segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Com falta de recursos e gerenciamento precário, número de óbitos aumenta no Brasil

Consultas mal realizadas, falta de equipamentos e medicamentos contribuem para aumento do quadro, analisa advogado


Segundo estudo realizado em 137 países pela Comissão de Saúde Global de Alta Qualidade e divulgado pelo jornal científico britânico The Lancet, no início do mês de setembro, cerca de 5 milhões de seres humanos morrem em todo o mundo a cada ano, vítimas de atendimento precário nos hospitais. Estima-se que 19% dos pacientes internados no Brasil sejam vitimados por alguma intercorrência, dos quais 6% vão a óbito.

No Brasil, cerca de 153 mil mortes anuais podem ser atribuídas ao atendimento precário. “O paciente chega ao hospital para tratar uma moléstia e morre por outra causa, contraída ou desenvolvida no ambiente hospitalar ou em decorrência do tratamento”, diz Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem).

Entre as razões estão consultas mal realizadas, falta de equipamentos e medicamentos, além da falta de mão de obra do profissional. Em 2015, o País gastou, apenas no sistema de saúde suplementar, R$ 15,6 bilhões para tratar os eventos adversos, que ocorrem quando o paciente morre ou tem seu estado de saúde agravado durante a internação ou o procedimento médico.

“O número de mortes representa 5,2 vezes todo o trânsito brasileiro e 3,6 vezes o número de mortes decorrentes da violência urbana, ou seja, 61 mil óbitos por ano. Pelo menos 70% dessas mortes seriam evitáveis com o simples gesto de lavar as mãos”, complementa o advogado.

Os fatores tendem a provocar um aumento nas demandas judiciais sobre temática. No Estado de São Paulo, estima-se que sejam inauguradas 12 novas demandas judiciais a cada dia, totalizando cerca de 4.500 todos os anos. Entre 2000 a 2013 foram julgados perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 6.087 demandas cíveis indenizatórias, sobre erro médico.

“O paciente do século XXI é extremamente bem informado, totalmente esclarecido e a cada dia mais exigente e menos tolerante a qualquer evento adverso ou resultado danoso”, concluí Raul.






 


Sobre a Anadem
 
Criado em 1998, a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) promove o debate sobre problemas relacionados ao exercício profissional da medicina. Por meio da análise de discussões relacionada a esse tema, a Anadem apresenta soluções não só no campo jurídico, mas em todas as áreas de interesse do médico associado.

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