Com aumento de
46,7% em seis anos, cirurgia bariátrica é opção para melhorar qualidade de vida
Em um país que já há 18,9% de obesos entre a população adulta em
capitais brasileiras, o excesso de peso passa a ser um problema sério de saúde.
A cirurgia bariátrica é uma alternativa para combater a obesidade e outras
doenças metabólicas, e o número de cirurgias realizadas entre 2012 e 2017
aumentou 46,7% no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica Metabólica (SBCBM).
Há, no entanto, várias técnicas cirúrgicas que atendem a propósitos
diferentes. Algumas delas proporcionam maior perda de peso, enquanto outras não
atrapalham a absorção de vitaminas, problema enfrentado por quase todos que
passam pelo procedimento.
De acordo com o Dr. Ivan Sandoval de Vasconcellos, quando bem indicada,
a cirurgia bariátrica muda para melhor a vida do paciente. “Há ganho de
qualidade de vida e redução da ocorrência - muitas vezes até mesmo com
resolução total – de outras doenças associadas à obesidade, como diabetes,
hipertensão arterial, colesterol alto e problemas nas articulações, como nos
joelhos”. Segundo o especialista, há também aumento da mobilidade, já que a
obesidade mórbida impede, muitas vezes, de o paciente praticar alguma atividade
física.
Existem hoje vários tipos de técnicas de
cirurgias bariátricas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM),
sendo as mais indicadas:
Bypass
gástrico: técnica mais praticada no Brasil, o bypass
gástrico corresponde a 60 a 70% das cirurgias bariátricas. Esse número é
alto por conta da eficácia e segurança da técnica. “É possível perder de 30% a
40% do peso total, ou 60% a 80% do excesso de peso por meio do bypass
gástrico”, explica Vasconcellos.
A técnica
consiste em grampear parte do estômago, reduzindo assim o espaço para os
alimentos, além de fazer um desvio no início do intestino, intervenção que
aumenta os hormônios da saciedade, reduzindo a fome, além de reduzir a
absorção de calorias e acelerar o metabolismo.
Gastrectomia
vertical (Sleeve): Dr. Vasconcellos explica que essa técnica consiste
em grampear apenas o estômago, reduzindo a capacidade normal para 80
ou 100ml. “Por não mexer no intestino, a perda de peso é um pouco menor do
que no by-pass gástrico, mas continua sendo totalmente satisfatório em casos
selecionados, já sendo um procedimento consolidado, já que é feito há pelo
menos 20 anos”, diz. "E tem algumas vantagens, principalmente quando
se trata da absorção de vitaminas, que é menos comprometida nesta
técnica".
Duodenal
switch: nessa cirurgia, que corresponde a 5% dos
procedimentos realizados no país, é retirado 60% do estômago. A técnica é uma
associação entre o desvio intestinal mais longo e a gastrectomia vertical. Com
ela, é possível perder até 85% do excesso de peso. Essa técnica pode ser
usada em casos de obesidade e diabetes mais graves, porém deve se pesar o risco
e benefício, pois é uma técnica que perde muitas vitaminas e nutrientes,
exigindo reposição mais intensa do que todas as outras técnicas.
Banda
gástrica ajustável: essa técnica é usada em 1% dos procedimentos
cirúrgicos no Brasil. Em desuso, consiste em instalar um anel de silicone
inflável ao redor do estômago. Por ser um corpo estranho dentro do organismo,
esse tipo de cirurgia pode eventualmente apresentar algumas complicações, por
isso é pouco praticada no Brasil.
Não é para
todo mundo
É
importante saber, no entanto, que a cirurgia bariátrica não pode ser feita
indiscriminadamente. Há pessoas, por exemplo, que acabam ganhando peso
propositalmente apenas para se encaixar nos padrões necessários que indicam a
realização da cirurgia, o que é prejudicial à saúde.
Dra. Raquel
Resende Silva, endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo,
explica que em pacientes com síndrome metabólica, caracterizada por obesidade
ou sobrepeso – e quando a mulher tem circunferência abdominal acima de 88cm e o
homem acima de 102cm – associado à hipertensão, aumento de triglicérides e
diabetes (ou pré-diabetes), a cirurgia pode ser indicada.
No entanto,
ela ressalta que é preciso ter passado por um período de dois anos de
acompanhamento regular com endocrinologista, com foco na perda de peso. Quando
as tentativas não funcionam, a cirurgia bariátrica pode ser indicada. “A
cirurgia tem suas indicações, principalmente para aquele paciente refratário ao
tratamento ou que tem diabetes de difícil controle associado à obesidade”,
diz.
Um
acompanhamento psicológico é também importante para que essa mudança de
estilo de vida seja feita com sucesso.
Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário