Estudo dinamarquês indicou alta probabilidade de
pacientes diagnosticados com pancreatite aguda apresentarem a neoplasia a longo
prazo
Um estudo dinamarquês publicado na revista
Gastroenterology indicou que a pancreatite aguda aumentou os riscos de
desenvolvimento do câncer de pâncreas. Na pesquisa, para cada um dos mais de
40.000 pacientes diagnosticados com a doença, foram pareados até cinco
indivíduos da população geral, em idade e sexo semelhantes, mas sem o
diagnóstico. A conclusão dos autores do estudo indicou uma relação positiva
entre a pancreatite e o risco de desenvolvimento do câncer.
Marcos Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio
Libanês, comenta a importância desse estudo. "O câncer de pâncreas é uma das neoplasias
mais fatais e de tratamento mais complexo. Relacioná-lo positivamente com a
pancreatite aguda é um avanço importante para definir fatores de risco
consistentes, e dessa forma, aumentar as chances de diagnóstico precoce e
tentativas de prevenção", alerta.
Outro fator importante da análise foi o tempo de
prevalência dos riscos. "A pesquisa mostra que, mesmo que diminua um
pouco com o tempo, o risco de desenvolvimento da neoplasia continua alto após
cinco anos do aparecimento da doença. Ou seja, o acompanhamento para
diagnóstico e prevenção precisa ser feito por um longo tempo mesmo após o
tratamento. Esse dado nunca tinha sido apresentado em nenhum outro
estudo", destaca Belotto.
Em alguns casos, o estudo indicou também que a
pancreatite pode significar um desenvolvimento do próprio tumor, ou mesmo
lesões chamadas de pré-neoplásicas, que indicariam que o câncer poderia vir a
se desenvolver no futuro. "Essa informação nos daria a chance de
combater a doença antes que ela se manifestasse", justifica o
gastrocirurgião.
Sabia-se, até aqui, que o histórico familiar,
tabagismo, alcoolismo, pancreatite crônica e diabetes eram considerados fatores
de risco para o desenvolvimento do câncer de pâncreas, mas existia uma grande
discussão a respeito da pancreatite aguda. "Esse estudo pode esclarecer essa dúvida",
finaliza o médico.
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