"Em qualquer período,
uma nação deve liderar, uma terra deve ser a promessa e o esteio do
futuro."
Walt
Whitman, "Folhas de Relva".
Nossos projetos de futuro
foram rasgados. Por insensatos segmentos do povo, mais do que por políticos.
Esses falaram suas linguagens, aproveitadores do mal.
Os mandatos passarão, mas
não - pelos menos tão facilmente - os choques da sociedade, que sequer chegou a
ser nação, em sua juventude de homens e mulheres que não deram importância por
séculos à política - ou foram impedidos pelos chicotes dos barões.
E o que havia de esperança
parece desmanchar-se no ar. A insensatez dos antagonismos humanos neste imenso
território brasileiro.
O que nos conduz não é a
tolerância e o pouco que virá das eleições. É o fel do ódio que se dissemina
entre nossos outrora irmãos. Os que discriminam e os discriminados. Os autores
do "aparthaid", não de brancos e negros, mas de amarelos e vermelhos,
das iguarias tropicais de coxinhas e mortadelas.
Gente insensata,
levar-nos-ão ao caos. O sofrimento será longo. E o crime organizado fica à
espreita, para fornecer a ambos os lados sua mão-de-obra mercenária. Não
minimize, povo brasileiro, a real, concreta e sangrenta possibilidade do amplo
conflito civil.
Os politiqueiros são como
jogadores de futebol, que brigam no campo, estimulando contendas de lesões e
mortes fora dos estádios.
Pensem que esquerda,
direita, centro, são dinossauros políticos. Temos uma Constituição da paz, da
tolerância, mas parece que o vaticínio do grande parlamentar que a promulgou
não vinga: "Queira Deus que seja cumprida!" Porque a maioria de
nossas leis não são cumpridas. E a sociedade derrapa nas selvas.
Independentemente dos
exemplos de ódio dados pelos políticos, pensemos na harmonia de nossas pequenas
oficinas, de nossas lojinhas, de nossas padarias, de nossas fábricas, de nossos
campos, de nossas academias, de nossas favelas, que gritam justamente, de
nossos escritórios, por meio do único método eficaz para os humanos que
neles vivem: a tolerância. Ao tolerarmos as ideias alheias, o bem vem para nós,
não para o tolerado.
As ações devem ser
concretizadas pelos princípios que a Constituição foi pródiga ao proclamar. Ou
revelar, implícitos. Só assim caminharemos, mais uma vez segundo os versos de
Whitman, que fez a América acima do Rio Grande, experimentada pelos 500 mil
mortos da secessão, e pelos ainda mais infelizes, que sobreviveram com suas
chagas lancinantes:
"Aqui estão o devasto,
as barbas, a benevolência, a combatividade, os amores da alma, Aqui os trens
que fluem, aqui as multidões, a equidade, a diversidade, os amores da
alma."
Amadeu Garrido de
Paula - Advogado, sócio do
Escritório Garrido de Paula Advogados.
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