Dados do SISVAN apontam que muitos adolescentes têm
alimentação com produtos industrializados e/ou processados
Os adolescentes acompanhados pelos serviços de
atenção básica, do Sistema Único de Saúde (SUS), estão se alimentando mal.
Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), apontaram que,
em 2017, 55% deles consumiram produtos industrializados, como macarrão
instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado. Além disso, 42% desses
jovens ingeriram hambúrguer e/ou embutidos; e 43% biscoitos recheados, doces ou
guloseimas. Os números foram divulgados nesta terça-feira (16/10), data que é
comemorada o Dia Mundial da Alimentação, e vem como um alerta para a má
alimentação por esta parcela da população.
Para o coordenador-substituto de Alimentação e
Nutrição do Ministério da Saúde, Eduardo Nilson, os jovens precisam se atentar
mais à alimentação adequada. “Dados revelam que adolescentes com obesidade aos
19 anos têm 89% de chance de ser obeso aos 35 anos, por isso é necessário
investir na promoção de uma alimentação adequada e saudável, especialmente na
infância e na adolescência, tendo em vista a relação de práticas alimentares
inadequadas com o aumento da obesidade na população.”
O balanço também trouxe dados por região, que
mostram que o Sul do país é o que apresenta a maior quantidade de jovens
consumindo hambúrguer e/ou embutidos; macarrão instantâneo, salgadinho de
pacote ou biscoito salgado, com 54% e 59% respectivamente. Já o Norte vem com o
menor percentual nesses dois grupos, com 33% e 47%, respectivamente. Quando o
assunto são biscoitos recheados ou guloseimas, a região Sul, também está na
frente (46%), mas empatada com os jovens nordestinos (46%).
Quando falamos por sexo, os percentuais mostram que
o consumo de industrializados, fast foods e alimentos doces
recheados/guloseimas não se diferenciam muito, sendo um pouco maior nos
meninos. O primeiro grupo alimento, por exemplo, é consumido por 58% deles,
enquanto as adolescentes representam 54%. O segundo é alimento de 41% dos
jovens do sexo masculino e 38% do feminino. Já os recheados, são preferência de
42% deles e 41% delas.
Os maus hábitos à mesa têm refletido na saúde e no
excesso de peso dos adolescentes. Números da Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar (PENSE) trouxeram que 7,8% dos adolescentes das escolas entre 13 e 17
anos estão obesos, sendo maior entre os meninos (8,3%) do que nas meninas
(7,3%). O Sisvan revela que 8,2% dos adolescentes (10 a 19 anos) atendidos na
Atenção Básica em 2017 são obesos.
ALIMENTAÇÃO
DOS ADULTOS
Os brasileiros adultos já demonstram hábitos mais
saudáveis, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, do
Ministério da Saúde. Isso porque, o consumo regular de frutas e hortaliças
cresceu 4,8% (de 2008 a 2017), e o consumo de refrigerantes e bebidas
açucaradas caiu 52,8% (de 2007 a 2017).
A pesquisa percebeu, também, que a ingestão regular
(em 5 ou mais dias na semana) destes alimentos aumentou em ambos os sexos, mas
o crescimento geral ainda foi menor que 5,0% no período de 2008 a 2017. Quando
observado o consumo recomendado, 5 ou mais porções por dia em cinco ou mais
dias da semana, houve aumento de mais de 20% entre os adultos de 18 a 24 anos e
35 a 44 anos. Os dados apontaram, também, uma diminuição da ingestão de
ingredientes considerados básicos e tradicionais na mesa do brasileiro. O
consumo regular de feijão diminuiu de 67,6% em 2011 para 59,5% em 2017.
INCENTIVO A
HÁBITOS SAUDÁVEIS
O incentivo para uma alimentação saudável e a
prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. Para apoiar a
adoção de hábitos alimentares saudáveis, o Ministério da Saúde publicou em 2014
o Guia Alimentar para a População Brasileira que traz as diretrizes nacionais e
as recomendações sobre alimentação adequada e saudável. Dentre elas, a regra de
ouro que facilita a aplicação das recomendações – “Prefira sempre alimentos in
natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos
ultraprocessados”.
Para proteger trabalhadores(as) do Ministério da
Saúde e de outros órgãos, a pasta publicou uma Portaria proibindo venda,
promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados
ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o
consumo dentro das dependências do Ministério. O órgão também participou da
assinatura da portaria de Diretrizes de Promoção da Alimentação Adequada e
Saudável no Serviço Público Federal. Sugerida pelo Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão, a diretriz orienta formas da alimentação adequada e
saudável nos ambientes de trabalho do serviço público federal. Além disso,
constrói uma campanha pela adoção de hábitos saudáveis chamada Saúde Brasil.
O Ministério da Saúde também adotou
internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e
obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade
Infantil, realizado em março de 2017 em Brasília, o país assumiu como
compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por
meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional;
reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30%
na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de
adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019. Outras
iniciativas que buscam proteger indivíduos e coletividades apoiam-se na
prevenção de danos e riscos ocasionados por ambientes desfavorecedores de uma
prática alimentar saudável.
Destacamos ações realizadas no ambiente escolar,
como o Programa Saúde na Escola que orienta a articulação no território entre
os profissionais de saúde da Atenção Básica e os profissionais da escola para
desenvolver ações de promoção da saúde e prevenção de doenças como obesidade,
por exemplo e a implementação de normas e regulamentações para cantinas de
escolas públicas e privadas com objetivo de limitar a venda de alimentos não
saudáveis, considerando que o ambiente em que crianças e adolescentes fazem
suas escolhas alimentares precisa favorecer as opções saudáveis e protegê-los
dos fatores que contribuem para as doenças relacionadas à alimentação.
As cantinas escolares que muitas vezes oferecem
alimentos de baixo valor nutricional contribuem para escolhas não saudáveis
pelas crianças e, é papel do estado priorizar o ambiente escolar como um dos
espaços para o desenvolvimento de estratégias de Promoção da Alimentação
Adequada e Saudável.
Victor Maciel
Agência Saúde
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