O assunto ainda é delicado quando se fala em vagas
de emprego para pessoas com necessidades específicas. Pela legislação, são
consideradas pessoas com deficiência as que apresentam perda ou irregularidade
em sua estrutura, seja ela psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere
incapacidade ou dificuldade para o desempenho de atividades consideradas
comuns. Dentro deste quadro, as empresas brasileiras que possuem de 100 a 200
funcionários, devem contratar, no mínimo, 2% de pessoas neste perfil. Acima de
mil funcionários, o número sobe para 5%.
Segundo Cezar Antonio Tegon, presidente
do Elancers Corporate e CEO do Vagas Online, no mercado há
muitas chances para pessoas com deficiências (PCDs), porém há dificuldades
diversas para preenchê-las. “Apesar de termos esta lei há 22 anos, ainda há
muitas empresas que não cumprem as cotas e recebem multas pesadas. Podemos
dizer que há vários fatores para este cenário como falta de engajamento das
empresas em contratar pessoas com deficiência, preconceito de áreas e gestores
que resistem à ideia de gerirem pessoas com deficiência, problemas de acesso as
vias públicas e transporte, dificuldade na adaptação destes profissionais na
empresa e o principal motivo, a baixa qualificação dos PCDs”, explica.
O recrutador ainda ressalta que o número de
contratações por empresas que não são obrigadas por lei é ainda menor. “A
grande questão é que infelizmente as empresas enxergam este tema como um grande
desafio a ser vencido. Há necessidade de um trabalho bem mais profundo de
desmistificação das deficiências e um melhor entendimento de como lidar com
estas pessoas adequadamente. Fomos criados para não comentar ou não nos
aproximarmos de pessoas deficientes, então essa “censura” dificulta há anos o
acesso da sociedade a informações sobre este público”, ressalta.
Existem diversos motivos para os pessoas com
deficiências encontrarem dificuldades no mercado de trabalho e, por isso, Cezar
Tegon revela dicas importantes para reverter este quadro.
Qualificação: 61% dos deficientes não
possuem nem o ensino médio completo. Apenas 6,7% possuem curso superior. Este
fato se dá por vários motivos sendo a acessibilidade um dos principais
impeditivos do acesso dos deficientes à qualificação.
Oportunidade: As pessoas
só são contratadas por empresas que precisam desesperadamente cumprir a cota.
Dificilmente encontramos uma empresa que realmente está engajada com esta
causa. As oportunidades também são mais frequentes para pessoas que tenham
deficiências leves que exijam pouca ou nenhuma adaptação da empresa para
recebe-los. Portadores de deficiência física, visual, auditiva e mesmo
intelectual são pessoas que encontram poucas oportunidades de trabalho
infelizmente.
Currículo: Como os deficientes tem poucas
oportunidades, dificilmente terão um currículo e experiências anteriores
significativas para concorrer no mercado de trabalho, somado ao fato da baixa
qualificação.
Continuidade: Há várias
questões aqui. A continuidade às vezes não ocorre por decisão do PCD em virtude
das dificuldades de acesso ou de adaptação à empresa, podendo também partir da
empresa que não consegue gerir adequadamente aquele recurso em sua estrutura.
Incentivo: Há várias ONGs e empresas
privadas que são hoje grandes facilitadores da introdução e qualificação destes
profissionais no mercado de trabalho. As empresas precisam conscientizar-se de
sua responsabilidade e efetivamente contratarem estes profissionais, implantarem
uma cultura receptiva nas áreas, informando os colaboradores sobre como
conviver adequadamente com estas pessoas. Não vamos esquecer que os PCDs são
profissionais que têm suas aspirações, querem fazer um bom trabalho e obter
reconhecimento. E neste ponto as oportunidades devem ser geradas na empresa com
treinamento adequado, estímulo à integração com todas as áreas e criação de um
ambiente receptivo e construtivo para esta iniciativa.
Cezar
Antonio Tegon - Graduado em Ciências Sociais, Administração de
Empresas e Direito. É Fundador e CEO da Elancers, multinacional brasileira
no segmento de sistema de gestão de recrutamento e seleção, Fundador e CEO do
Vagas Online e Sócio Diretor da Consultants Group by Tegon. Com
experiência de 30 anos na área de RH, é pioneiro no Brasil em construção e
implementação de soluções informatizadas para RH, como o
VagasOnline.com.br, um dos maiores sites de emprego do País. Palestrante
em vários congressos e universidades sobre temas relacionados à Gestão de Pessoas,
Perfil Comportamental e Tecnologia da Informação.
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