O comportamento da criança em relação à
comida é baseado em como foi feita a introdução alimentar
Quando
se trata de Introdução Alimentar, existem diversas dúvidas sobre como, quando,
e quais alimentos apresentar à criança, pois existem diferentes métodos,
diversas fases pelas quais o bebê passa, entre outros fatores, que influenciam
esse período de aprendizagem. Vale a pena entender um pouco para proporcionar
uma experiência enriquecedora e tranquila para a família.
Segundo
a doutora Priscila Moraes, médica pediatra e alergista da Docway, o
recomendado é que as crianças a partir dos 6 meses de idade comecem a ingerir
alimentos sólidos. Nessa idade normalmente a criança já consegue se sentar
sozinha, pegar objetos e leva-los a boca. Por isso, é importante que haja
firmeza do tronco e que tenha estabilidade para se concentrar naquilo que está
em sua mão, para poder realizar o movimento de trazer o alimento até a boca.
Além disso, é por volta dos 6 meses que o intestino está mais maduro para
receber o alimento sólido, fazendo uma melhor digestão e evitando a
constipação.
Em
relação aos tipos de alimento naturais que podem ser introduzidos à dieta, não
há nenhuma restrição, “diferente do que se pensava antigamente, ovo deve ser
oferecido desde o início da introdução alimentar, pois atrasar seu consumo pode
favorecer o aparecimento de alergias, o mesmo serve para o peixe, que pode ser
oferecido nos primeiros meses” explica a doutora. Já referente aos preparos
industrializados, doces e temperos prontos, há ressalvas. O ideal seria não
permitir que a criança os ingerisse até completar dois anos.
Grupos
de alimentos sugeridos:
1.
Cereais/tubérculos/raízes, como arroz,
milho, batata, inhame e mandioquinha (carboidratos complexos);
2. Carnes em geral (proteínas de alto valor biológico, ferro,
zinco, cobre);
3. Leguminosas, que são grãos de vagens, como feijão, grão de
bico, ervilha, lentilha e soja (proteínas de baixo valor biológico, ferro,
fibras e vitaminas);
4.
Legumes e verduras (vitaminas, minerais e
fibras).
Existem
três métodos para fazer a introdução alimentar, são eles:
Tradicional: esse método é feito com a já conhecida
papinha, oferecida com colher, amassada, e a partir dos 8 meses de idade da
criança, servida com pequenos pedaços. Nesse método, os alimentos devem ser
triturados com um garfo, e as carnes podem ser desfiadas ou moídas, sempre
respeitando a capacidade de mastigação do bebê.
BLW
(Baby-Led Weaning):
consiste na oferta de alimentos em pedaços, tiras ou bastões. Em geral, não
inclui alimentação com a colher e nenhum método de adaptação de consistência
para preparar a refeição, como amassar, triturar ou desfiar. A abordagem
encoraja os pais a confiarem na capacidade da criança de se alimentar sozinha,
sem interferências.
Participativa: nesse caso, o bebê é o agente ativo do
processo, porque ele mesmo escolhe o alimento que vai comer. Porém, é assistido
pelos pais, que intermediam as preferências dele e o ajudam enquanto ele não
tem habilidade ou eficiência na ingestão adequada de nutrientes necessários
para o seu desenvolvimento.
Não
há um método que seja mais indicado que o outro, seria interessante uma mescla
entre eles, “o ideal é que o lactente receba os alimentos amassados oferecidos
na colher, mas também experimente com as mãos, para explorar as diferentes
texturas dos alimentos, como parte natural de seu aprendizado sensório motor”,
sugere Priscila.
Finalmente,
a médica dá algumas dicas para tornar a introdução alimentar algo prazeroso e
divertido:
1.
Faça um prato colorido, a criança precisa
identificar o que é cada alimento, conhecer sua textura, seu cheiro e seu sabor;
2. Insista, mesmo que a criança rejeite alguns alimentos, não
desista, é preciso provar várias vezes o mesmo alimento, mesmo que não goste no
começo;
3. Não use liquidificador nem peneira. Com liquidificador, as fibras
são rompidas e aumenta a chance de constipação intestinal. A peneira faz com
que o alimento perca sua consistência e isso facilita a seletividade alimentar
mais tarde;
4. Não dê açúcar e industrializados nos primeiros anos de vida,
especialmente até os 2 anos. O paladar da criança vicia no açúcar e nos
condimentos, aumentando risco de obesidade e desnutrição funcional;
5. Evite eletrônicos durante as refeições. A distração faz com
que a criança perca o apetite e não preste atenção no que está comendo;
6.
Faça a introdução alimentar algo
divertido. Não force, não exija que a criança coma tudo, seja flexível.
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