Endocrinologista explica de que forma a mudança nos
hábitos e na alimentação pode interferir no desempenho profissional
Metas, aumento do ROI (retorno sobre o investimento) e
desenvolvimento de talentos são apenas algumas das preocupações diárias dos
executivos que buscam incansavelmente sucesso e reconhecimento. Contudo, muitos
se esquecem de focar em algo essencial para o crescimento na carreira: a saúde.
Afinal, a saúde o pode interferir não só no humor, mas também no desempenho
profissional. A afirmação é da Dra. Denise Portugal, endocrinologista e
professora da Associação Brasileira de Medicina Ortomolecular, que em seu
levantamento detectou que 70% dos seus pacientes conseguiram aumentar a
produtividade a partir de uma mudança de hábitos.
De acordo com ela, estudo recente da Universidade de Brigham
Young, nos Estados Unidos, com 20 mil trabalhadores, mostrou que executivos que
se alimentam de forma inadequada são 66% mais propensos a apresentarem queda de
produtividade em comparação com os que seguem uma alimentação saudável. “Isso é
fato. A boa alimentação e os hábitos saudáveis estão diretamente ligados ao bem
estar e a qualidade de vida do indivíduo”, afirma.
Denise alerta que uma alimentação regrada, na qual frutas e
vegetais fazem parte da rotina, é o ponta pé inicial para a mudança. “Tal
movimento é apenas a ponta do iceberg, ou seja, uma transformação de hábitos
que ajudará diretamente na cognição, memória bem como na redução da fadiga e do
estresse”, explica a médica, acrescentando que de acordo com pesquisa da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), pessoas com maus hábitos
alimentares têm índices de produtividade 20% menores do que aquelas com dietas
saudáveis. Além disso, uma alimentação desregrada pode aumentar a probabilidade
de diabetes, hipertensão arterial, câncer, casos inflamatórios, entre outros.
Menos é mais
Denise, que também é autora do livro “Start para o bem-estar”
(Editora Central Gospel), alerta que um dos erros dos profissionais é acharem
que para trabalharem mais, por horas a fio, precisam comer muito, pois só assim
terão energia para encararem as tarefas ao longo do dia. “Pelo contrário, o
excesso de comida só fará com que você se sinta pesado, lento e sonolento. O
ideal é ingerir alimentos de fácil digestão, mas que liberem energia
constantemente, como os ricos em fibras.
A doutora lembra que alimentação não é quantidade, mas
qualidade. Com alimentação balanceada são evitados os picos glicêmicos que
ocorrem quando uma relevante quantidade de glicose é liberada de uma só vez. O
resultado é o aumento da disposição, do rendimento mental e da concentração,
além da diminuição do sono e da ansiedade.
Segundo ela, é preciso ressaltar que glicose em si não é o
problema, mas o seu excesso. “É só lembrar que tudo em exagero não é bom! A
palavra-chave é equilíbrio”, diz. Logo, o ideal é selecionar, por exemplo, de
que forma essa glicose será ingerida, como cereais integrais, frutas, legumes,
alimentos ricos em ômega 3 e/ou sementes. “O mesmo acontece com o famoso
cafezinho durante o dia para dar aquela ‘energizada´. Bebê-lo em grande
quantidade pode contribuir para o aumento do estresse e da ansiedade, e
consequentemente, afetar o rendimento”, explica Denise, acrescentando que
outros vilões são os molhos e o sal que possuem glutamato monossódico, uma
substância com potencial neurotóxico, ou seja, que piora o desempenho mental,
principalmente nas pessoas com alto grau de estresse.
Parece muita informação, mas a endocrinologista e professora
garante que esse é um processo que deve ser feito gradativamente. “Não se trata
de fazer uma dieta para ser tornar mais ativo e/ou criativo. Não há fórmula
mágica mais sim uma mudança de consciência, na qual se percebe que pequenas
transformações de hábitos no dia a dia podem gerar grandes resultados”, afirma
a médica, concluindo que, além de ficar de olho na alimentação, é preciso
atenção também com os sinais que o corpo dá, como sonolência, mau humor e até
mesmo falta de apetite, pois tudo isso pode ser resultado de um desequilíbrio
no nível de serotonina, neurotransmissor que regula justamente esses fatores.
Conscientização corporativa
Se o profissional deve investir no seu bem-estar através da
mudança de consciência de que hábitos e alimentos contribuem para sua vida e
produtividade, a empresa também deve fazer a sua parte fomentando campanhas
educativas e programas de reeducação alimentar.
“Além de colaborar para melhor qualidade de vida dos
funcionários, iniciativas como essas reduzem também custo para a empresa com
gastos com planos de saúde, absenteísmo devido às doenças relacionadas a
hábitos ruins etc”, conclui Denise.
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