segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Descrença no sistema político preocupa especialista


Apesar da política estar mais presente nas discussões do trabalho, nas refeições em família e sobretudo nas redes sociais, o brasileiro ainda não enxerga o assunto com bons olhos. O pleito de 2018 mostra uma face inesperada dentro do interesse populacional referente aos regentes do próprio país.

Pouco mais da metade (53%) da população ainda está pessimista em relação aos resultados, segundo o SPC, que também aponta que a maioria dos eleitores (69%) espera uma grande mudança vinda do próximo presidente eleito.

Segundo a especialista em desenvolvimento humano Rebeca Toyama, o desânimo do brasileiro quanto às opções de candidatos somada com a falta de conhecimento sobre política faz com que muitos não percebam a importância do próprio voto.

“Quando a pessoa escolhe não votar, ela está tentando se isentar da culpa de escolher um presidente. O voto nulo ou em branco, muitas vezes, é negação de algo. Desta forma, o cidadão não conhecer e não gostar do assunto, não o torna isento das consequências que a política causa na sociedade e na própria vida. 

Portanto, não olhar para os problemas não vai fazer com que ele seja resolvido. 

O custo será pago de qualquer forma, com o eleitor votando ou não”, explica.

A descrença nos políticos nacionais é uma história antiga no país e pode ser vista claramente no número de eleitores que optam por votar nulo, em branco ou não comparecer. Nas últimas eleições presidenciais, 115 milhões de pessoas foram às urnas, sendo que 4,4 milhões votaram em branco, 6,7 milhões anularam e 27,7 milhões não compareceram.

Toyama afirma ainda que essas eleições estão tendo maior repercussão graças aos escândalos que geram simpatia e antipatia por determinados candidatos. “Apesar de ser bom para chamar atenção da parcela da população que se abstém do assunto, o voto se torna extremamente passional, o que nos faz tomar decisões de forma imatura”, conta.

A especialista explica que, atualmente, a grande maioria dos votantes escolhem seus candidatos influenciados por teses e antíteses, ou seja, constatações engessadas do senso comum. “O que observo estar acontecendo é uma predileção de pensamentos baseados em experiências pessoais, o que nem sempre reflete no que seria melhor para o país”, pontua.

Rebeca acredita que o ideal é que a escolha entre os candidatos deve ser baseada em quem mais se aproxima dos valores que o eleitor define como primordiais para levar o Brasil para um caminho melhor.

Para ela, uma forma de usufruir do pleito polêmico desse ano, é aprender a debater, conversar e mostrar pontos de vista de forma madura sem a influência de vieses pessoais. “Convido vocês a suspender o lado passional e olhar o assunto de forma racional, com clareza”, defende.

“Essas eleições estão sendo baseadas no fanatismo. O país está dividido em quem vota em A para não eleger B e vice-versa, sem ter o cuidado de analisar propostas, valores e projetos. Se ficarmos focados na negação ou no apego, a gente não desenvolve”, e essa regra não serve apenas para política, alerta Rebeca.

A especialista afirma que não é tarde demais para escolher um candidato com mais sabedoria. “Para isso, indico que cada eleitor analise os prós e contras de todas as opções, independentemente de opiniões pessoais e emoções. Procure sobre todos os aspectos, desde projetos até o impacto que o candidato causará na economia interna e externa. Além disso, devemos prestar atenção nas propostas imediatas e a longo prazo”, orienta a especialista.

Outro ponto levantado pelos eleitores é a falta de opções para votar: um número cada vez maior afirma que prefere se abster a votar em qualquer um dos 14 candidatos. “Não adianta desejar que fosse diferente. Temos que trabalhar com as opções que estão disponíveis, fazendo uma análise mais profunda dessa escolha e, no máximo, refletir o que pode ser feito diferente nas próximas eleições”, elucida.

Vale ressaltar que, em um regime parlamentarista, a autonomia do presidente é limitada. O que demanda de quem ocupa esse cargo competências como articular e negociar.

“Não precisa ir muito longe para observar em nossa história o que aconteceu com os chefes do executivo que não possuíam essas competências, acredito que aqui também temos uma boa reflexão”, complementa Toyama.

Rebeca acredita que, para termos eleições mais assertivas, precisamos enaltecer o potencial humano, pois “dentro dele tem uma sabedoria que transcende qualquer outra coisa. Todos direcionamos nosso tempo para coisas que são importantes para nós, mas ainda é necessário enfatizar a relevância da eleição em si. Além disso, o voto de todos os brasileiros tem o mesmo peso. 

Não importa se o votante é um empresário com um saldo bancário milionário ou um morador de rua, o voto tem o mesmo valor e isso nunca deve ser esquecido”, finaliza.








Rebeca Toyama - palestrante e formadora de líderes, coaches e mentores. Fundadora da Academia de Coaching Integrativo, sócia-coordenadora da Academia de Planejamento Financeiro da GFAI, coordenadora do Programa de Mentoring associada a Planejar (Associação Brasileira de Profissionais Financeiros) e fez parte da Comissão de Recursos Humanos do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Colunista do Programa Desperta na Rádio Transamérica e do blog Positive-se, colaboradora do livro Coaching Aceleração de Resultados, Coaching para Executivos. Integra o corpo docente da pós-graduação da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal) e Instituto Filantropia. Coach com certificação internacional em Positive Psychology Coaching e nacional em Coaching Ontológico e Personal Coaching com o Jogo da Transformação.


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