Segundo oncologista, em alguns anos a doença será a
maior causa de morte. Só este ano, 9,6 milhões pessoas em todo o mundo morrerão
em decorrência de algum tumor, de acordo com a OMS
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
o Brasil já su
perou a marca de 30 milhões de idosos e a expectativa é que em 2031 o
número de idosos ultrapasse o de crianças entre 0 e 14 anos, levando o país a
ter a quinta maior população de idosos do mundo. “Provavelmente, quando isso
acontecer, o câncer será a maior causa de morte em todo país e não mais as
doenças cardiovasculares, como hoje”, afirma o médico Vinícius Corrêa da
Conceição, oncologista do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia.
Há 100 anos, a principal causa de morte eram as doenças
infectocontagiosas. Algumas delas quase levaram ao desaparecimento de
civilizações e cidades inteiras como a peste negra, na Europa medieval, e a
febre amarela, que quase tirou Campinas, município do interior de São Paulo, do
mapa no final do século XIX. Já no século XX, fatores associados às mudanças no
estilo de vida – como elevação do sedentarismo e dietas ricas em gorduras e
frituras – as doenças cardiovasculares saltaram para o primeiro lugar nas
causas de morte. “Entretanto, a medicina continuou avançando e, apesar de todo
estilo de vida distorcido no qual as pessoas estão inseridas, aumentou o número
de pacientes sobreviventes de algum distúrbio cardíaco ou vascular. E, nesse
período, a incidência de câncer ficou mais forte”, aponta o especialista.
Segundo o médico, que é assistente da Oncologia da Unicamp, com função
docente junto aos graduandos da medicina e residentes da disciplina de
oncologia, a medida que vivemos mais, passamos a conviver com condições antes
consideradas mais raras. “E uma delas é o câncer, uma doença causada pelo nosso
próprio organismo, muitas vezes induzida por fatores externos e evitáveis, mas
que certamente tem relação direta com o envelhecimento. A maioria dos tumores
aparecem em idades mais avançadas e são relativamente raros em indivíduos mais
jovens, com algumas exceções”, afirma.
Como o oncologista afirmou, alguns tumores têm relação direta com a
idade, como por exemplo, o câncer de próstata. Sua incidência aumenta
vertiginosamente após os 60 anos e, de acordo com Vinícius, pesquisas apontam
que quase 100% dos homens teriam câncer de próstata se vivessem até os 150
anos.
“Dados de biópsias realizadas em necropsias de homens que morreram de
outras causas e não sabiam ter câncer, mostram que nesses homens foi encontrado
câncer de próstata em até 80% deles quanto tinham mais de 75 anos no momento da
morte”, conta.
Mais diagnósticos e também mais cura
O número de mortes em razão de câncer deve chegar a 9,6 milhões neste
ano em todo o mundo. Já o total de novos casos deve atingir 18,1 milhões. A
estimativa é de um recente estudo divulgado na primeira quinzena de setembro
pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre Câncer (IARC), órgão vinculado
à Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o estudo, um em cada cinco homens
e uma em cada seis mulheres devem desenvolver câncer em algum momento da vida.
Já as mortes decorrentes da doença devem acometer um a cada oito homens e uma a
cada onze mulheres.
“O aumento da incidência de câncer se deve a diversos fatores, incluindo
o crescimento e o envelhecimento da população. Hoje, são raríssimas as pessoas
que não tem um caso de câncer na família ou entre conhecidos próximos. E,
apesar da ascensão desta doença, também é cada vez maior o número de pacientes
que encontram a cura. Os métodos diagnósticos melhoraram e, com isso,
descobrimos mais pacientes com câncer, mas também fazemos o diagnóstico mais
cedo. As técnicas cirúrgicas avançaram e inegavelmente surgiram melhores
tratamentos como quimioterapias mais eficazes. E com o maior entendimento da
biologia molecular e imunologia, as terapias alvos e imunoterapias vêm ganhando
mais espaço com resultados inimagináveis há 10 anos”, afirma Vinicius.
Segundo o oncologista, a forma mais clara de diminuir as chances de ter
um câncer ao envelhecer é tomar medidas preventivas ao longo da vida. “Evitar o
álcool e o cigarro, fazer atividades físicas regulares e ter uma dieta
saudável, diminuindo a quantidade de gorduras, frituras e embutidos ingeridos.
Somente a prevenção pode fazer com que cheguemos à terceira idade mais
saudáveis e evitar um boom do câncer nas próximas décadas”, conclui.
Vinícius Correa da Conceição - oncologista graduado pela
Unicamp, visiting fellow no serviço de oncologia do Instituto Português de
Oncologia (IPO). Médico assistente da Oncologia da Unicamp, com função docente
junto aos graduandos da medicina e residentes da disciplina de oncologia. Como
membro do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, Vinícius é oncologista
do Hospital Vera Cruz, no Instituto Radium de Campinas e do Hospital Santa
Tereza. Membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da
Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO).
Sobre o Grupo SOnHe
O Grupo
SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia, é formado por oncologistas e
hematologista que fazem o atendimento oncológico humanizado e multidisciplinar
no Hospital Vera Cruz, Hospital Santa Tereza e Instituto do Radium, três
importantes centros de tratamento de câncer em Campinas. A equipe oferece
excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética,
científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre
comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado pelos oncologistas: André
Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinicius Correa da Conceição, Vivian Castro
Antunes de Vasconcelos, Adolfo Scherr, Rafael Luiz e Fernanda Proa
Ferreira.
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