Falta
de informações das redes impede avanço da redução de perdas
Melhorar a gestão do sistema de abastecimento de
água contribui para atrair investimentos para empreendimentos na área do
saneamento básico. A redução das perdas, por exemplo, permite baixar custos e
aplicar os recursos financeiros para a construção de obras para o setor. Mas os
municípios brasileiros precisaram fazer um levantamento detalhado das redes
para mudar esse panorama. “90% dos sistemas não têm cadastros confiáveis no
Brasil”, alerta o engenheiro Luiz Pladevall, presidente da Apecs (Associação Paulista
de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) e
vice-presidente da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental).
O dirigente explica que para combater as perdas as
companhias de saneamento precisam ter um conhecimento detalhado de suas redes e
das unidades componentes dos sistemas de abastecimento. “Sem ações
estruturantes, como um cadastro técnico confiável e efetivo, não conseguiremos
avançar em programas de redução de perdas”, aponta o presidente da Apecs.
Boa parte dos municípios brasileiros ainda conta
com tubulações antigas, muitas vezes com mais de 70 anos, e estão sujeitas a
rompimentos a qualquer alteração de pressão. O mercado já dispõe de soluções
para a troca desses encanamentos por método não destrutivo, ou seja, a
companhia não precisa abrir grandes valas nas vias para a troca desses
condutores. “Os operadores também necessitam melhorar a gestão de operação dos
seus sistemas de abastecimento, atualizando os seus cadastros e implantando
Distritos de Medição e Controle (DMCs)”, explica Pladevall.
O presidente da Apecs lembra que várias cidades
europeias contam com um modelo de gestão eficaz de perdas. A região de Lisboa,
por exemplo, tem índice de 7,9% de perdas, graças a um sofisticado controle. Segundo
ele, a Epal, empresa do Grupo Águas de Portugal responsável pelos serviços de
abastecimento, criou um sistema com DMCs. São áreas pequenas de rede de
abastecimento com um medidor de vazão na entrada dessa rede. Ele permite que o
Centro de Controle Operacional da empresa localize rapidamente problemas de
vazamentos água, acionando os serviços de reparos e reduzindo o desperdício.
Receitas
Um estudo realizado pela consultoria internacional Roland Berger mostra que a redução das perdas de água poderia resultar em até R$ 25 bilhões em receita para investimentos. “Fazemos o tratamento de água e desperdiçamos um grande volume. Simplesmente estamos jogando dinheiro fora”, aponta o dirigente.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações
Sobre Saneamento (SNIS) de 2015, o índice nacional médio de perda de água na
distribuição é de 36,7%. Mas esse indicador varia de um estado para outro. As
perdas chegam a 78,2% da água tratada no Amapá e a média no Nordeste alcança
48,44%. Os exemplos internacionais ajudam a compreender a realidade brasileira.
Os EUA registram 13% de perdas de água tratada enquanto a Alemanha chega a 7%.
“Perder água traz impactos significativo na receita
das companhias de abastecimento diante do volume que atingimos no país. Isso
reduz a capacidade financeira dessas empresas, que poderiam investir esses
recursos para melhorar os serviços e ampliar a infraestrutura. Precisamos
melhorar a gestão dos operadores no Brasil”, aponta Pladevall.
Sobre a Apecs
A Apecs foi fundada em 1989 e congrega atualmente cerca de 40 das mais representativas empresas de serviços e consultoria em Saneamento Básico e Meio Ambiente com atuação dentro e fora do país.
Essas empresas reúnem parte significativa do
patrimônio tecnológico nacional do setor de Saneamento Básico e Meio Ambiente,
fundamental para o desenvolvimento social e econômico brasileiro, estando
presente nos mais importantes empreendimentos do setor.
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