Diante de algumas definições internacionais para o impedimento da comercialização de veículos diesel, com repercussões no aumento de vendas dos veículos híbridos e elétricos no mundo, vale a pena o Brasil refletir sobre o que realmente tem acontecido no planeta e analisar como tem reagido e se preparado frente ao novo cenário mundial, sobretudo, alguns meses depois da publicação do programa Rota 2030 (MP843).
Parece que o País finalmente
acordou para o que acontece internacionalmente, embora o mundo não esteja
mudando tão a passos largos como se esperava, em vista das projeções dos
especialistas de mercado de veículos movidos à eletricidade. Os brasileiros já
testemunham o aumento da oferta e do uso de ônibus e caminhões elétricos,
cenário que já aponta por onde certa massificação pode acontecer.
Os desafios são grandes em toda a
parte principalmente ao se tratar da frota puramente elétrica, que necessita de
infraestrutura de recarga. Com subsídios em vários países, veículos leves
crescem também à medida que as condições são criadas para modelos de negócios
de uso compartilhado, situação normalmente relacionada a veículos elétricos mais
caros, porém com vantagens em emissões e, principalmente, em uso contínuo com o
menor custo por quilometro rodado.
Especialistas da indústria já se
preocupam com a capacitação da mão de obra para esta transição, outros apostam
que a mudança já começou com primeiros resultados de faturamento. Somado a
isto, o hidrogênio e outras formas de produção de energia elétrica também
começam a sair do papel.
No cenário nacional, um plano de
eletromobilidade poderia ter o mesmo efeito que o RenovaBio ou plano de energia?
Os patamares de pesquisa e desenvolvimento podem crescer com chamadas temáticas
como as da ANEEL? Ou a comparação com políticas públicas europeias podem ajudar
o Brasil a entender o processo de popularização dos veículos elétricos pelo
mundo? Não somos a Noruega, nem tampouco a China, então qual receita serve para
o Brasil?
A boa notícia é que modelos
lançados no Exterior não demoram tanto para vir ao Brasil. Resta somente saber
quando a cadeia será verticalizada com volumes maiores e quais são esses
volumes para viabilizar uma localização com investimentos. Veículos elétricos
americanos ou asiáticos, quais sistemistas têm a melhor estratégia para a
introdução dos veículos elétricos no País? Ainda não se pode esquecer dos
biocombustíveis.
Existem ainda muitas dúvidas, mas algo é certo: o
Brasil tem quem faça, como Lucas Di Grassi, piloto de Formula-E e Stock Car,
além de CEO da Roborace, a primeira plataforma de motorsport autônoma do
planeta. Um exemplo para os universitários que também constroem veículos
elétricos do zero com orçamentos bem curtos, mas que já conquistaram prêmios
valiosos no Exterior, em preparação para a era da eletromobilidade.
Quem tiver interesse em discutir
o assunto está convidado para o 7º Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e
Híbridos, que reunirá lideranças de montadoras, sistemistas, centros de
pesquisa, distribuidores de energia, universidades e órgãos do poder público
para palestras e debates. O encontro será realizado em duas manhãs, dias 12 e
13 de novembro, no São Paulo Expo, em paralelo ao 30º Salão Internacional do
Automóvel.
Ricardo Takahira -
engenheiro eletricista, consultor sênior da GFA Consulting Group alocado no
Promob-e GIZ e chairperson do 7º Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e
Híbridos
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