No
Brasil, 11% de todos os procedimentos cirúrgicos realizados resultam em uma
infecção deste tipo.[1]
Recentemente, a Organização
Mundial da Saúde divulgou, pela primeira vez, diretrizes para a prevenção e
controle das Infecções do Sítio Cirúrgico (ISCs)[ii]
– que ocorrem quando bactérias contaminam as incisões feitas nas cirurgias –
com o intuito de gerar visibilidade para o impacto dessas ocorrências ao redor
do mundo. Dentre as recomendações da agência global, a terapia por pressão
negativa profilática foi apontada como uma solução para a redução da incidência
de ISCs em incisões fechadas com alto risco de infecção2.
A terapia por pressão
negativa é um mecanismo que promove a melhora do ambiente celular e acelera o
fechamento da ferida por meio da assepsia, do controle da umidade no local e da
drenagem de fluidos. A partir de uma revisão sistemática, a OMS concluiu que
esse tipo de terapia reduziu significativamente a probabilidade de ISCs em
pacientes com uma incisão de alto risco fechada (como, por exemplo, cirurgias
abdominais, vasculares, de trauma ortopédico, entre outras), comparadas aos
curativos pós-operatórios tradicionais2. A análise dos estudos
observacionais demonstrou uma redução de mais de 7% na incidência desse tipo de
infecção nos casos em que a terapia por pressão negativa foi utilizada[iii]. Os achados foram publicados na
revista Medicine3.
“É a primeira vez que a OMS
divulga diretrizes sobre esse tipo de infecção, uma das mais recorrentes no
pós-operatório; o que mostra a importância da prevenção das infecções do sítio
cirúrgico”, comenta Débora Sanches, presidente da Sociedade Brasileira de
Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE). “As medidas vão desde a higiene dos
pacientes e do uso adequado de antibióticos até a utilização de terapias mais
modernas, como a terapia por pressão negativa, para conter o problema”,
completa.
No Brasil, as infecções do
sítio cirúrgico ocorrem frequentemente nos serviços de saúde e representam de
14% a 16% das ocorrências encontradas em pacientes hospitalizados1. Cerca 11% de todos os procedimentos
cirúrgicos analisados pelo Ministério da Saúde resultaram em uma infecção deste
tipo1.
A taxa de infecção varia de
acordo com fatores relacionados à população atendida e aos procedimentos
realizados, sendo que em países com baixa e média renda o risco de ISCs é de 3
a 5 vezes maior que nos de alta renda[iv].
Além do tratamento das
infecções do sítio cirúrgico, as terapias por pressão negativa vêm sendo
utilizadas ao redor do mundo desde a década de 90 como aliadas no tratamento de
feridas complexas (lesões agudas ou crônicas de cicatrização complicada), como
as de pés diabéticos, as úlceras por pressão, as de fraturas expostas, entre
outros.
Conscientização: o tempo não
cicatriza
Promover a conscientização é
um dos motivos da união de sete organizações, entre sociedades de enfermagem,
como a SOBRATAFE, e médicas e associação de pacientes, com apoio da ACELITY, na
campanha O Tempo Não Cicatriza. Para feridas complexas, o tratamento é o
melhor remédio no Brasil. A iniciativa espera informar a população sobre
feridas complexas e seus riscos, levando as pessoas a procurarem um
profissional da saúde que possa avaliar a utilização de tratamentos mais
adequados. As opções terapêuticas variam de acordo com o tipo de lesão e com a
região do corpo em que estão localizadas.
A campanha é promovida pelas
sociedades brasileiras de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), de
Queimaduras (SBQ), de Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE), a de
Atendimento Interligado ao Traumatizado (SBAIT); de Estomaterapia (SOBEST) e a
de Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE), e a Associação Nacional de Atenção ao
Diabetes (ANAD).
Atualmente, estão
disponíveis no País soluções inovadoras como curativos avançados com
propriedades antimicrobiana, antiodor, regenerativa ou hidratante, que
contribuem para a cicatrização. Também existem tecnologias hospitalares e
domiciliares, como o sistema de pressão negativa, que utiliza a pressão
controlada e localizada sobre a lesão por meio de um curativo de espuma coberto
por uma película e ligado a um sistema de drenagem, e a câmara hiperbárica que
permite ao paciente respirar oxigênio puro enquanto fica sob uma pressão de
duas a três vezes superior à pressão atmosférica ao nível do mar. Ambas as
tecnologias aceleram o tempo de cicatrização de feridas.
Sociedade
Brasileira de Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE)
[1] AGÊNCIA
Nacional de Vigilância Sanitária. SÍTIO CIRÚRGICO - Critérios Nacionais de
Infecções relacionadas à assistência à saúde. Março de 2009. Acessado em agosto
de 2017 e disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/criterios_nacionais_ISC.pdf
[ii] WORLD Heatlh Organization. Global Guidelines
for the Prevention of Surgical Site Infection. World Health
Organization, 2016. Acessado em Agosto de 2017 e disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/250680/1/9789241549882-eng.pdf?ua=1
[iii] DE
VRIES, Fleur EE et al. A systematic review and meta-analysis including GRADE
qualification of the risk of surgical site infections after prophylactic
negative pressure wound therapy compared with conventional dressings in clean
and contaminated surgery. Medicine, v. 95, n. 36, 2016. Acessado em agosto de 2017.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5023882/
[iv] WORLD Health Organization. Stop Infections
after Surgery (Infográfico). World Health Organization, 2016. Acessado
em Agosto de 2017 e disponível em: http://www.who.int/gpsc/ssi-infographic.pdf?ua=1
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