Segundo levantamento realizado pelo Instituto
Nacional do Câncer (INCA), o Brasil somará cerca de 560 mil novos casos de
câncer em 2018. Só o câncer de mama corresponde a 28% desse número.
Mundialmente os dados também são alarmantes, o câncer de mama afeta 2,1 milhões
de pessoas por ano e é o quinto que mais mata, de acordo com o Globocan 2018, um
estudo da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer.
Para esclarecer algumas dúvidas relacionadas ao
câncer de mama, oncologistas do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo
Oncoclínicas comentam perguntas frequentes.
Gravidez não aumenta risco de recidiva de câncer de
mama
Muitos tipos de cânceres são sensíveis ao
estrogênio, por isso, é comum que as mulheres tenham dúvidas em relação à
gravidez após o tratamento do câncer de mama. No entanto, de acordo com uma
análise apresentada durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de
Oncologia Clínica (ASCO), a associação entre as alterações hormonais decorrentes
da gestação a um maior risco de recidiva de um tumor de mama é equivocada.
O estudo avaliou um grupo de 1.207 pacientes, todas
elas diagnosticadas com câncer de mama pré-menopausa - com menos de 50 anos -
em 2008. "Passados 10 anos, 333 delas engravidaram e em comparação com as
demais voluntárias, não houve diferença considerando a recidiva do câncer,
inclusive em casos de tumores classificados como RE-positivo, quando as células
cancerosas são receptoras de estrogênio e tendem a se proliferar em resposta a
esse hormônio", explica a Dra. Michelle Samora.
Para mulheres que tiveram tumores de mama
RE-negativo e engravidaram após o tratamento, o risco de mortalidade despencou
42%.
Se eu utilizar algum método contraceptivo hormonal
vou ter câncer de mama?
Ainda existem muitas questões sobre a relação
direta entre a contracepção hormonal e o câncer de mama. Este ano, um estudo
publicado no "The New England Journal of Medicine"
revelou que o uso do anticoncepcional produziu um caso extra de câncer de mama
para cada 7.690 mulheres por ano, considerando que, cerca de 140 milhões usam o
anticoncepcional em todo o mundo.
Embora exista esse risco aumentado, ele ainda pode
ser considerado relativamente baixo. "Como os próprios autores do estudo
reforçam, a ameaça ligada aos métodos contraceptivos é pequena. Por isso, não
há motivo para pânico – vale apenas avaliar se no seu caso, a pílula traz mais
riscos do que benefícios", afirma a Dr. Samora.
Homens também podem ter câncer de mama
Assim como as mulheres, homens também apresentam
glândulas mamárias. Apesar da baixa incidência, o câncer de mama masculino pode
se manifestar e existe um alto percentual de mortalidade. Segundo a American
Cancer Society, cerca de 2.550 homens serão diagnosticados com câncer de mama
invasivo e cerca de 480 morrerão a cada ano.
Na maioria das vezes, o diagnóstico é tardio, já
que homens não costumam realizar a mamografia anualmente. "Para detectar
qualquer tipo de problema, é preciso que o homem realize o autoexame com
frequência, principalmente depois dos 50 anos para frente, que é a faixa etária
em que ocorrem mais casos do câncer de mama masculino", indica o Dr.
Daniel Gimenes.
Exercícios são fundamentais para a prevenção e
tratamento
A prática de exercícios é fundamental para uma vida
saudável e, cada vez mais pesquisas mostram uma ligação direta com a prevenção
e o tratamento do câncer. Um estudo publicado na revista científica Cancer
Epidemiology, feita pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard,
Universidade de Cambridge e Universidade de Queensland, mostrou que cerca de 10
mil novos casos de câncer poderiam ser evitados com a prática da atividade
física.
"O movimento regular faz com que sejam
eliminadas do sangue as moléculas de gordura, chamadas de lipídios, que servem
como forma de alimento para as células tumorais. Isso significa que os
exercícios dão um suporte extra para que o corpo possa combater o inimigo,
reduzindo suas chances de crescimento", afirma o oncologista Dr. Daniel
Gimenes.
A melhora nos índices de resposta contra o tumor de
mama pode ser obtida a partir de mudanças leves na rotina, cerca de 150 minutos
de atividade física semanal, ou seja, 20 minutos por dia, já fazem a diferença.
Histórico de câncer de mama na família aumenta a
probabilidade, mas não é fato que vá desenvolver a doença
Os cânceres hereditários se desenvolvem quando uma
pessoa nasce com alterações herdadas da mãe ou do pai. Isso pode representar um
fator de risco para o câncer de mama, mas a genética familiar ainda presenta um
percentual baixo de todos os diagnósticos da doença. "Estima-se que entre
5 e 10% dos casos de câncer têm um forte componente hereditário, quando uma
mutação transmitida de geração para geração é responsável por aumentar as
chances de uma pessoa desenvolver a doença", comenta o Dr. Gimenes.
Os testes genéticos podem auxiliar no diagnóstico
precoce da doença, mas são indicados apenas quando há um alto risco de mutações
associadas ao histórico familiar de câncer de mama em parentes próximos (mãe
e/ou irmã) e que tenham apresentado tumores com idade inferior aos 50 anos.
Reposição hormonal aumenta riscos de câncer de
mama?
A reposição hormonal é muito utilizada para
amenizar os sintomas da menopausa, mas muitas mulheres sentem-se inseguras em
relação à segurança do tratamento. Até o momento, não há nenhum estudo que
comprove efetivamente a relação entre a reposição hormonal e o aumento do risco
de câncer de mama, contudo se sabe que muitos tumores podem se desenvolver mais
rápido por conta dos estímulos hormonais.
"Assim como no caso do anticoncepcional, a
reposição hormonal apresenta um risco aumentado, mas ele ainda pode ser
considerado relativamente baixo", salienta a oncologista Michelle Samora.
Mulheres que já tiveram câncer de mama, histórico familiar da doença ou alguma
pré-disposição genética, o estímulo hormonal deve ser avaliado com cautela e
sempre com acompanhamento médico.
Grupo
Oncoclínicas
Nenhum comentário:
Postar um comentário