quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Leite materno pode fazer glândula responsável pela imunidade dobrar de tamanho


Especialista explica por que e dá dicas de outras medidas que podem ajudar



 Que o leite materno é um superalimento para o bebê, todo mundo concorda. Diversos estudos têm demonstrado o quanto ele pode fazer diferença, não somente na primeira infância, mas durante toda a vida. É possível, inclusive, comprovar como a ação do aleitamento pode modificar o organismo, para melhor. “Pesquisas feitas por meio de medidas ultrassonográficas mostram aumento do órgão chamado ‘timo’ em crianças de 4 meses de idade com amamentação exclusiva no peito, em comparação com as que não mamavam. O timo é um dos órgãos responsáveis pela imunidade e formação de anticorpos”, explica o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Gustavo Mury.

O aumento da glândula é bem substancial, chegando a dobrar de tamanho. “Isso mostra o quanto os componentes do leite materno são importantes na formação e amadurecimento do sistema imunológico infantil”, diz o médico. Além desse crescimento do timo, um estudo divulgado no jornal oficial da Academia de Pediatria Americana mostrou redução nas infecções de garganta, ouvido e seios paranasais – as mais comuns na infância – em crianças que se alimentaram exclusivamente no peito até os 6 meses de idade. Os benefícios da amamentação vão além dos primeiros meses, reduzindo o número de consultas médicas e episódios de rinossinusites até os 6 anos de vida.

O ato de sugar também tem um importante papel no desenvolvimento estomatognático – composto pelos músculos, dentes, ossos e nervos da cabeça e pescoço -, levando ao crescimento harmônico do maxilar e arcos dentários. “Enquanto a respiração, a deglutição e a mastigação devem se desenvolver paralelamente na criança, existem diferenças no aprendizado destes movimentos coordenados entre aquelas amamentadas no peito e na mamadeira”, detalha o especialista. O hábito alimentar da mamadeira pode levar ao desenvolvimento de modos de sucção não nutritivos, gerando má oclusão dentária que repercute na vida adulta, caso não seja diagnosticada a tempo.

Além disso, os nutrientes e minerais presentes no leite materno são mais facilmente absorvidos pelos bebês, contribuindo com a mineralização dos dentes, aumento da imunidade e supressão da propagação de bactérias na boca e parte superior do aparelho respiratório. A amamentação ajuda ainda na prevenção de alergias. Um levantamento feito em mais de mil artigos científicos publicados pelo mundo, entre 1983 e 2012, mostrou redução dos riscos para o desenvolvimento da asma até os 2 anos de idade nas crianças que mamaram no peito. “Embora de forma não tão clara, parece existir benefício até a idade escolar na redução desses índices”, diz o otorrinolaringologista.

Como medida complementar para fortalecer a imunidade das crianças pequenas, o médico recomenda a lavagem nasal com soro fisiológico. “Ela deveria ser feita em todas as idades como um hábito diário, da mesma forma que escovar os dentes, pois é uma medida que complementa o combate às infecções das vias aéreas, sendo mais eficaz que o uso de antibióticos no tratamento de sinusites”. Ter uma alimentação saudável, praticar esportes, evitar o tabagismo, manter a casa sempre limpa, evitar contato com produtos químicos e consultar regularmente o médico são algumas das medidas que auxiliam na prevenção de doenças na primeira infância. A amamentação, nesse cenário, deve sempre ser incentivada. “O aleitamento materno é ainda a forma mais simples e com melhor custo-benefício para prevenir infecções e alergias. É a melhor proteção que se pode dar para o bebê”, finaliza o médico do CEMA.





 

Instituto CEMA


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