Conheça as
diferenças entre um programa de educação bilíngue e um curso de inglês e os
benefícios que as crianças podem obter no futuro ao alcançar a fluência em um
segundo idioma
As crianças e jovens de hoje estão crescendo em um
mundo totalmente pluricultural e interligado. Com isso, os pais cada vez mais
veem a necessidade de proporcionar aos filhos uma educação alinhada com esse
cenário globalizado matriculando os pequenos em escolas bilíngues. O domínio de
outras línguas, principalmente do inglês, idioma mais falado em todo o mundo,
atualmente é essencial para que essa geração tenha acesso a todas as
oportunidades ao longo de sua vida pessoal e carreira profissional. Começar
cedo também é importante, já que até os 10 anos a criança está na melhor fase
para aquisição de línguas no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo.
O setor educacional privado passa por uma
transformação para atender as atuais demandas do mercado, oferecendo uma
educação bilíngue e inserindo o idioma no dia a dia do estudante desde muito
cedo. No entanto, diante dos diversos benefícios proporcionados pela fluência
na língua inglesa, muitos pais ficam em dúvida entre matricular seus filhos em
um curso de inglês com aulas ministradas por uma escola de idiomas, seja em
suas instalações ou dentro dos próprios colégios, ou em instituições que
trabalhem com um programa específico e estruturado de educação bilíngue.
Hoje no Brasil somente as escolas para surdos,
escolas de fronteiras e escolas indígenas são consideradas escolas bilíngues
segundo o MEC (Ministério da Educação). Essa falta de regulamentação gera uma
confusão ainda maior na cabeça de pais, alunos e até mesmo da comunidade
escolar. Como o conceito de bilinguismo é muito amplo, muitas instituições se
auto intitulam bilíngues por pura falta de informação.
De acordo com Mônica Padroni, diretora da Escola Projeto Vida,
referência brasileira em construtivismo e que já conta com um programa de
educação bilíngue implementado na instituição há quatro anos, esse é um
questionamento constante que a escola recebe dos pais no momento de matricular
os filhos.
"Como a fluência na língua inglesa é cada vez mais
pré-requisito para o futuro das crianças e com a ampla oferta educacional de
diferentes metodologias no ensino de inglês, muitos pais chegam à escola com
dúvida sobre as diferenças entre sistemas de cursos de inglês, escolas
internacionais e programas bilíngues", comenta. "O programa de
educação bilíngue realmente entrega os resultados prometidos, fazendo com que o
aluno adquira o segundo idioma de uma forma natural, enquanto as escolas
internacionais, por exemplo, oferecem 'pseudovantagens', já que o aluno
conquista a fluência no inglês, mas, por outro lado, deixa a língua materna um
pouco de lado durante o processo de aprendizado, o que acreditamos ser também
muito importante para a formação de nossos alunos", explica.
De fato, as diferenças entre os métodos são
bastante distintas e começam desde o objetivo geral e carga horária dos cursos.
A finalidade principal de um programa de educação bilíngue é mediar a
construção da língua inglesa por meio de uma educação global e significativa,
com foco na fluência, por isso tem uma carga horária maior se comparada a do
curso de inglês, que se baseia em desenvolver a competência linguística com
foco na estrutura do idioma.
"O programa bilíngue em escolas bilíngues tira
a preocupação do aluno com a língua e chama a atenção para os conteúdos
acadêmicos utilizando o idioma, ou seja, o foco é o conhecimento adquirido nas
disciplinas através da língua. Desta forma e com este envolvimento, o aluno
aprende a língua, sem ter que se preocupar em estudá-la diretamente. Já os
cursos de inglês comuns se preocupam mais com a estrutura do idioma e tendem,
na maioria das vezes, a abordar assuntos mais leves, do dia a dia, não
contribuindo com a formação acadêmica do aluno" complementa Rita Ladeia,
professora do curso de pós-graduação bilíngue do Instituto Singularidades,
referência nacional para a formação inicial e continuada de professores e
especialistas em educação.
A proposta pedagógica do programa de educação
bilíngue é justamente que o inglês seja utilizado como meio de instrução para
ensinar conteúdo de outras matérias, como matemática, estudos sociais,
ciências, artes, educação física e culinária. Durante o decorrer das aulas,
conteúdo e língua são trabalhados de maneira integrada, norteados pelo
princípio de estimular a expressão livre do aluno. Desta forma, com o uso e
construção natural do idioma, o aluno adquire de forma subconsciente a segunda
língua.
Já em um curso de inglês, geralmente, o idioma é
ensinado como uma matéria e o uso de conteúdo é superficial, já que o foco
principal é a língua em si, com ênfase na hierarquia gramatical dentro de um
contexto comunicativo. Além disso, o escopo de produção do aluno costuma ser
definido, cabendo ao professor fazer a mediação entre produção e estrutura
linguística.
Diante de todas essas diferenças, o resultado final
do ponto de vista linguístico também é distinto em relação aos cursos. No curso
de inglês o aluno dependerá muito da sua aptidão linguística e esforço para
atingir a fluência, enquanto no programa de educação bilíngue o aluno "se
apropria" do segundo idioma, utilizando-o fluentemente e com naturalidade.
Rita Ladeia afirma que, em ambos os modelos, o
aluno consegue alcançar a fluência no idioma, porém, a educação bilíngue
circula por esferas do discurso que a escola de inglês não consegue. Por isso,
a criança bilíngue consegue se expressar com mais profundidade e tem um amplo
repertório temático que permeia diversas áreas da ciência, humanas e
matemática.
Benefícios das escolas bilíngues para o futuro
Por se preocupar com a formação acadêmica do aluno
em sua proposta pedagógica, utilizando a língua como uma forma de melhor
interação com o mundo e como entendimento da diversidade, o aluno de educação
bilíngue não só aprende outro idioma, como também adquire outros benefícios
proporcionados pelo bilinguismo, como maior flexibilidade, confiança,
independência, tolerância, respeito a diversidade e ainda a fácil transição e
entendimento de outras culturas.
Este lado cultural da educação bilíngue é
justamente outro aspecto importante em relação ao aprendizado. Rita Ladeia diz
que na escola de línguas, na maioria das vezes, se trabalha com o estereótipo
de cultura, ou seja, como é a vida na Indonésia, como as pessoas se casam na
Índia, como determinada data é comemorada nos EUA etc. Já a educação bilíngue
se preocupa em ensinar a conviver com a diferença e a história por trás da
formação do sujeito em diferentes lugares, abordando suas crenças, expectativas
e singularidades. Assim, o aluno é preparado para conviver com o diferente sem
estranhamento, com respeito e ética, entendendo que o outro tem direito de ser
daquele jeito.
O aprendizado de outro idioma também é a primeira
etapa para o ingresso futuro em uma instituição fora do País e a experiência
acadêmica internacional tem sido cada vez mais valorizada devido as atuais
demandas do mercado de trabalho e das dinâmicas de um mundo mais globalizado.
Segundo Fátima e Vanessa Tenório, fundadoras do programa de educação bilíngue
pioneiro do Brasil, o Systemic Bilingual, quanto
mais cedo o aluno tiver contato com o novo idioma, mais bem preparado ele
estará para uma vivência internacional.
Fazer uma graduação, pós-graduação ou cursar o High School
(o Ensino Médio) fora do Brasil são opções cada vez mais procuradas. De acordo
com dados da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), somente em 2015 cerca de 220 mil
estudantes viajaram ao exterior e a previsão é de crescimento no número de
intercambistas brasileiros. No entanto, para estudar no exterior é preciso
estar preparado para as exigências que as instituições demandam, principalmente
em relação ao domínio do idioma e, ao adquiri-lo desde a infância em escolas
bilíngues, os jovens conseguem abrir diversas portas em seu futuro profissional.
Systemic
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