quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Doenças podem voltar a atingir a população brasileira devido a diminuição do número de pessoas vacinadas



Entre os dias 6 e 31 de agosto, ocorre a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o sarampo em todo o território brasileiro. Nos municípios abrangidos pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, o objetivo é imunizar um total de 15.128 crianças com idades entre 1 ano até 4 anos 11 meses e 29 dias.

A preocupação com essas doenças é grande, pois, apesar de dados recentes demonstrarem que em 2017, o mundo bateu o recorde de vacinação infantil, tivemos redução das taxas de imunização no Brasil e estamos abaixo da meta recomendada pelo Ministério da Saúde para diversas vacinas. 

Segundo a ONU, a cada dez crianças no mundo, nove foram vacinadas pela tríplice bacteriana, que protege contra a difteria, tétano e coqueluche. No Brasil, a cobertura dessa vacina declinou de 90%, em 2015, para 78,2%, no ano passado. Ainda conforme o Ministério da Saúde, a vacinação de bebês e crianças teve no ano passado, a menor taxa dos últimos 16 anos.

A OMS e a Unicef também apontaram que a cobertura vacinal contra o sarampo e a rubéola já chegou em cerca da metade da população mundial em 2017. Durante o período entre 2016 e 2017, foram registrados 173.330 casos de sarampo, sendo que 775 deles aconteceram no continente americano. Já a poliomielite foi registrada em 96 pessoas.

Neste mês de julho, o Ministério da Saúde enviou um alerta que aponta que doenças antes erradicadas no Brasil – como a sarampo, rubéola e difteria – voltaram a ocorrer em decorrência do não atingimento das metas de vacinação no país. O grande número de viagens internacionais, além do fluxo de imigrantes e refugiados de países que já possuem casos comprovados de poliomielite e sarampo são facilitadores do ressurgimento das infecções. 

O coordenador clínico da infectologia do Hospital Felício Rocho, Adelino de Melo Freire Júnior, explica que a partir de 2016 foi possível notar os primeiros sinais da diminuição das coberturas vacinais no país. “Naquele ano, o país recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do sarampo, mas neste ano já temos casos confirmados em vários estados, dentre eles, o Amazonas, Mato Grosso, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre janeiro e junho deste ano já foram contabilizados 1.686 casos, de acordo com dados da OMS”, aponta.

Em abril de 2018, a OMS emitiu um alerta sobre o risco de reintrodução do sarampo em cerca de dez países do continente americano como o Brasil, Argentina, Equador, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru, Antígua e Barbuda, Colômbia e Venezuela. 

No início de julho, o Ministério da Saúde expôs que em 312 municípios brasileiros – sendo 63 da Bahia e 44 de São Paulo –, menos da metade da população está vacinada contra a poliomielite.  A atual cobertura da vacina contra a pólio é de 77%, semelhante as taxas de 1995. No caso da poliomielite, o alerta da OMS sobre a doença no Brasil, também é influenciado pela proximidade da Venezuela, que já possui uma suspeita de caso da doença. Neste mesmo país foram notificadas 142 mortes por difteria, e em nosso país a doença pode ter atingido seis pessoas. No mundo, a difteria já atingiu mais de 16 mil pessoas em 2017, sendo 872 casos na região do continente americano.
Conforme dados do ministério, a cobertura vacinal contra a poliomielite chegou a 100% em 2000 e se manteve até 2014, quando começou a declinar e atingir a taxa de 78% em 2017. Já em relação ao sarampo, a cobertura da tríplice viral chegou a 100% em 2003, mas a partir de 2015, a cobertura deste tipo de vacina começou a declinar e chegou a cobrir 85,2% da população no ano passado.
Segundo Adelino de Melo, a imunização por meio de vacinas é considerada uma das grandes conquistas da ciência em termos de saúde coletiva. “As vacinas são eficientes para prevenir doenças e com isso trazem diversos benefícios associados como a prevenção de incapacidade causada por doenças, redução de consultas médicas e internações, redução de doenças crônicas, do uso de antibióticos e principalmente, a redução de mortalidade”, conclui.


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