terça-feira, 2 de outubro de 2018

Dados alarmantes de obesidade aparecem em diferentes tipos de Câncer

A obesidade está relacionada a 10% de todas as mortes oncológicas em não fumantes

 
Como é sabido a obesidade resulta de um acúmulo de gordura no corpo, definido por um Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2 em indivíduos adultos, enquanto que sobrepeso é definido por um IMC entre 25 e 29,9 kg/m2.
Dados atuais mostram que a estatística vem crescendo em pessoas adultas com obesidade. No Brasil, a prevalência da obesidade aumentou 60% em 10 anos, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, acometendo um em cada cinco brasileiros. 

A obesidade tem sido associada ao desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, estando relacionada a 10% de todas as mortes oncológicas em não fumantes e presente em aproximadamente 14% de todas as mortes por câncer em homens e 20% em mulheres.

Em 2013 a Associação Médica Americana (AMA) definiu a obesidade como doença e, portanto, enfermidade que demanda tratamento, não sendo mais uma condição, mas uma entidade nosológica relacionada a inúmeras complicações e problemas clínicos. Portanto, deixou de ser somente algo estético mas passou a ser um problema sério. 

Dados obtidos de 57 estudos de corte sugerem que a cada 5 kg/m2 de aumento no IMC aumenta o risco de mortalidade por neoplasias em até 10%. No subgrupo de obesos, não tabagista, o risco de morte por câncer pode chegar a 38% nos homens e 33% nas mulheres e, comparando-se à população não obesa, as pessoas do sexo masculino com obesidade grave tem uma chance 52% maior de morrer por câncer, sendo o risco mais acentuado nas mulheres (62% maior).

O percentual de ocorrência de câncer relacionado ao sobrepeso e obesidade depende do órgão acometido pelo tumor, destacando-se as neoplasias de cólon e reto, mama, útero, esôfago, vesícula biliar, pâncreas, rins, próstata, colo uterino e ovários e, em menor proporção, Linfoma não Hodgkin, mieloma múltiplo, estômago e fígado. 

A obesidade pode estar presente em até 40-50% dos casos de neoplasias de endométrio e esôfago, 20-30% das neoplasias renais e até 50% dos casos de mama após a menopausa. Foi detectada uma relação inversa entre IMC e neoplasias de mama antes da menopausa e pulmão, porém, há provável evidência que a obesidade abdominal (gordura localizada) aumente o risco de neoplasias de pâncreas, endométrio e mama.

A atividade física pode reduzir o risco de vários tipos de câncer, principalmente de mama, cólon, endométrio e próstata, e possivelmente pâncreas, mesmo quando iniciado em fases tardias da vida. Para pessoas sedentárias, um aumento gradual de atividade física deve ser estimulado, com o objetivo de se alcançar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou intensa por semana. Para prevenir o ganho de peso ou para a redução, é sugerido 300 minutos de atividade física moderada ou intensa. É importante saber que os benefícios decorrentes da prática de atividade física na prevenção do câncer e de outras doenças crônicas são cumulativos ao longo da vida.

Sobre a nutrição, a indicação é a de limitar o consumo de carne processadas e vermelhas, ingerir pelo menos 2,5 xícaras de vegetais e frutas por dia, escolher grãos integrais ao invés de grãos refinados, limitar a ingestão de bebidas alcoólicas em 1 drink por dia para mulheres e 2 para homens.
E, finalmente, tentar manter-se saudável emocionalmente.






Celso Massumoto (CRM-SP 48392) - onco-hematologista, é diretor clínico da Oncocenter, coordenador de transplante de medula óssea do Hospital Nove de Julho e membro da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e da Casa Hope. Autor dos livros: Manual de Onco-Hematologia/TMO. Protocolos interdisciplinares; Células-tronco: da coleta aos protocolos terapêuticos e Gastronomia Hospitalar no Câncer e TMO.


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