O tratamento da
leucemia obteve grandes avanços com o auxílio de terapias alvo específicas, o
transplante de medula óssea e a terapia com células CAR-T
Para o Brasil, segundo dados do INCA- Instituto
Nacional do Câncer, estimam-se 5940 casos novos de leucemia em homens e 4860 em
mulheres para cada ano do biênio 2018-2019. Esses valores correspondem a um
risco estimado de 5,75 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos
para cada 100 mil mulheres, ocupando a 9ª e a 10ª posições respectivamente
entre os cânceres.
O Hemomed Instituto de Oncologia e Hematologia é o
maior centro privado de atendimento do câncer, somando 10 mil atendimentos
mensais, e com grande expertise nos cânceres do sangue, as leucemias. Segundo
Daniela Ferreira Dias, onco-hematologista e coordenadora do
Departamento de Transplante de Medula Óssea do Hemomed, o tratamento dessa
doença teve grande evolução, chegando em muitos casos à cura do paciente ou à
significativa melhoria de sua qualidade de vida.
divulgação / Science Photo Library
O que é
A especialista do Hemomed explica que a leucemia é
um câncer que ataca os glóbulos brancos e que se inicia na medula óssea. Ela
pode ser classificada em aguda e crônica. As leucemias agudas são classificadas
em dois subtipos: leucemia linfóide aguda (LLA) e Leucemia Mielóide Aguda
(LMA). Embora possam acometer pessoas em qualquer faixa etária, a LLA é mais
comum em crianças e adultos jovens enquanto a LMA acomete mais adultos e
idosos. Em geral, os sintomas apresentados são febre, queda do estado geral,
adinamia, dor nas perna e articulações, dor de cabeça e sangramento espontâneo
ou hematomas pelo corpo.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da coleta de exames
medulares (punção óssea) como mielograma, imunofenotipagem e cariótipo de
medula óssea. “Juntamente com os exames citados, realizam-se também exames
moleculares como FLT3, NPM1, CBPA, IDH1 e IDH2, Ckit, PCR para BCR-ABL e PCR
para PML-RARA (coleta por sangue periférico ou de medula), que são importantes
na classificação de risco das leucemias, determinando o tratamento e indicação
de transplante de medula óssea”, destaca a hematologista do Hemomed, Carla
Campos.
Tratamentos avançam
Até bem pouco tempo, os protocolos quimioterápicos
com associação de drogas eram a única terapia de tratamento para todas as
leucemias. Hoje em dia, com o auxílio dos exames moleculares, estão sendo
desenvolvidas terapias alvo específicas,ou seja, medicamentos que atuam
especificamente em marcadores genéticos presentes em células leucêmicas.” Essas
novas terapias, quando associadas ao tratamento convencional ou mesmo em
monoterapia, tem aumentado as taxas de resposta do tratamento com menos efeitos
colaterais e toxicidade, principalmente para a faixa etária de paciente mais
idosos”, destaca Daniela Ferreira Dias. Alguns exemplos dessas medicações são:
Inibidor de FLT3 (Midostaurin); Inibidor da Tirosino Kinase (Imatinib,
Dasatinib e Nilotinib); Anti CD19/CD3 (Blinatomumab); Anti CD22 (Inotuzumab);
Inibidor seletivo de BCL-2 (Venetoclax).
Doação de medula óssea e transplante
O transplante de medula óssea alogênico
(aparentado, não aparentado ou haploidêntico) é uma modalidade de tratamento
com intenção curativa e, atualmente, tem seu papel principal nas leucemias de
alto risco. A busca por doadores começa no diagnóstico. Inicialmente são
realizados exames com familiares de primeiro grau e, caso não se tenha sucesso,
é feito cadastro em banco de medula. O momento de sua realização depende da
resposta ao tratamento quimioterápico inicial.
Nos Estados Unidos em 2017 e 2018 uma nova
modalidade de tratamento com terapia celular ( chamado CAR-T) foi aprovada com
resultados promissores pelo FDA, que consiste em combater a leucemia
através do sistema imunológico, mas apesar de todos avanços, alguns casos
continuam refratários, além do alto custo, e necessitam de transplante de
medula óssea (TMO).
O hematologista Rodrigo Santucci , diretor da
divisão de hematologia do Hemomed, destaca a importância de
consciêntizar a população para se tornar um doador de medula óssea,
bastando procurar o hemocentro público de sua cidade e coletar uma
amostra de sangue onde será estudada uma sequência gênica chamada HLA. Este
cadastro vai para o banco nacional chamado REDOME e se um dia algum paciente necessitando
de TMO tem a mesma sequência de HLA, o doador é convocado ( por isso a
importância de manter o endereço atualizado). A doação ocorre por um
procedimento simples chamado aférese que se assemelha a uma
hemodiálise.
Cada tipo de leucemia necessita tratamento
específico
Dentre as leucemias crônicas, as mais prevalentes
são as Leucemias Mielóides Crônicas (LMC) e Leucemias Linfódes Crônicas (LLC).
Na maioria dos casos são indolentes e, não raro, o diagnóstico é feito por
exames de rotina em paciente assintomáticos. Quando sintomas presentes, pode
haver aumento do baço, de gânglios e leucócitos. Paciente com LMC, são tratados
com terapia alvo molecular como os Inibidores de Tirosino Kinase, que são
medicamentos de via oral. Somente em situações especias há indicação de
transplante de medula óssea.
Por outro lado, a hematologista Carla Campos
destaca que os paciente com LLC, patologia com predominância em idosos, o
tratamento pode ser somente o acompanhamento clínico laboratorial, não
necessitando de medicação quimioterápica. Quando esta é necessária, além do
tratamento já existente, terapias orais com atuação molecular estão disponíveis
levando a esses pacientes, melhor qualidade e sobrevida.

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