POR ENQUANTO
E a gente esperando gols. Pode até ser que em
algum campo lá da Rússia ainda saiam alguns, mas aqui na terrinha, quanto mais o
tempo passa, maior fica a aflição de como definir qual seleção entrará no campo
político ano que vem.
Toda hora lemos o
resultado de alguma dessas pesquisas “geniais”, que viram pano para manga para
as discussões estéreis. As mais cotadas são sempre as que falam dos candidatos
que estariam na frente. O engraçado é que sempre aparece aquele, o que já
foi, mas não é, não poderá ser, e que anda preso. Seguido pelo outro, a ameaça,
verdadeiro terrorismo, o contraponto, aquele sem noção que - sabe-se Deus,
literalmente, em quais alianças se fia - está nessa disputa sem ter feito até
agora nada que preste em seus, anote, sete mandatos na Câmara Federal,
esquecendo o tempo em que “nasceu” como vereador no Triste Rio. Sete! Sete
vezes quatro, igual a 28 anos. Nada. Só sandices.
Tenho a impressão que as
pessoas estão mesmo muito doidas, querendo jogar tudo para cima, bem pro alto,
que se exploda tudo, se é que me entendem, que não posso usar termos chulos. O
que dá pesquisas que mostram que 62% dos jovens querem deixar o país. Se querer
fosse poder, ah, também quero. Mais, eu mesma tenho exemplos de amigos que
ultrapassaram os 60 e não só queriam como já estão lá, morando fora, o que
exige uma coragem superior em muito à dos jovens.
O perigo é maior entre
os que se dizem desinteressados, que escutam o galo cantar soluções bruscas em
obviedades e nelas acreditam. Violência? Bala neles. E aí vemos como
normais as balas agora vindo até de cima, dos helicópteros, oficiais, sangrando
e matando crianças a caminho da escola? Fora a hipócrita e mascarada reação
moralista ao avanço da sociedade civil em questões da natureza humana que
jamais serão brecadas; eles podem achar que sim, que há “cura”, que a moral
deles é que é a boa. Não, queridos, essas partidas vocês perderam. Sinto muito.
Olhem para os lados.
Mesmo entre pessoas de
nível médio, cansadas do dia a dia de revelações sobre corrupção, roubos, e às
voltas com uma difícil sobrevivência como estamos em tempos de crise, o
desatino é grande. Como se pudessem se livrar das responsabilidades. Quem fala
mais grosso, acham, pode nos ajudar, como se assim fosse, acima da lei, da
organização social, da geopolítica. E, principalmente, acima do bom senso que
parece estar proibido de entrar nessa partida. Nossa sociedade mal preparada,
uma ampla maioria sem informação, sem estudos, sem compreensão dos fatos,
pode nos levar, sim, mas a um desastre ainda maior e de difícil conserto.
Agora, as tais pesquisas apontam que o placar final poderá ser decidido por
mulheres de baixa renda.
Às vezes também acho que
essas verificações de opinião, dependendo do momento, podem produzir o
paradoxo: fake news verdadeiras. Correm para onde o vento sopra, mas com um
ventilador ligado. Fico impressionada com a falta de qualidade dos questionários
– verifiquei isso todas as vezes em que fui “pega” para responder algum deles.
Os de faculdade, então, em geral são totalmente embandeirados, e os
pesquisadores jogam cumprindo tabela.
No meio do campo, a
bagunça é geral. As divididas, então, nos deixam mais caídos que o Neymar.
Porque se antes eram duas, agora as torcidas estão esfaceladas e pior: mais
rachadas no campo dos gols possíveis, ao centro e à esquerda.
Quer saber? A bola está
rolando mesmo muito solta por enquanto. O que preocupa, se não poderá ocorrer o
pior. Uma vitória por W.O. – já que estamos tão preocupados com futebol.
Marli Gonçalves – jornalista – Estou aqui fazendo
aquele sinal que pede o tal árbitro de vídeo, o quadrado riscado no ar. Quero
ver o que vai acontecer quando a campanha começar de verdade na tevê.
Brasil, 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário