segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Com a ampliação do acordo Brasil – Chile, o país pode se tornar o 4º mercado a reconhecer a Cachaça como um produto distinto do Brasil



Para o Instituto Brasileiro da Cachaça, Chile é um dos mercados prioritários do novo Projeto Setorial de Promoção às Exportações da Cachaça

Uma das novidades do recente acordo comercial firmado entre Brasil e Chile, que traz novas diretrizes para a comercialização entre os dois países que não existem com os demais integrantes do bloco do Mercosul, é a possibilidade do reconhecimento mútuo entre a Cachaça e o Pisco (Chileno) como indicações geográficas e bebidas distintivas de cada país. Para Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), a iniciativa é de extrema importância para o fortalecimento desses dois símbolos nacionais, além de contribuir para aumentar os fluxos de comércio e investimentos entre os dois países.

O Chile é o segundo principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul. Em 2017, o intercâmbio comercial bilateral alcançou US$ 8,5 bilhões, incremento de 22% em relação ao ano anterior. O acordo Brasil – Chile que, segundo o Itamaraty, é o pacto comercial mais abrangente já firmado, engloba ainda compromissos em comércio eletrônico, práticas regulatórias, transparência em anticorrupção, cadeias regionais e globais de valor, gênero, meio ambiente e assuntos trabalhistas.

No âmbito da exportação de bebidas, Lima esclarece que o Chile é um dos 08 (oito) mercados prioritários da nova proposta de Projeto Setorial de Promoção às Exportações da Cachaça e, uma vez concluído o reconhecimento, as ações de promoção terão um papel importante para o aumento das exportações do destilado brasileiro para o Chile que, em 2017, somaram US$ 209.322,00 (124.169 litros). O montante representa cerca de 2% do volume total de Cachaça exportado em 2017.

“A ampliação das ações de promoção da Cachaça, a exemplo do que outros países desenvolvem com os seus destilados típicos e tradicionais, contribuirá para a geração de receita e ainda mais empregos para o país, além dos mais de 600.000 empregos diretos e indiretos que a categoria já proporciona. Além disso, resultará na inserção de mais empresas nacionais, em especial micro e pequenas, no mercado externo, gerando assim, mais receitas para essas empresas e para o país”, ressalta Lima.

Para ter validade, o compromisso com o Chile ainda precisa ser assinado pelos dois governos e, depois, ratificado pelos parlamentos dos dois países. Michel Arslanian Neto, diretor do Departamento de Integração Econômica Regional do Ministério das Relações Exteriores (MRE), explica a comercialização das bebidas: "para comercializar no Chile, vai ter de ser um produto brasileiro. Não pode ser um chileno que vende o produto cachaça e a mesma coisa com o pisco".

A concretização de mais acordos bilaterais de proteção internacional e a ampliação das exportações do destilado genuinamente “verde e amarelo” é uma das iniciativas pleiteadas no Manifesto da Cachaça, lançado no último dia 20 de setembro, em São Paulo, pelo IBRAC.

Outras importantes iniciativas que constam no Manifesto da Cachaça são:
- A reavaliação da carga tributária da Cachaça; e
- O combate a clandestinidade e a informalidade.

Com a escolha do novo Presidente da República, o IBRAC espera mais apoio do Governo Federal para que o setor da Cachaça volte a crescer e possa continuar a contribuir com a geração de emprego e renda no país.


Cenário da Cachaça

Em 2017, as exportações de Cachaça representaram cerca de 1% da produção total, números baixos se comparados com bebidas típicas de outros países, como a Tequila, que tem 70% de seu volume de produção comercializado para mais de 190 países, gerando ao México uma receita anual superior a 1 bilhão de dólares.

Entre 2016 e 2017, a exportação da cachaça para mais de 60 países gerou uma receita de US$ 15,80 milhões de dólares (8,74 milhões de litros) ao Brasil. Esses números representam crescimento de 13,43% em valor, e 4,32% em volume, em comparação a 2016.

Entretanto, algumas questões de base impedem o desenvolvimento da Cachaça de forma sustentável, como a alta carga tributária  (de cerca de 82%) e a informalidade no mercado, em número de produtores, sendo superior a 85%. Os temas foram tratados durante o lançamento do Manifesto da Cachaça, que reuniu órgãos relacionados como ao setor, apreciadores, produtores, distribuidores e profissionais de serviço e bar.

Durante os últimos anos, o IBRAC foi responsável e articulador de importantes vitórias para o segmento da Cachaça, como o retorno da Cachaça ao SIMPLES NACIONAL e o reconhecimento da Cachaça nos Estados Unidos, Colômbia, México.



Nenhum comentário:

Postar um comentário