Apesar do momento
delicado em que se encontra a economia brasileira, muitos executivos ainda vêm
do exterior em busca de novas oportunidades de carreira. No ano passado, houve
um aumento de 40% nas concessões de vistos de trabalho. Só no primeiro
trimestre foram cerca de 15 mil autorizações. Visto que as expectativas de
crescimento econômico aumentaram em 2018, a tendência é que essa busca por
oportunidades cresça cada vez mais.
Embora não
estejamos no momento econômico mais favorável, outros países também enfrentam
ou enfrentaram situações semelhantes. E não estamos falando apenas de países
menos favorecidos socialmente. Há alguns anos, as crises nos EUA e Europa
fizeram com que muitos buscassem emprego aqui. Em geral, quem vem costuma ter
salários até 30% maiores do que teria em seu país de origem. E, ao contrário do
que muitos pensam, há boas oportunidades, sobretudo para cargos que demandam
senioridade e vivência em outros mercados.
Esses
profissionais chegam ao Brasil de duas formas. A mais é comum é virem por intermédio
das empresas que já trabalham em seu país e tem atuação no Brasil. Eles podem
vir por opção própria ou por decisão da empresa. Quando a adesão é voluntária,
a adaptação costuma ser fácil, visto que o profissional já deve ter se
informado ou quem sabe até visitado o país. Já quando a decisão é da empresa,
pode ser que ele se surpreenda positivamente com o que vai encontrar ou que se
mantenha resistente à mudança.
A segunda opção,
que também atrai muitos profissionais, é daqueles que decidem vir por conta
própria, sem o apoio de uma empresa. Nesse caso, as histórias mais comuns são
de estrangeiros que vieram passar férias, se apaixonaram por nosso clima
tropical, cultura e gastronomia e, resolveram largar tudo em seu país natal
para começar uma vida nova por aqui. Destes, muitos acabam empreendendo em
negócios ligados ao próprio turismo, como pousadas, hotéis e restaurantes em
locais com alta visitação.
Contudo,
independentemente da forma em que se chega ao Brasil, é sempre importante
recorrer a uma consultoria de carreira. O consultor está habilitado para
oferecer todo o apoio necessário para a adaptação do estrangeiro, tendo ele
vindo por intermédio de uma empresa ou não. Para os que desejam empreender, a
consultoria pode ajudar com processos de assessoria de carreira e coaching,
desenvolvendo um programa para identificar as habilidades e cruzar com as
oportunidades que o país oferece.
Estando ativo
profissionalmente, o estrangeiro executivo ou empreendedor, precisa estar
preparado para lidar com algumas rotinas de trabalho. Se ele quer aplicar uma
metodologia ou processo de grande impacto, mesmo que tenha testado e aprovado
em seu país, ele pode encontrar resistência por aqui. É preciso sugerir
mudanças de acordo com seu cargo, incumbência e sempre com extremo cuidado.
Outra questão é a flexibilidade com os horários. No Brasil, os compromissos
costumam começar com pelo menos 15 minutos de atraso.
Problemas
geralmente ocorrem quando o executivo vem para “salvar” uma filial de
multinacional. Ele pode acreditar que está em posição de domínio absoluto de
como resolver os problemas da empresa, porém, não pode se esquecer que o
mercado brasileiro se comporta de maneira diferente, podendo ser mais
resistente à algumas mudanças bruscas. O diálogo é sempre o melhor caminho. Mas
todo esse olhar, muitas vezes precisa ser desenvolvido por meio de uma visão
externa e profunda conhecedora do mercado regional.
Abandonando a
seara interna da empresa, outro ponto de atenção é o de adaptação pessoal do
executivo. Às vezes, quem não se adapta bem é a família do executivo. Há
conflitos causados pela mudança e pelo aspecto cultural do cotidiano fora da
empresa.
Outro problema
bastante comum é a língua. Nós mesmos admitimos que o português não é fácil e
reserva muitas armadilhas. Mesmo em ambientes em que o inglês é uma língua
comum a todos os colaboradores, certamente o executivo vai precisar do
português no dia a dia. Infelizmente, o Brasil não é um país bilíngue, sendo
necessário um esforço extra de quem chega para entender e ser entendido.
O
melhor a fazer é realmente começar a estudar.
Por fim, estando
aberto para aproveitar essa oportunidade de intercâmbio profissional e bem
assessorado para lidar com todos os desafios impostos pela mudança, a
probabilidade de o executivo se dar bem por aqui é muito grande. Os brasileiros
costumam receber os estrangeiros sempre com muito afeto e receptividade. Quem
tem “jogo de cintura” para encarar essa aventura pode colecionar bons momentos
em nosso país ou até decidir ficar para sempre. Tudo depende da maneira como se
encara essa experiência.
Fernanda
Andrade - Gerente de Hunting e Outplacement da NVH – Human
Intelligence.
Nenhum comentário:
Postar um comentário