicionalismo da nossa profissão, ou
mesmo a cultura da empresa, mas é fundamental que os gestores já estejam alinhados
com as novas possibilidades.
A tecnologia a serviço do direito
Problemas que
antes era difíceis de serem solucionados, ficaram no passado, ultrapassados
pelos avanços da tecnologia. Um bom exemplo disso são as revelias causadas pelo
recebimento de citações em filiais ou lojas das grandes empresas.
Hoje, já é
possível contratar um sistema que monitora, 24 horas por dia, a distribuição de
ações nos Tribunais brasileiros. Com é possível ter ciência da demanda antes
mesmo do recebimento da citação, permitindo uma análise mais detalhada para
realizar uma boa defesa ou acordo, além de extinguir as revelias, uma imensa
fonte de problemas para departamentos jurídicos e escritórios de advocacia.
Para a maioria das
empresas localizadas nos grandes centros, o caso acima não é novidade, mas a
oferta de produtos e serviços é muito ampla. Veja:
· Resolução de conflitos online: serviços que
oferecem mediação, negociação e arbitragem de acordos online;
· Analytics e jurimetria: plataformas
que oferecem estatísticas e análise de dados no setor jurídico;
· Automação e gestão de documentos e
informações: softwares que automatizam documentos jurídicos e
fazem a gestão do ciclo de vida de contratos e processos.
Tenho claro que o
trabalho na área do direito será fortemente impactado pela tecnologia nos
próximos anos e os advogados terão que se adaptar à nova realidade para
encontrar novas oportunidades.
Parodiando o
naturalista britânico Charles Darwin:
Sobreviverão os
mais adaptáveis!
E você? Já está
preparado para a nova realidade?
Luiz
Felipe Tassitani - advogado sênior na Sompo Seguros S/A, especialista em Direito
Processual Civil pela Universidade Mackenzie, com MBA em Seguros e Gestão
Jurídica Estratégica pela FIA - Fundação Instituto de Administração.
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