Pesquisa inédita
mostra que a falta de prevenção é a maior causa. Entenda.
Em 2017 o Brasil teve a maior demanda por transplantes de
córnea desde 2010. No ano 24,5 mil brasileiros foram registrados no banco de
dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgão). Desses, 15,2 mil
passaram pelo transplante e 9,3 mil permaneciam na fila de espera até dezembro.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do
Instituto Penido Burnier o transplante de córnea voltou a crescer porque a
maior parte dos brasileiros não tem a cultura da prevenção. Só faz exames
oftalmológicos quando percebe que está enxergando mal. O problema é que o
ceratocone, doença que atinge 110 mil brasileiros e responde por 7 em cada 10
transplantes no país não apresenta
sintomas logo no início.
O especialista
explica que o ceratocone degenera, afina e incha a córnea, lente externa do
olho que normalmente é esférica e passa a ter o formato de um cone. O resultado
é a visão desfocada, miopia e astigmatismo”, afirma. Por isso, é comum ser
confundido pela população com vício de refração.
Pesquisa
A prova da falta de prevenção apontada por Queiroz Neto
para a saúde ocular é o resultado de uma
pesquisa que acaba de concluir com 1318 portadores de ceratocone na faixa etária de 16 a 44 anos. O médico conta que dos participantes só 30%
ou 398 passaram pelo crosslinking, única terapia capaz de interromper a
progressão da doença.
Outras evidências são:
·44,3%
dos que não fizeram crosslinking tem ceratocone progressivo, principal
indicação para a terapia.
·Um
em cada 4 dos que têm ceratocone progressivo adiaram tanto o crosslinking que
hoje a cirurgia é contraindicada porque desenvolveram glaucoma, a córnea já tem
espessura menor que 400 micras ou cicatrizes.
·52%
afirmam que não têm como pagar pelo procedimento.
·10%
não fazem por ter medo de passar pela cirurgia.
Diagnóstico
e sintomas
Queiroz Neto explica que o
ceratocone geralmente aparece na adolescência, mas pode surgir na infância ou
idade adulta, e provocar a deformação da face anterior ou posterior da córnea.
Por isso, o mais seguro é o diagnóstico
pela tomografia que faz uma análise
tridimensional. “Já diagnostiquei ceratocone em estágio inicial e na face
posterior da córnea de crianças que costumam ter a doença mais agressiva”
pondera.
Para o portador os principais sinais do ceratocone são:
troca frequente do grau dos óculos,
grande sensibilidade à luz, queda da visão noturna e cansaço visual.
Cirurgias
“O crosslinking é uma cirurgia ambulatorial em que
cominamos a aplicação de radiação ultravioleta associada à riboflavina
(vitamina B2) para aumentar a resistência da córnea em até 3 vezes”
afirma. A pesquisa feita pelo médico
mostra que a cirurgia interrompeu a progressão em 87% dos participantes além de
melhorar a performance no computador ou tablet de 37% e proporcionar um ganho
de visão para 47% embora esta não seja a principal proposta da cirurgia. O
procedimento passou a ter cobertura dos planos de saúde este ano. No
levantamento feito pelo médico 69% ainda não sabiam disso.
Queiroz Neto afirma que outra cirurgia indicada para que
tem ceratocone escapar do transplante de córnea é o implante de anel
intraestromal. O procedimento melhora a
tolerância ao uso de lentes em casos de ceratocone avançado porque aplana a
córnea. No estudo 63% dos que fizeram o
implante experimentaram melhora da visão. Este índice sobe para 80% quando o
implante é associado ao crosslinking após um ano da cirurgia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário