Identificação de sinais e muito diálogo podem
evitar finais trágicos
A
opinião é do psiquiatra Ziyad Abdel Hadi, médico Maia Jovens, unidade para
atendimento exclusivo de crianças e adolescentes, da Clínica Maia,
especializada em saúde mental e dependência química. De acordo com o
especialista, alguns mitos podem impedir atitudes para auxiliar a criança ou o
adolescente. "Muitos suicidas comunicam, sim, o desejo antes de cometer o
ato e é necessário conversar abertamente sobre esse assunto, demonstrando
interesse e preocupação com o jovem", explica.
Notícias
alarmantes sobre o suicídio de estudantes a escolas particulares, em São Paulo,
deixaram pais, professores e donos de instituições em alerta ao problema que,
de acordo com o Ministério da Saúde teve aumento de mais de 30%, na faixa
etária.
O
alto padrão de desempenho exigido por escolas e pela família pode desencadear
um também alto nível de frustração em adolescentes e jovens. Para Dr. Hadi,
exigências familiares, somadas à convivência em um mundo cada vez mais
competitivo, consumista, em detrimento de valores humanos e emocionais, são
fatores que têm contribuído para que os jovens se tornem mais pressionados e
ressentidos. "Eles se
sentem derrotados se não alcançarem o padrão estabelecido pela sociedade",
afirma.
Segundo
o médico, ouvir e dialogar com o jovem permite mais facilidade na identificação
de sinais que representam risco ao suicídio, como alteração de comportamento;
perda de interesse; baixo rendimento escolar; isolamento social; baixa
autoestima; bullying; uso de álcool, maconha e outras drogas; histórico de
suicídio na família e pais com doença mental.
O
especialista explica que a adolescência representa uma crise, uma fase de
transição, mas o treinamento do diálogo desde as idades mais precoces pode
ajudar o jovem a atravessar com mais tranquilidade essa fase turbulenta. "O córtex pré-frontal,
estrutura nobre do cérebro responsável pela capacidade de julgamento, previsão
de riscos, controle dos impulsos, só amadurece por volta dos 21 anos e por
isso, é preciso que os pais "emprestem seus cérebros" aos filhos, por
meio do diálogo, estabelecendo sempre um canal aberto de comunicação e de
confiança".
O
psiquiatra lembra que, fora o ambiente familiar, a escola é o local onde os
jovens passam a maior parte de suas vidas. "Por
isso, é fundamental que esses dois núcleos de convivência firmem parceria para
apoiar o adolescente em seu desenvolvimento saudável, procurando identificar
fatores de risco e, sobretudo, estimular o desenvolvimento de novos repertórios
intelectuais e emocionais", reforça.
Além disso, Dr. Hadi
alerta para o fato de que a maior parte dos adolescentes que tentam ou cometem
suicídio apresentam associação a outros transtornos mentais e precisam de
avaliação psiquiátrica e psicológica. "Família,
escola, e profissionais de saúde devem estar alinhados na promoção da saúde do
adolescente, reduzindo os fatores de risco e fortalecendo os fatores de
proteção ao suicídio", conclui.
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