segunda-feira, 28 de maio de 2018

Colangite biliar primária atinge mulheres de 35 a 65 anos, mas é pouco diagnosticada


 Sintomas levam pacientes a procurar psiquiatras, dermatologistas ou ginecologistas e patologia não é diagnosticada corretamente podendo levar ao transplante de fígado


Uma doença no fígado pouco conhecida, que geralmente afeta mulheres entre 35 e 65 anos, pode levar a sérias complicações se não diagnosticada a tempo.  Esta doença gera fibrose (cicatrizes no fígado) e pode chegar até cirrose hepática necessitando o transplante. Estamos falando da Colangite Biliar Primária (CBP), uma doença hepática autoimune caracterizada por destruição progressiva dos pequenos canais biliares presentes no fígado.

“A falta do diagnóstico ou a demora para o tratamento da Colangite Biliar Primária pode ocasionar sérias lesões no fígado, fazendo com que o órgão perca sua função e caminhe para a falência completa. Esse processo leva, em média, um período de mais de uma década”, explica Dr. Raymundo Paraná, médico hepatologista, Professor Titular da Universidade Federal da Bahia, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e presidente eleito da Associação Latino Americana para o estudo do Figado - ALEH.

A CBP tem sintomas muito comuns a outras doenças. Inicialmente, pode se expressar como fadiga crônica, algumas vezes confundida com depressão.  Com a evolução, pode aparecer coceira no corpo, principalmente na palma das mãos e planta dos pés.  Como os sintomas não são específicos, muitas vezes o paciente procura diversos médicos, mas o diagnóstico não é realizado tempestivamente. “A fadiga, que é a manifestação mais comum e mais precoce, ocorre em 80% dos pacientes, prejudicando a qualidade de vida e interferindo nas atividades diárias. Já a coceira é o segundo sintoma que mais ocorre, afetando 20% a 70% dos pacientes”, explica o especialista.

Os pacientes podem ainda apresentar ainda depósitos de colesterol na pele e ao redor dos olhos (xantomas e xantelasmas), assim como enfraquecimento dos ossos (osteopenia e osteoporose).

Para detectar corretamente a doença, é necessário que o paciente, especialmente mulheres, realize dois exames de sangue específicos, mas bastante simples: níveis séricos da fosfatase alcalina e a Gama Glutamil Transferase. Estes exames alterados sugerem dificuldade do fluxo da bile.

Quando o médico suspeita de um processo biliar, pode obter ajuda ou referenciar a um hepatologista (especialista em doenças do figado).  Exames como ultrassom, colangioressonância ajudam a afastar outras doenças biliares, enquanto que o anticorpo antimitocondria positivo, praticamente, confirma o diagnóstico de CBP.

“O diagnóstico da doença nas fases iniciais é determinante para um melhor prognóstico, pois permite tratamento medicamentoso da doença e das suas complicações. Por isso é muito importante ficar atento aos sintomas e principalmente mulheres na faixa etária indicada”, finaliza.


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