quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Como ajudar a prevenir o suicídio? Especialista detalha; SC é o segundo estado em número de casos


Campanha de conscientização e prevenção do suicídio reforça a importância do diálogo e dos cuidados com saúde mental no país


Quarta maior causa de morte entre os jovens no Brasil, o suicídio é considerado um comportamento resultante de um conjunto de fatores diversos, como experiências traumáticas, dificuldades na primeira infância, vulnerabilidade psíquica e genética. Os dados preocupam: um estudo do Ministério da Saúde, realizado entre 2011 a 2016, apontou um aumento de mais de 200% das tentativas de suicídio, a maioria na região Sudeste e Sul do país e na faixa etária de 10 a 39 anos.

Em Santa Catarina, a situação é ainda mais preocupante, já que o estado é o segundo em número de suicídios a cada 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul segundo o Mapa da Violência. Iniciada em 2015, a campanha  brasileira Setembro Amarelo visa a prevenção ao suicídio, dedicando o mês de setembro para a conscientização e prevenção desse problema de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, ele pode ser evitado em 90% dos casos - a meta da Organização Mundial de Saúde é, até 2020, reduzir em 10% os casos de suicídio.


Dor é de dentro pra fora, assim como a cura: como ajudar na prevenção do suicídio

Segundo o treinador neurocomportamental Alex Cavalcante, graduando em em Psicanálise clínica pelo IBPC e mestrando em Psicologia Clínica e da Saúde na Universidad Europea del Atlántico, verbalizar é essencial para a prevenção dos casos de suicídio. Por isso, a importância de uma atenção redobrada da família e amigos para indivíduos com tendências suicidas, bem como serviços públicos de saúde mental como o Centro de Valorização da Vida (CVV) e os  99 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em diversos municípios de Santa Catarina, em diferentes modalidades - outros 23 estão em fase de implantação.

“No suicídio, entender alguns aspectos fisiológicos pode ajudar a entender e até prevenir. O cérebro capta as informações da nossa fala, o que promove um processo neural do sistema nervoso central. Ele capta, interpreta, armazena e comanda. Quando falamos, nos ouvimos e assim podemos acessar o lugar da emoção em que o incômodo estava preso, e aí começar um processo de autoconhecimento”, explica. 


O diálogo como ferramenta preventiva

Segundo Cavalcante, o pensamento é repleto de mecanismos de defesa e de algumas armadilhas também. Quando o pensar está sofrendo, ele sofre dentro deste campo de batalha interior, que pode ser então facilmente sabotado e enganado, propondo um negativo jeito de dar um basta nesse sofrimento, nessa dor psíquica, geralmente da forma mais cruel, surgindo aí o niilismo, que é o total e absoluto espírito destrutivo, em relação ao mundo circundante e ao próprio eu. “Para ajudar a prevenir o problema, é necessário levar o paciente a compreender o que está acontecendo, fazê-lo enxergar por outros ângulos onde ele não deixou de ser especial, único e de valor, independente do que esteja ou tenha acontecido. Ele entra em um processo de aceitação e com essa nova vivência, muito bem gerenciada emocionalmente, ele acaba colocando para fora esse sentir e acontece a liberação," detalha o especialista.

Segundo Cavalcante, falar é muito importante, tanto no aspecto preventivo como no atendimento direto de um paciente com tendências ao niilismo. Ao verbalizarmos, acontece um fenômeno de bumerangue que volta e se desloca imediatamente para o pensamento, causando a consciência. Isso porque que o ato de falar toma uma forma  com a dinâmica e a força da voz.

“Nos ouvimos quando falamos e, nesse processo, entender e definir nossos sentimentos é preciso. Podemos modificar nosso funcionamento orgânico a partir de nossas experiências vividas ou ressignificadas. A dor realmente aparece quando, internamente, não conseguimos acessar recursos para avançar nas nossas fragilidades e acabamos num processo de “boicote” intenso. Compreender e se movimentar nesta direção é um passo importante”, explica.

Amigos e familiares podem apoiar o paciente inicialmente, inclusive se dispondo a ouvi-lo, mas nada substitui a atuação de um profissional da saúde mental durante o processo preventivo e de tratamento de episódios depressivos. Nesses casos, é indispensável o acompanhamento clínico do indivíduo, com profissional de saúde adequado, para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível, evitando evoluções do problema.

“Com base na TCC (terapia cognitivo-comportamental) é preciso interpretar os acontecimentos emocionais, buscar os seus devidos significados e o que eles nos proporcionam de sensações. Esse é um processo consciente que precisa ser levado muito a sério, considerando uma devida atenção com ajuda profissional. Em uma terapia cognitivo-comportamental, o indivíduo tem um contato direto com a consciência dos comportamentos e por ele, transforma seus modos, seus ambientes,  desencadeando fatores de mudanças cognitivas”, afirma.


Tratamentos preventivos e para casos de episódios depressivos

De acordo com Alex Cavalcante, a cura só se torna possível quando encontrada a causa. Assim, uma mentoria clínica pode elucidar o episódio depressivo por experiências compartilhadas. Numa abordagem psicanalista, por exemplo, o paciente poderá se deparar com um ponto de vista do inconsciente como uma possibilidade de tratamento desses sentimentos reprimidos, muitas vezes parecem sem sentido, sem eclodir significados.

"Dor psíquica é de dentro pra fora, assim como a sua cura”, afirma o especialista. Um caminho de autoconhecimento com ajuda especializada é o passo mais importante neste momento”, finaliza.





Alex Cavalcante - Diretor Executivo de Planejamento e Criação do Grupo PRODUZA®, Treinador Neurocomportamental na Cavalcante Training©. Líder cristão, publicitário, compositor e instrutor de Design Thinking, formado em Marketing Estratégico e MBA em Administração de Negócios na Comunicação & Propaganda. Tutor, Mentor & Coach pela Lumen Development Institute™. É fundador e idealizador do Programa Marketing Empreendedor & Programa Marketing Digital no Brasil. Estuda Neuropsicologia e psicanálise. É autor do serial books 140 Caracteres e Uma Reflexão e do método company VQV da Superprodutividade, além de diversos artigos acadêmicos e científicos em Saúde Integral, Inteligência emocional, com ênfase de estudos em Neurociência, especializados em personalidade, comportamento e espiritualidade. Escreve conteúdos e reúne obras acadêmicas sobre comportamento, psicologia e neurociência no portal social do Instituto Neuropsico. Graduando em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá, Psicanálise clínica pelo IBPC, e Mestrando em Psicologia Clínica e da Saúde na Universidad Europea del Atlántico.

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