sexta-feira, 29 de junho de 2018

Violência sexual infantil: como identificar possíveis sinais


Especialista explica quais suspeitas devem ser investigadas e a importância da ajuda profissional


Ocorrências de abuso sexual contra crianças e adolescentes são mais frequentes do que se imagina. Entre 2011 e 2017, o País apresentou um aumento de 83% nos casos de violências sexuais contra crianças e adolescentes, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde.

Para a psicóloga do Hapvida Saúde, Anna Lívia Soares, o diálogo entre pais e filhos estabelecesse uma relação de confiabilidade, que se torna uma importante medida. "Orientar a não permitir que pessoas a toquem e fugir de abordagens suspeitas quando adolescentes. Importante também, que quando a criança tentar falar alguma coisa, que ela se sinta ouvida e acolhida. Ou seja, que o adulto não questione aquilo que ela está contando ou que tente responsabilizá-la por algo ocorrido", explica a especialista.

Os pais devem procurar ajuda profissional mediante suspeitas, assim os sinais e a atitudes diferentes podem ser investigadas. "Dependendo da estrutura emocional, apoio recebido, durabilidade do ocorrido, grau de agressividade ou da forma que foi conduzida a situação será possível eliminar traumas com o tempo", reforça Anna Lívia.

As vítimas tendem a desenvolver diversos distúrbios psicológicos, como, quadros depressivos, ansiedade, transtorno do pânico, tentativas de suicídio, instabilidade de humor, problemas de comportamento e rendimento escolar. "Existe também a possibilidade desse trauma seguir até a vida adulta", completa a especialista.

Mas como identificar que um menor de idade próximo está sofrendo com abusos? A psicóloga do Hapvida Saúde aponta os principais indícios:

• Variações de comportamento: a possível mudança no padrão de comportamento pode ser um fator facilmente perceptível, já que costuma ocorrer de maneira inesperada. Se a criança nunca agiu de determinada forma e, de repente, passa a agir, ou começa a mostrar medos que não tinha antes e mudanças extremas no humor. A alteração pode aparecer com relação a um indivíduo específico, o possível abusador, ou a uma determinada atividade.

• Rejeição: manifestar recusa e reprovação no que se refere ao abusador em diversas situações. Neste caso, vale o bom senso para identificar quando uma proximidade excessiva está fora do normal.

• Regresso a estágios anteriores: recorrer a comportamentos infantis que já tinha abandonado, por exemplo, fazer xixi na cama, voltar a chupar chupeta ou chorar sem motivo aparente.

• Segredos: para garantir o silêncio da vítima, o abusador pode fazer ameaças e chantagens ou usar presentes para construir uma relação. Por isso, explique aos pequenos que nenhuma pessoa mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com a mãe ou o pai.

• Questões ligadas à sexualidade: apresentar uma sexualidade mais visível. Em outras palavras, quando a criança nunca falou sobre o assunto e começa a criar desenhos similares a genitais ou brincadeiras de cunho sexual.

• Sinais físicos: sintomas de violência sexual que deixam marcas físicas, como lesões, hematomas, dores e inchações nas regiões genitais.

• Situações de negligência dentro do ambiente familiar: descuidos e irresponsabilidade colocam a criança em uma situação de maior vulnerabilidade, por exemplo, passar horas sem supervisão, sem apoio emocional da família e maus tratos sofridos em casa.

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