terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Hormônios do Apetite Mitos e Verdades


Até a segunda metade do século 20, a desnutrição foi nosso principal problema de saúde pública; hoje, é a obesidade. Cerca de 18,9% dos brasileiros adultos são obesos, e outros 30% estão acima do peso saudável. Portanto, cerca de 50 milhões de pessoas deveriam perder peso para evitar doenças como ataques cardíacos, derrames cerebrais, diabetes, reumatismos e alguns tipos de câncer.
A fome é controlada por hormônios que controlam o apetite e o metabolismo que a curto ou longo prazo agem predominantemente numa região do hipotálamo conhecida como núcleo arqueado, o centro no qual reside o controle-mestre dos sistemas regulatórios. Para o núcleo arqueado convergem dois tipos de neurônios que exercem ações opostas: estimulação e inibição do apetite.
A vontade de comer que sentimos resulta de um equilíbrio ajustado entre esses circuitos antagônicos regulados por hormônios.

Você conhece cada hormônio que controla o apetite? Dra. Tassiane Alvarenga Endocrinologista e Metabologista formada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apresenta cada um e desmitifica os seus mitos e verdades.


Comemos apenas quando estamos com fome- MITO

De acordo com a especialista a fome é uma sensação fisiológica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades diárias de nutrientes. O ato de ingerir alimentos é causado por uma série  de estímulos (ou sinais). Entre eles está à diminuição no organismo, da quantidade de nutrientes como glicose, aminoácidos, gordura ou mesmo a diminuição da temperatura interna. O que estimula a produção de um hormônio no estômago chamado GRELINA. Chega até o cérebro e ativa toda uma cascata endocrinológica que motiva o apetite.
“Tudo começa com aquela sensação de estômago vazio, a queda da glicose no sangue e a queda da temperatura corporal, estímulos para a produção de GRELINA. Este é o único hormônio periférico com função de aumento do apetite. A grelina é muito importante para o controle do apetite- este hormônio é produzido no estômago e intestino delgado, com um pouco dele sendo liberado no pâncreas e no cérebro. É chamado de "hormônio da fome" devido ao seu papel no controle do apetite, mas essa é apenas uma das suas funções”. Explica Dra. Tassiane.


Temos apenas um hormônio produzido no nosso trato intestinal que gera a fome- Grelina. Todos os outros geram saciedade. VERDADE

O GLP1 é produzido pelas células L do íleo e cólon diante da chegada de alimentos nessa porção do intestino. O GLP1 exerce diversas funções como: redução do esvaziamento gástrico e ativação das áreas do cérebro relacionadas a  saciedade, além de diminuir o paladar para alimentos de alta densidade calórica.  “A meiavida do GLP1 endógeno é de apenas 5 min. Existem no mercado atualmente os análogos de GLP-1 que tentam imitar a ação deste hormônio promovendo saciedade, reduzindo gula, e reduzindo o apetite por coisas gostosas”. Conta a especialista.

O Peptídio YY (PYY) é produzido pelas células L intestinais, presentes principalmente no cólon e reto, a partir da chegada de alimentos gordurosos nessa porção do intestino. De forma semelhante ao GLP-1, o PYY inibe vias da fome e estimula vias da saciedade. Por fim, Colecistocinina (CCK) hormônio produzido também pelas células L do trato gastrintestinal que diante da chegada de gordura e proteína nessa porção do intestino estimula a secreção de enzimas digestivas pancreáticas e a secreção biliar, inibindo o esvaziamento gástrico e o apetite diretamente.


Pacientes obesos tem muita Leptina, que é um hormônio da saciedade, mas ela não funciona. Verdade

A leptina é um dos hormônios diretamente ligados à gordura corporal e à obesidade. É liberado pelas células de gordura e envia sinais para o hipotálamo, ajudando a regular e alterar a ingestão de alimentos em longo prazo e o gasto de energia. Se o indivíduo engorda, os níveis de leptina aumentarão. 
O que a leptina faz? A leptina pode ser chamada de hormônio da saciedade, pois ajuda a inibir a fome e a regular o equilíbrio energético, de modo que o corpo não desencadeia respostas de apetite quando não precisa de energia. No entanto, quando os níveis do hormônio caem (acontece quando um indivíduo perde peso), os níveis mais baixos podem desencadear enormes aumentos de apetite e compulsão. Isso, por sua vez, pode tornar a perda e manutenção de peso mais difícil.

“Quando o corpo está funcionando corretamente, as células com excesso de gordura produzirão leptina, o que estimulará o hipotálamo a diminuir o apetite. Infelizmente, quando alguém é obeso, apesar de ter muita leptina no sangue, pela inflamação da obesidade, esta leptina não consegue agir direito, uma condição conhecida como resistência à leptina: ou seja, a via da saciedade não funciona.” Explica Dra. Tassiane Alvarenga. 

          
Comer vicia? Parcialmente verdade

Todos tem outro tipo de apetite conhecido como apetite hedônico que está relacionado ao prazer de comer - ativa o sistema de recompensa cerebral (fome hedônica) relacionado ao prazer e faz o individuo comer sem fome. Neurocientistas concluíram que a sensação de felicidade tem origem no cérebro mais especificamente nos centros do prazer. Uma Complexa rede de neurônios que é ativada ao realizar atividades que trazem felicidade.




Dra. Tassiane Alvarenga - Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU; Residência Médica em Clínica Médica pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Residência Médica em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM USP); Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia- SBEM; Membro da Endocrine Society, SBEM e ABESO; Faz parte do Corpo Clínico  da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Sobrepeso e Obesidade. Compulsão Alimentar e Ansiedade; Obesidade Infantil; Diabetes Mellitus e Pré Diabetes: Controle da glicemia e prevenção de complicações como Retinopatia , Neuropatia , Nefropatia , Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC); Dislipidemias ( Colesterol); Doenças da tireoide ( Hipo e Hipertireoidismo, Nódulos na Tireóide); Osteopenia e Osteoporose; Seguimento pré e pós operatórios de cirurgia bariátrica; Check-up e Avaliação de rotina; Baixa Estatura; Distúrbios da Menstruação, Distúrbios da Puberdade, Crescimento e Desenvolvimento sexual; Síndrome dos Ovários Policísticos; Reposição hormonal na Menopausa e Andropausa.

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