No
início deste mês, a Catho divulgou uma pesquisa apontando
que a maior dificuldade para os jovens conseguirem emprego não está na falta de
experiência ou de qualificação, mas, sim, no comportamento inadequado da
maioria deles.
Segundo
a empresa de recrutamento online, durante a seleção,
o recrutador observa atentamente o comportamento do candidato e, no caso dos
jovens, não é incomum que uma pesquisa nas redes sociais também seja feita.
Esta serviria para observar como o pretendente à vaga se porta.
Por
comportamento inadequado podemos entender desde o desleixo na vestimenta ou
modo de se sentar até uma falsa intimidade ou falar
ao celular enquanto atende o cliente. Até mesmo
a falta de higiene, em casos de pessoas que vão a baladas na noite
anterior e seguem direto para a entrevista ou para o novo emprego, foi
apontada.
Para
o coach
Edson Moraes, formado pelo Instituto EcoSocial e certificado
pelo ICF – International Coach Federation, não podemos generalizar.
“Claro que há jovens com perfis diferentes. E não ser educado ou higiênico, por
exemplo, são coisas imperdoáveis. Porém, hoje em dia é muito comum, durante o recrutamento,
o responsável pelo processo prometer um ‘padrão Google’ para o candidato.
Aquilo de espaços de conveniência, extensão do ambiente descompromissado que se
tem com amigos, horário flexível etc. Porém, quando o jovem começa a trabalhar,
percebe que não é bem assim”.
Moraes
também chama a atenção para o que chama de “choque de gerações”: “A empresa tem
uma expectativa e o candidato também. O entrevistador pode encarar a postura do
jovem como de um ‘folgado’. Ele, por seu lado, pensa que ali é um lugar
‘careta’. Hoje, o modelo de trabalho mudou muito e as empresas precisam se
modernizar também”.
Para
ele, hoje com 54 anos, gerações passadas se adequavam às vagas. Os jovens de
hoje se recusam a isso: “A minha geração, por exemplo, costumava pegar o
primeiro emprego e ir se moldando. Isso não é muito aceito hoje em
dia. Tanto que muitos jovens se formam e criam as próprias startups, para não
se sujeitarem a horários e regras”.
Classe
média
Moraes
comenta que este comportamento de não aceitar tantas imposições vem de jovens
da classe média e média alta. “Pessoas de baixa renda e sem tanta qualificação
ficam sem escolha. Porém, ao entrarem, se adaptarem,
serem resilientes e se superarem, é bem
possível que muitos cheguem a se tornar líderes”.
Já
os jovens que foram criados em situação financeira mais confortável e com
certas liberdades, muitas vezes pelos chamados “pais-helicópteros”, tendem a
não aceitar muitas regras: “Há uma questão de comportamento séria. Muitos veem
esses jovens como mimados. E eles podem até ser, e isso irá atrapalhar muito a
carreira, pois eles não têm a plasticidade necessária para se adaptar”.
Porém,
Moraes frisa que o que mais cria desapontamento de ambos os lados são mesmo as
expectativas: “Se elas não ficarem claras durante a entrevista e surgir aquela
paixão, não verdadeira, mas idealizada, de quem está contratando e de quem está
se candidatando, o relacionamento não durará três meses”.
Para
ele, a empresa não pode se apresentar como moderna se a postura de seus líderes
não for essa. Isso vale também para recrutadores, que muitas vezes não enxergam
que a empresa está em fase de mudança, e acabam escolhendo perfis que não se
encaixam a esse novo momento.
Já
ao candidato, Moraes aconselha: “Entender o contexto da empresa e se está
preparado ou disposto a se adequar a ele. A resiliência, que é algo muito
importante e necessária, nos impede de mudar, em relação ao objetivo final.
Porém, é preciso lembrar que também precisamos ser críticos e reflexivos para
revisar nossa meta se notarmos que estamos no caminho errado”.
Fonte: Edson Moraes é
sócio do Espaço Meio - https://espacomeio.com.br , Executive Coach desde 2014 e Consultor (Gestão &
Governança) desde 2003. Foi Executivo do Bank of America entre 1982 e 2003.
Seguiu carreira na Área de Tecnologia da Informação, foi Head do Escritório de
Projetos e CIO por 4 anos. É Master em Project Management
pela George Washington University. Participou de programas de educação
executiva na área de TI ( Stanford University, Business School São Paulo
e Fundação Getúlio Vargas). Formado em Comunicação
Social – Jornalismo pela PUC/SP. É Conselheiro de Administração formado pelo
IBGC, Coach pelo Instituto EcoSocial e certificado pelo ICF. Articulista
e palestrante nas áreas de Governança, Tecnologia da Informação e Gestão de
Projetos.
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