quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Cirurgia de tireoide: mitos e verdades


 Estudos médicos apontam que 60% da população brasileira terá nódulos na tireoide em algum momento da vida. Conheça os sinais reais de alerta


Os números são altos e os dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia indicam que 6 a cada 10 pessoas no País terão nódulos na tireoide ao longo da vida. Felizmente, apenas 5% destes casos são malignos. Mas, o susto de um paciente ao notar algo errado com a sua glândula é enorme e por isso é importante atentar-se ao que deve ou não ser considerado nestes casos.

Para o cirurgião de cabeça e pescoço especialista em tireoide, Dr. Emerson Favero, “os nódulos tireoidianos são muito frequentes em especial nas pessoas com mais de 50 anos. O que sempre indico é que o paciente ao suspeitar de algo, procure acompanhamento médico e realize os exames necessários, para evitar um sofrimento desnecessário, uma situação que gera ansiedade e estresse”, explica.

Confiar no médico escolhido para buscarem juntos um diagnóstico é fundamental nesta etapa. “Muitos nódulos são benignos e não precisam de cirurgia, apenas de acompanhamento clínico. A tireoide é muito importante para o organismo pois é a glândula é responsável pela produção, armazenamento e liberação de hormônios. Por isso, a atenção aos exames e ao diagnóstico correto”, afirma.  

Para ajudar a entender um pouco mais sobre os nódulos da tireoide e sobre as indicações de tireoidectomia, o Dr. Emerson Favero listou alguns mitos e verdades sobre o assunto. Confira:


Realizar a cirurgia de tireoide indica câncer.

Mito: a tireoidectomia total é indicada sim em casos de nódulos malignos, mas também é uma solução para os casos de incômodo e desconforto do paciente, seja pelo posicionamento do nódulo, seja pelo comprometimento da respiração, seja por prevenção ou estética. Sempre o protocolo deve ser definido após exames específicos e avaliação médica.


Um nódulo visível sempre será caso cirúrgico.

Mito: independente do tamanho do nódulo e se é um ou se são mais, todos os casos só serão indicativos de cirurgia após a realização de exames específicos. O tamanho do nódulo pode indicar cirurgia caso esteja prejudicando a respiração do paciente, por exemplo, mas sempre só será definido após os exames obrigatórios. Em alguns casos, o nódulo é pequeno, mas os testes apontam algum nível de comprometimento que indica intervenção cirúrgica. O tamanho do nódulo não está relacionado ao diagnóstico. Por isso, sempre avalie com o seu médico.


A tireoidectomia total (retirada de toda a tireoide) obriga o paciente a se medicar pelo resto da vida.

Verdade: após o procedimento cirúrgico, os pacientes deixam de produzir hormônios tireoidianos e por isso passam a ter hipotireoidismo, que é a não atividade da glândula. Com isso, devem repor os hormônios com medicação diariamente ao longo de toda a vida.


A cirurgia de tireoide é de alto risco.

Mito: envolve riscos como qualquer intervenção cirúrgica, mas a remoção parcial ou total da glândula têm índices baixos de complicações, variando entre 0,4 a 5%.


Quem remove a tireoide, perde a voz.

Mito: a alteração da voz pode ocorrer, pois a glândula da tireoide fica muito próxima do nervo laríngeo. Caso ocorra alguma lesão durante o procedimento cirúrgico, pode haver alteração ou comprometimento das cordas vocais. Mas não pode-se dizer que é uma condição garantida de quem se submeter à cirurgia.






Prof. Dr. Emerson Favero - Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (TCBC) e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, onde é membro do comitê de Bioética, é professor de Técnica Cirúrgica, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Bioética e Deontologia Médica da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). 


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