segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Afinal, o que é startup?

Professor Armando Kolbe Júnior explica o modelo de negócio que emplacou cinco gigantes no mercado brasileiro


Com a escassez de empregos formais, os brasileiros estão se tornando cada vez mais empreendedores. E não é de se espantar que a tecnologia abra muitas portas para novos negócios.

Recentemente, cinco startups brasileiras provaram que o mundo digital vale a pena. Elas entraram na lista de “unicórnios”: startups que valem mais do que US$ 1 bilhão. São elas: 99, PagSeguro, Nubank, Movile (iFood) e Stone. A cifra não é pequena, mas o feito é maior ainda. Até o início de 2018, o Brasil não tinha nenhum unicórnio.

Para muitos, a notícia apenas levanta a pergunta: afinal, o que é uma startup? Por que esse modelo de negócios é diferente de uma empresa tradicional? Como se sustenta financeiramente? E quando um negócio deixa de ser startup e passa a ser empresa tradicional?

São dúvidas comuns para quem está começando a se inteirar sobre a cultura dos negócios digitais. Armando Kolbe Júnior, coordenador do curso Gestão de Startups e Empreendedorismo Digital do Centro Universitário Internacional Uninter, garante que o conceito de startup é, na verdade, bem simples de compreender.

Startups são negócios, geralmente baseados em tecnologias, que desenvolvem um novo produto ou serviço para solucionar algum problema. E mais: operam em condições de incerteza. O professor exemplifica: “O aplicativo Uber, concorrente da brasileira 99, propôs o transporte de passageiros em carros particulares. Era algo incerto na época, novo. Mas foi uma solução inovadora para a dificuldade de encontrar táxis em grandes cidades”.

Há outras características importantes das startups:

●       Modelo de negócios replicável

●       Escalabilidade

●       Flexibilidade.

Diferentemente de empresas tradicionais, as startups não desenvolvem um plano de negócios completo antes de começar a operar. Elas trabalham com um modelo de negócio, estrutura mais simples que está em constante modificação.

“A estrutura, geralmente inovadora, deve ser fácil de replicar em outras organizações e capaz de crescer sem aumentar os seus custos proporcionalmente. Vamos supor que, em uma empresa tradicional de táxi, um telefonista atende solicitações para dez taxistas. Para dobrar os rendimentos, é preciso dobrar também o número de funcionários: dois telefonistas e vinte taxistas. Em um negócio escalável, é possível dobrar os rendimentos com o mesmo número de funcionários”, exemplifica.

Para ampliar rendimentos, a startup geralmente investe em novas funcionalidades, parcerias e marketing. Isso tornou-se muito mais fácil com a internet. Por esse motivo, as startups são intensamente relacionadas com as tecnologias.

Por fim, entende-se que as startups operam em ambientes de incertezas. Para crescer nesse mundo, é preciso adaptar-se mais rápido do que as empresas tradicionais. Ser flexível.

“Muitos produtos ou serviços tecnológicos são lançados com uma ‘mínima versão possível’. Essa versão vai sendo atualizada com o tempo, a partir do retorno dos usuários”, explica o coordenador.
Voltando ao exemplo do Uber, é fácil perceber a evolução do aplicativo desde que foi lançado no Brasil. A mais recente funcionalidade é o Uber Juntos, que permite dividir a viagem com outras pessoas que farão aproximadamente o mesmo trajeto.

Startup ou empresa tradicional?

Erro muito comum é assumir que toda empresa jovem, desenvolvedora de tecnologias, é uma startup. “Isso não é verdade”, pontua o professor. Uma nova empresa que desenvolve aplicativos, por exemplo, pode ser considerada tradicional. Se ela tiver uma formatação mais conservadora, com plano de negócios, não for escalável e flexível, não é startup.

Como uma startup se sustenta financeiramente?

Os recursos iniciais de uma startup são chamados de capital semente. Podem vir de diversas fontes, por exemplo:

·                  Do bolso dos empreendedores (bootstrapping)

·                  De investidores-anjo (mentores do projeto)

·                  Aceleradoras

·                  Incubadoras

·                  Financiamento coletivo.

“Em estágios mais avançados, em que a startup já está operacional, pode receber investimento de capital de risco, conhecido como Venture Capital”, explica. Esse aporte é feito em troca de ações da empresa emergente.

Quando uma startup deixa de ser startup?

No momento em que se torna autossustentável financeiramente, a startup deixa de ser uma startup. É o que defende Joaquim Torres, no Guia da Startup. Isso acontece porque o empreendimento já resolveu o problema inicial e tem condições de continuar oferecendo a solução para a população. Sua existência não é mais dependente de outras organizações.

“Mesmo assim, o interessante é que as empresas mantenham uma cultura startup. Isso significa promover um sistema de trabalho coletivo, em que o desenvolvimento do grupo é priorizado em relação aos lucros individuais. A coerência entre o falar e o agir também é bastante valorizado por essa nova forma de trabalhar”, defende Kolbe Júnior.


Como criar uma startup?

“As startups geralmente iniciam com algum insight para resolver um problema da população. Mas depois disso é preciso bastante dedicação, uma equipe empenhada, buscar recursos e estar disposto a adaptar-se. Nem sempre a ideia inicial é aquela que será colocada em prática. O apego a ‘ideias geniais’ é extremamente prejudicial para quem está começando na área. Tem que testar e ver se é disso que o público precisa”, explica.

A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) conta, atualmente, com 10 mil startups brasileiras cadastradas em seu banco de dados, distribuídas em cerca de 500 cidades. São prova de que os empreendimentos digitais estão ganhando força no Brasil.

Para quem está interessado a investir na nova cultura digital, o curso Gestão de Startups e Empreendedorismo Digital da Uninter está com inscrições abertas para o vestibular 2019 em todo o País. As aulas iniciam dia 18 de fevereiro, mas é possível se inscrever até dia 8 de março.




Grupo UNINTER 



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