Modalidade que vem se popularizando no Brasil
desde 2016 é considerada por especialistas o futuro da educação
O
ano era 2012. Anand Agarwal, professor do Instituto Tecnológico de
Massachusetts (MIT), decidiu testar uma nova forma de ensino com seus alunos.
Ofertou uma parte da difícil disciplina de Circuitos e Eletrônica em uma
plataforma on-line, complementando com aulas presenciais mais esparsas.
Ao
final do curso, uma boa surpresa: a taxa de reprovação da disciplina caiu de
41% para 9%.
O
episódio faz parte da história de uma grande tendência da educação para 2019: a
educação semipresencial.
Também
chamada de ensino híbrido ou de blended learning, a educação semipresencial é
uma combinação entre as aulas tradicionais e as aulas on-line. Além disso,
também “inverte” a sala de aula. Primeiro o aluno explora o conteúdo, depois
leva suas dúvidas para o professor – inverso do que acontece no ensino
tradicional.
O
professor Agarwal, que também é fundador do portal edX, chama esse processo de
a “irrevogável socratização da educação”: uma forma de ensinar ao propor
questionamentos aos estudantes.
No
Brasil, os bons resultados se confirmam. Um estudo do grupo Ânima Educação,
divulgado pela Folha de S. Paulo em 2018, revelou que as notas de alunos nos
cursos híbridos foram 16% maiores do que as notas dos estudantes matriculados
em cursos presenciais.
O ensino
semipresencial está se popularizando desde 2016 em solo nacional, desde que a
portaria 1.134 do Ministério da Educação facilitou a criação de cursos
superiores nessa modalidade. Antes, era preciso ter o curso reconhecido pelo
MEC antes de fazer sua transição para o semipresencial – o que pode levar até
dois anos. Agora, é possível ofertar até 40% da carga horária à distância desde
a primeira turma do curso, contanto que sigam a Portaria nº 1.428/2018.
“O
aluno que opta pelo semipresencial normalmente precisa de flexibilidade de
horários, pois trabalha e tem compromissos familiares, mas não abre mão da
vivência em sala de aula. É alguém que tem autonomia para estudar sozinho, mas
aprecia a troca com os outros”, diz Benhur Gaio, reitor do Centro Universitário
Internacional Uninter. Na instituição, a modalidade é ofertada desde 2014.
O
reitor também reforça que um diploma adquirido por meio do semipresencial tem a
mesma autoridade do que o de um curso presencial. “Precisamos quebrar essa
falsa crença de que o semi e a Educação a Distância (EAD) têm menos valor. Os
certificados são iguais e com mesmo valor”, esclarece.
Vantagens
A
maior vantagem apontada por especialistas é que o ensino híbrido adapta os
estudantes à nova realidade do mercado de trabalho. Muitas empresas já são
adeptas do regime de trabalho home office, por exemplo.
O
professor José Armando Valente, no prefácio do livro Ensino híbrido:
personalização e tecnologia na educação (Penso Editora, 2015), explica que a
maioria dos serviços oferecidos pelo mercado já passaram por uma
“hibridização”. Hoje é possível pagar um boleto pelo celular, ato impensável
alguns anos atrás.
“O
ensino híbrido é a tentativa de implantar na educação o que foi realizado com
esses outros serviços e processos de produção”, pontua.
Valente
também enumera outras quatro vantagens do semipresencial:
1.
O aluno trabalha em seu próprio ritmo e pode focar em conteúdos que tem mais
dificuldade, revendo as vídeo-aulas.
2.
O estudante se torna mais autônomo, pois é incentivado a estudar e se preparar
antes da aula presencial.
3.
O tempo de aula pode ser dedicado ao aprofundamento da compreensão acerca do
conhecimento, e não à exposição inicial dele.
4.
As atividades em sala promovem uma convivência social mais intensa, pois de
fato incentivam trocas entre os colegas.
“Com
o tempo, os estudantes de um curso parcialmente ou totalmente à distância
desenvolve mais autonomia para aprender e se torna um excelente gestor do
próprio tempo. Isso é intrínseco para esses cursos”, concorda Gaio.
Ensino
híbrido e os jovens
Para
o público mais jovem, um grande benefício do semipresencial é estudar em um
formato com o qual já estão acostumados. Os nativos digitais naturalmente
aprendem por meio de uma combinação entre pesquisas na internet e interações
sociais, então se adaptam facilmente ao ensino híbrido.
No
livro A educação que desejamos (Papirus, 2014), José Manuel Moran defende que o
ensino híbrido é o modelo mais viável para as instituições de ensino nos
próximos anos. “O semipresencial tende a avançar, porque se adapta melhor à
nova sociedade aprendente, conectada; porque as crianças e os jovens já têm uma
relação com a internet, redes, celulares e multimídia muito mais familiar que
os adultos”, coloca.
Grupo
UNINTER
uninter.com
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