Doença atinge uma em cada quatro pessoas com
mais de 65 anos e incidência é maior nas com baixa escolaridade
Aproximadamente 18% dos idosos com diabetes nos Estados Unidos são tratados de
forma inapropriada; ou por excesso de medicamentos ou por subtratamento, revela
um estudo publicado recentemente no Journal of General Internal Medicine. A
pesquisa foi feita com base nos dados de 78 mil pacientes com mais de 65 anos
em dez estados dos EUA – as informações são do Medicare, programa de
assistência médica do governo federal americano.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Dr. João Eduardo Nunes
Salles, afirma que um terço dos idosos apresenta algum tipo de alterações no
metabolismo da glicose. “É fundamental atentar-se às particularidades que
tangem o tratamento do diabetes, não apenas medicamentoso, mas comportamental e
nutricional. Além do avanço do sedentarismo e da obesidade, o envelhecimento
populacional também tem grande impacto no aumento dos casos de diabetes”,
avalia.
No Brasil, segundo levantamento da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do
Ministério da Saúde, o diagnóstico da doença aumentou 54% na população masculina
entre 2006 e 2017, atingindo 7,1% dos homens adultos. Contudo as mulheres ainda
são as principais vítimas da doença, com 8,1% no último ano. A SBD estima que
16 milhões de brasileiros foram diagnosticados com a doença.
Salles alerta também para a importância do controle da doença, sobretudo para
diminuir o risco de cardiopatias – segundo a International Diabetes Federation,
pessoas com mais de 60 anos e portadoras de diabetes tipo 2 têm um risco de
três a quatro vezes maior de morrer por doenças cardiovasculares.
“Há alternativas terapêuticas capazes de controlar o diabetes e suas
complicações. Conhecimento e acesso a tratamentos adequados são fundamentais
para preservar a doença no idoso, aumentando sua expectativa e qualidade de
vida”, atesta o especialista.
O geriatra Renato Bandeira de Mello, diretor científico da Sociedade Brasileira
de Geriatria e Gerontologia (SBGG), faz uma ponderação e explica a necessidade
de avaliação ampla ao idoso diabético para racionalizar tanto o diagnóstico
como o tratamento dessa condição. “Saber avaliar o idoso de forma
multidimensional é fundamental para o processo de tomada de decisões clínicas.
Por exemplo, em pacientes com Doença de Alzheimer com comprometimento cognitivo
importante ou quando há limitações e vulnerabilidade físicas em decorrência de
outras doenças graves, o excesso de exames e tratamentos, assim como o controle
rígido do diabetes podem aumentar o risco de complicações e prejudicar a
qualidade de vida desses pacientes”.
O especialista também destaca que, por meio da Avaliação Geriátrica Ampla, é
possível identificar em outro extremo os idosos robustos, em que a idade
isoladamente, mesmo quando superior a 80 anos, não limita a indicação dos
tratamentos com objetivo de controle de complicações a médio e longo prazo.
“Nos idosos plenamente funcionais, mesmo que longevos, não se deve restringir
tratamentos somente pela idade em si. Este é um equívoco que pode levar ao
subtratamento de condições controláveis”. Sendo assim, recomenda-se que as
indicações de exames, procedimentos e tratamentos sejam ponderadas
individualmente de acordo com a funcionalidade daquele idoso.
A SBGG, no documento “Escolhas Sensatas na Assistência ao Paciente Idoso”,
aponta que o controle rígido dos níveis glicêmicos em idosos frágeis pode
trazer mais riscos do que benefícios, sobretudo quando há hipoglicemias graves
ou recorrentes. Baseado nesta ponderação, recomenda-se não prescrever
medicamentos com intuito de atingir alvos de hemoglobina glicada menor que 7,5%
em idosos diabéticos com declínio funcional e/ou cognitivo ou em extremos
etários.
Sobre a SBD
Filiada à International Diabetes Federation (IDF), a Sociedade Brasileira de
Diabetes é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em dezembro de
1970, que trabalha para disseminar conhecimento técnico-científico sobre
prevenção e tratamento adequado do diabetes, conscientizando a população a
respeito da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Também
colabora com o Estado na formulação e execução de políticas públicas voltadas à
atenção correta dos pacientes, visando a redução significativa da doença no
Brasil.
Sobre a SBGG
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), fundada em 16 de
maio de 1961, é uma associação civil sem fins lucrativos que tem como principal
objetivo principal congregar médicos e outros profissionais de nível superior
que se interessem pela Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o
desenvolvimento e a divulgação do conhecimento científico na área do
envelhecimento. Além disso, visa promover o aprimoramento e a capacitação
permanente dos seus associados.
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