Esse
resultado indica que cerca de 4% da população brasileira sofre com os
diferentes tipos de câncer
Uma
pesquisa feita pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com a colaboração da Harvard
University (Estados Unidos), em abril de 2018, concluiu que mais de 15 mil
casos de câncer poderiam ser evitados com a redução de peso. Esse resultado
significa que cerca de 4% da população brasileira sofre com os diferentes tipos
de canceres.
Numa
projeção futura, a situação é ainda mais alarmante, podendo agravar ao longo
dos próximos sete anos. A pesquisa apontou que em 2025 a estimativa de
pacientes cancerígenos atribuídos à obesidade e ao sobrepeso esbarrará num
percentual de 5%, índice que atingirá em média 29 mil pessoas em todo o Brasil.
Especialistas
concluem que toda essa situação decorre aos novos hábitos alimentares da
população. “Vivemos uma fase de transição nutricional. Tornou-se uma epidemia
no Brasil o consumo de alimentos calóricos com quantidade elevada de açúcar,
sal e gordura. A partir disso, nos últimos 10 anos, houve um aumento nas prevalências
da obesidade o que acabou causando um aumento no número de cânceres”, explica
Dr. Henrique Eloy, especialista em cirurgia e endoscopia bariátrica e
gastroenterologia.
Para
o estudo, a pesquisa feita pela FMUSP e Harvard calculou a fração atribuível
populacional (FAP) do câncer relacionado ao índice de massa corporal (IMC)
elevado. A conclusão foi que entre os 400 mil diagnósticos anuais, cerca de 4%
estavam ligados ao IMC elevado. A situação é mais preocupante entre as
mulheres, nas quais 5,2% foram enquadradas – isso graças aos cânceres de
ovário, útero e mama, exclusivos da população feminina.
Para
os pacientes gerais (homens e mulheres) destacam-se outros 11 tipos da doença.
Entre elas cólon, reto, vesícula biliar, rim, fígado, mieloma múltiplo,
esôfago, pâncreas, próstata, estômago e tireoide. De acordo com o médico, essas
regiões são alvo do acúmulo de gordura, consequência dos maus hábitos
alimentares e também do maior consumo de produtos processados. “Isso sem contar
o sedentarismo, o consumo de álcool, tabagismo e o fator genético – alguns
indivíduos são mais propícios a engordar do que outros por questões hormonais”,
esclarece Henrique Eloy.
Para
reverter o quadro, Dr. Henrique Eloy aconselha mais atenção com a dieta e a
prática de exercícios físicos. “Eu sei o quão a agenda do brasileiro do século
XXI é apertada e corrida, mas é por conta desse aperto que precisamos redobrar
a atenção à saúde. Inserir o esporte no cotidiano é uma obrigação universal,
assim como manter uma boa alimentação e não deixar a consulta periódica com o
seu médico de lado”, afirma.
Mais dados sobre a obesidade e o câncer
Segundo dados do IBGE, 40% da população brasileira
tinha sobrepeso ou obesidade em 2002. Já em 2013, o total subiu para
aproximadamente 60%. Considerando os mesmos fatores da pesquisa realizada pela
FMUSP e Harvard, estimou-se que em 2012, cerca de 10 mil casos de câncer
em mulheres e 5 mil casos em homens eram atribuíveis ao excesso de peso e
obesidade aferidos dez anos antes.
Atualmente, de acordo com a pesquisa, o número de
pessoas que poderiam reduzir o percentual de gordura para evitar o câncer é
maior no Sul do país (3,4% de mulheres para 1,5% de homens) e Sudeste (3,3% de
mulheres para 1,5% de homens).
Entre as mulheres, destaque
para o Rio Grande do Sul (3,8%), Rio de Janeiro e São Paulo (ambos 3,4%). Já
nos homens, temos altas nos estados do Mato Grosso do Sul e Sudeste São Paulo
(ambos 1,7%).
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