quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Infecção urinária acomete até 80% das mulheres no Brasil


Falta de tratamento pode levar à sepse e, em casos mais graves, à morte


Por dia, cerca de 9 mil pessoas precisam de internação em hospitais públicos do país com problemas causados pela cistite, popularmente chamada de infecção urinária. Apesar de espantosa, essa estatística do Ministério da Saúde, baseada em pesquisas feitas pelas secretarias estaduais de Saúde, demonstra que grande parte dos pacientes que sofrem com a doença é negligente em relação aos seus sintomas.
A cistite atinge cerca de 80% das mulheres no país, mas também acomete homens e crianças. A infecção da bexiga pode se dar em qualquer órgão do trato urinário: uretra, bexiga, rins, ureteres, entre outros. Mas, de acordo com o urologista Elimilson Brandão, do Hapvida Saúde, a doença é mais comum no chamado baixo trato urinário, em órgãos como a bexiga e a uretra. Em geral, é causada pela bactéria Escherichia coli, que desempenha um papel importante no intestino para a digestão, mas é perigosa no trato urinário. 


Risco de morte

Todo e qualquer tipo de infecção pode evoluir para um caso de sepse, que é um conjunto de manifestações graves produzidas pela infecção. Dentre os tipos mais comuns que evoluem para sepse está a infecção urinária. "É essencial que as pessoas procurem ajuda médica ao perceberem os primeiros sintomas da doença", recomenda o especialista. A sepse pode levar, em casos mais graves, a um choque séptico, ou seja, um estado de choque acompanhado por hipotensão arterial que é potencialmente fatal. "Estima-se que a cada 3 ou 4 segundos alguém morre de sepse no mundo", revela o médico.

O caso requer uma hospitalização rápida. Quanto mais cedo o paciente é tratado, maiores são as chances de sobrevivência. O tratamento se baseia na antibioticoterapia, assim como no tratamento dos órgãos vitais deficientes, em caso de sepse grave. Tratam-se de perfusões intravenosas de dopamina, oxigênio ou adrenalina. A cirurgia também pode ser necessária em alguns casos para eliminar o foco infeccioso. A duração do tratamento da sepse depende da gravidade da infecção, mas geralmente leva cerca de duas semanas. A recuperação da sepse, no entanto, é muito mais longa. 


Mulheres

Ainda segundo o especialista, as cistites são mais comuns em mulheres porque, nelas, a uretra (canal por onde sai a urina), mede cerca de 5 cm. Nos homens, a uretra chega a 22 cm. Além disso, no corpo feminino, a uretra fica mais próxima do ânus. "Ou seja, as bactérias que provocam a infecção percorrem, nas mulheres, um caminho bem mais curto até chegar à bexiga. Quando isso acontece, a vontade de fazer xixi é intensa, vem acompanhada de dor e a urina pode ter um pouco de sangue", explica o urologista.


Sinais

Se surgir necessidade urgente de urinar e isso for frequente, luz de alerta ligada! Na hora de fazer xixi, se houver ardor e pouca urina em cada micção, é muito provável que seja infecção urinária. Outros sinais são dores na bexiga, nas costas e no baixo ventre; febre; e, nos casos mais graves, presença de sangue na urina.

O diagnóstico se baseia em uma investigação clínica e em exames de cultura da urina, a "urocultura com antibiograma", capaz de identificar o agente infeccioso e orientar o tratamento.


Tratamento

Para tratar as cistites infecciosas, os médicos prescrevem antibióticos ou quimioterápicos. "A escolha vai depender do tipo de bactéria encontrada no exame de urina", explica o urologista do Hapvida. As mulheres tendem a sofrer mais com o agravamento da doença, por causa das frequentes recidivas, mas, segundo o especialista, se o tratamento for seguido à risca, a chance de cura é grande.


Prevenção

Apesar de comum, é possível evitar a infecção urinária com algumas atitudes bem simples. As principais formas de prevenção são as seguintes:
• Realizar higiene adequada, especialmente, antes e após a relação sexual;

• Urinar depois do sexo;
• Higienizar a região da uretra, na mulher, fazê-lo sempre no sentido da frente para trás;
• Ingerir bastante água e evitar bebidas alcoólicas;
• Evitar segurar a urina;
• Evitar relações sexuais desprotegidas;
• Tomar banho com água corrente, com temperatura não elevada e pouco sabonete;
• Evitar o uso de biquíni molhado por longos períodos;
• Trocar frequentemente os tampões e os absorventes no período menstrual;
• E evitar alterações radicais na dieta.

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