Dos
20 principais causas de acidentes ou adoecimentos laborais no estado, sete são
fraturas
Das
20 principais causas de afastamento por acidente ou adoecimento no trabalho em
São Paulo, sete são decorrentes de diferentes tipos de fraturas. Em 2017, esses
acidentes obrigaram 23.044 trabalhadores a se ausentarem das atividades
laborais por mais de 15 dias. O número corresponde a 45,58% de todos os casos
registrados no ano passado.
Os
dados foram repassados ao Ministério do Trabalho pelo Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS) com base nos benefícios concedidos no estado. Os
números ainda são preliminares, mas servem para chamar a atenção à prevenção de
acidentes e adoecimentos que vitimam trabalhadores diariamente. Em todo o ano
de 2017, eles afastaram 50.550 trabalhadores em São Paulo, uma média de pelo
menos 138 trabalhadores por dia.
20 principais causas de afastamento por acidentes e adoecimentos
no trabalho em 2017*
|
SP
|
Fratura
ao nível do punho e da mão
|
7.400
|
Fratura
da perna, incluindo tornozelo
|
4.557
|
Fratura
do pé (exceto do tornozelo)
|
4.027
|
Fratura
do antebraço
|
3.413
|
Lesões
do ombro
|
2.376
|
Fratura
do ombro e do braço
|
2.234
|
Luxação,
entorse e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e
do pé
|
1.748
|
Dorsalgia
|
1.651
|
Ferimento
do punho e da mão
|
1.416
|
Amputação
traumática ao nível do punho e da mão
|
1.242
|
Luxação,
entorse e distensão das articulações e dos ligamentos do joelho
|
1.097
|
Outros
transtornos de discos intervertebrais
|
860
|
Luxação,
entorse e distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular
|
749
|
Fratura
do fêmur
|
744
|
Sinovite
e tenossinovite
|
704
|
Fratura
da coluna lombar e da pelve
|
669
|
Traumatismo
superficial do punho e da mão
|
645
|
Mononeuropatias
dos membros superiores
|
644
|
Reações
ao "stress" grave e transtornos de adaptação
|
630
|
Outros
transtornos ansiosos
|
604
|
Total
de benefícios concedidos por acidentes e adoecimentos no trabalho
|
50.550
|
Fonte:
INSS
* Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os
dados são preliminares.
Para fazer um alerta sobre a seriedade do tema, o Ministério do
Trabalho realiza até novembro a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de
Trabalho (Canpat). O ministro do Trabalho, Helton Yomura, explica que o
objetivo é conscientizar empregadores, trabalhadores e toda a sociedade sobre a
necessidade de observar as normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho.
“Precisamos olhar para esse tema com a importância que ele merece.
Ter ambientes de trabalho seguros e saudáveis é importante tanto para o
trabalhador quanto para o empregador, com benefícios que alcançam todos os
brasileiros, economicamente ativos ou não”, destaca.
No Brasil, em 2017, foram concedidos 196.754 benefícios a
trabalhadores afastados devido a acidentes ou adoecimentos laborais. A média
foi de 539 afastamentos por dia. As quatro principais causas foram as fraturas,
a quinta, dorsalgia.
20 principais causas de
afastamento por acidentes e adoecimentos no trabalho em 2017*
|
Brasil
|
Fratura ao nível do
punho e da mão
|
22.668
|
Fratura da perna,
incluindo tornozelo
|
16.911
|
Fratura do pé (exceto do
tornozelo)
|
12.873
|
Fratura do antebraço
|
12.327
|
Dorsalgia
|
12.073
|
Lesões do ombro
|
10.888
|
Fratura do ombro e do
braço
|
8.318
|
Luxação, entorse e
distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé
|
5.289
|
Ferimento do punho e da
mão
|
4.985
|
Amputação traumática ao
nível do punho e da mão
|
4.682
|
Sinovite e tenossinovite
|
4.521
|
Luxação, entorse e
distensão das articulações e dos ligamentos do joelho
|
3.888
|
Mononeuropatias dos
membros superiores
|
3.853
|
Outros transtornos de
discos intervertebrais
|
3.221
|
Reações ao
"stress" grave e transtornos de adaptação
|
3.170
|
Fratura do fêmur
|
2.964
|
Luxação, entorse e
distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular
|
2.776
|
Fratura da coluna lombar
e da pelve
|
2.620
|
Transtornos internos dos
joelhos
|
2.365
|
Outros transtornos
ansiosos
|
2.310
|
Total de benefícios
concedidos por acidentes e adoecimentos no trabalho
|
196.754
|
Fonte: INSS
|
* Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os
dados são preliminares.
Subnotificação
O
auditor-fiscal do Ministério do Trabalho Jeferson Seidler informa que as
instituições que acompanham o tema acreditam que esses números sejam bem
maiores, porque nem todos os empregadores preenchem as Comunicações de
Acidentes de Trabalho (CATs), apesar de essa ser uma obrigação legal. Quando a
CAT não é preenchida, o INSS só fica sabendo do acidente se o trabalhador é
encaminhado para a perícia médica ou quando ocorre uma fiscalização
trabalhista. Nesse último caso, o empregador é autuado, e a empresa, obrigada a
garantir os direitos trabalhistas do empregado.
No
caso dos adoecimentos a subnotificação é ainda maior, porque a relação entre o
trabalho e a doença não é tão imediata e evidente como ocorre com os acidentes.
São classificados como adoecimento problemas como dores nas costas, transtornos
mentais (estresse, ansiedade e depressão) e LER/Dort, bem como perdas auditivas
em expostos a ruídos, doenças pulmonares e câncer ocupacional.
Por
causa dessa peculiaridade, frequentemente as CATs deixam de ser emitidas
informando do problema. Das 349.579 comunicações de acidente de 2017, 8.798
foram registradas como doenças, o correspondente a 1,96% do total. Na maioria
dos casos, é na perícia do INSS que o problema é identificado. E no órgão, o
percentual dos benefícios concedidos por adoecimento sobe para 32,55%.
“Até
meados de 2007, o perito só considerava acidente ou adoecimento causados pelo
trabalho quando o trabalhador chegava ao INSS com a CAT preenchida. Com a
entrada em vigor de outras formas de reconhecer o nexo, especialmente o NTEP,
houve uma mudança no procedimento do perito. Se ele identificar que o problema
está relacionado ao trabalho o afastamento é reconhecido como acidentário, isto
é, ocupacional, passando a ser computado nas estatísticas”, explica Seidler.
Temas
da Canpat 2018
Apesar de a Canpat tratar da prevenção em todas as situações que
envolvem o trabalho, a campanha deste ano terá dois focos principais: os
adoecimentos e as quedas com diferença de nível, ou seja, quando o trabalhador
cai de locais altos, como plataformas elevadas, escadas ou andaimes.
Os adoecimentos estão sendo tratados como prioridade em 2018
porque ainda há um desconhecimento muito grande em relação às doenças causadas
pelo trabalho. A Secretária de Inspeção do Trabalho, Maria Teresa Pacheco
Jensen, lembra que as empresas tendem a registrar casos de acidentes típicos,
quando a relação entre a lesão e o acidente é mais evidente, tais como casos de
fraturas, mas tendem a não reconhecer o adoecimento em decorrência do trabalho,
como os transtornos mentais e os distúrbios musculoesqueléticos (LER/Dort), que
também afastam trabalhadores e podem causar danos permanentes.
“Há uma subnotificação muito grande das doenças causadas pelo
trabalho no Brasil. Elas representam menos de 2% das comunicações no país e 1%
dos óbitos. Há necessidade de jogar luz sobre esse assunto”, explica.
Já as quedas de trabalho em altura chamam a atenção pela
gravidade, apesar de o número de ocorrências parecer pequeno diante do total de
acidentes. Das 349.579 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) entregues
ao INSS em 2017, referentes a acidentes típicos e doenças, desconsiderados os
acidentes de trajeto, em 37.057 a causa envolveu quedas com diferença de nível,
10,6% do total. Esse percentual sobe, no entanto, quando contabilizados os
acidentes fatais. Das 1.111 mortes causadas pelas atividades laborais, 161
foram causadas por quedas. Isso é 14,49 % do total.
“As quedas de altura continuam representando uma das principais
causas de acidentes graves e fatais. Ocorre que a prevenção desse tipo de
acidente está muito bem definida, especialmente após a entrada em vigora da
NR-35, que trata do trabalho em altura. É preciso que todos saibam e se
envolvam na prevenção das quedas”, salienta a diretora do Departamento de
Segurança e Saúde no Trabalho, Eva Patrícia Gonçalo Pires.
Em
São Paulo, dos 129.211 acidentes
registrados em CATs, 13.320 foram
causados por quedas de trabalho em altura. Foram registradas 45 mortes com esse
motivo no estado.
Causas dos Acidentes
|
São
Paulo
|
Impacto
|
38.474
|
Queda
de trabalho em altura
|
13.320
|
Atrito
ou Abrasão
|
12.026
|
Aprisionamento
|
8.735
|
Queda
de trabalho em mesmo nível
|
9.480
|
Contato
com pessoas doentes ou material infeccioso
|
7.708
|
Outros
|
20.494
|
Não
informado
|
18.974
|
Total
Geral
|
129.211
|
Fonte:
CATs
* Não são levados em conta os acidentes de trajeto
Causas das Mortes
|
São
Paulo
|
Impacto
|
102
|
Queda
de trabalho em altura
|
45
|
Energia
elétrica
|
14
|
Aprisionamento
|
19
|
Outros
|
18
|
Não
informado
|
32
|
Total
Geral
|
230
|
Fonte:
CATs
* Não são levados em conta os acidentes de trajeto
Durante a campanha de 2018, o
Ministério divulgará cartilhas sobre trabalho em altura; cartilha sobre
manutenção em fachadas; manual consolidado explicativo sobre a NR-35, que trata
sobre condições seguras dos trabalhos em altura; Guia de Procedimentos da
Inspeção do Trabalho (Manual de Fiscalização do trabalho em altura e Manual de
Fiscalização do PCMSO) e ainda cartilha sobre adoecimento ocupacional, que
buscará orientar trabalhadores e empregadores sobre o tema.
Além disso, serão produzidos
cartazes, banners e folhetos, que serão distribuídos pelas superintendências
regionais nos estados e também por meio digital. O coordenador da Canpat 2018,
José Almeida, explica que a intenção é difundir o maior número possível de
informações para que todas as pessoas conheçam as causas e possam, assim,
prevenir acidentes e adoecimentos.
“A informação é a ferramenta mais
eficiente para diminuir acidentes e reduzir os adoecimentos. E ela é importante
tanto para os empregadores, que devem garantir ambientes saudáveis e seguros
nas suas empresas, quanto para os trabalhadores, que precisam observar e seguir
as normas existentes para não entrarem para as estatísticas”, observa.
Ministério do Trabalho
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