quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Vítimas de psicopatas precisam de apoio para superar abusos de relações tóxicas e destrutivas



Psicanalista Júlia Bárány descreve como reconhecer um psicopata em sociedade e como sair do estado de devastação


Psicopatia é um transtorno de personalidade e não uma doença mental como muitos pensam. Estudos norte-americanos apontam que o transtorno acomete cerca de 3% a 5% da população mundial, o que significa que em cada grupo de 30, pode haver um. Pode ser quem menos se espera, seu vizinho, seu advogado, seu chefe, já que ele tem como uma de suas características principais se colocar em todas as posições favoráveis ao controle, manipulação e exploração dos outros. 

Há muitos artigos, entrevistas e livros que dão enfoque às características de psicopatas, contudo, quase ninguém aborda o assunto do que acontece com a vítima e como se cai nessa armadilha. Pensando nisso, a psicanalista Júlia Bárány escreveu o livro “O Mal disfarçado de Bem” (Barany Editora), com 224 páginas, como um manual de sobrevivência para àqueles que chegaram ao fundo do poço e se encontram perdidos para recomeçar a vida longe dos abusos. 

“A vítima precisa se transformar em sobrevivente. Sobrevivente se cura, vítima não. Sobrevivente já conseguiu manter a cabeça fora da água e se agarrou a alguma tábua ou encontrou algum lugar para pisar. Nessas horas é fundamental a compreensão, informação, uma mão amiga, um colo aconchegante. É fundamental também o cuidado com a saúde física, pois todo esse estresse e toda essa tortura psicológica cobram do corpo. Se chegou ao fundo do poço, agora só tem um caminho: a subida. Poço é uma imagem semelhante ao canal de nascimento, você precisa nascer de novo”, conta Júlia. 

Na classificação de doenças, CID-10, a psicopatia é definida como “distúrbio de personalidade dissocial”, com a classificação F60.2. Segundo Júlia, o indivíduo psicopata sabe exatamente o que está fazendo, mas não possui emoções verdadeiras, apenas finge. “Psicopata é um estado de ser no qual existe um excesso de razão e ausência de emoção. Ele sabe o que faz, com quem e por quê. Mas não tem empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro e muitas vezes finge ter”, revela. 

Na família, no grupo social e no ambiente profissional, o psicopata entra em cena para localizar alvos interessantes para manipular, sugar e servir aos seus propósitos: poder, controle e até sexo. Existem várias outras características comuns entre eles, saiba como identificar: 

- Carisma/sedução/charme superficial (discurso sedutor).

- Loquacidade (só ele fala, pouco importa os outros).

- Bajulação (o seu alvo vira o centro de suas atenções).

- Manipulação (usa informações confidenciais e dados do outro para manipulá-lo).

- Vítima eterna (a culpa jamais é dele, sempre do outro, e ele quer evocar compaixão nos outros para usá-los a seu favor).

- Vários relacionamentos afetivos de curta duração (mesmo que tenha um companheiro estável, este existe para uma aparente respeitabilidade. Jamais se furta de traçar um objeto, diga-se pessoa, de desejo).

- Lágrimas de crocodilo (finge emoções humanas, mas não as tem).

- Desconsideração pelos sentimentos dos outros (falta absoluta de consideração pelos sentimentos de outrem).

- Justificativa de coisas que nem precisam de justificativa (arruma justificativas para as coisas mais injustificáveis)

- Ausência de remorso ou arrependimento

- Não aprende com o erro

- Aprende sobre os funcionamentos da alma humana nos mínimos detalhes para usar essas ferramentas na manipulação e na enganação dos outros

- Impulsivo, estourado, como animal. Sente raiva, frustração, tédio.






Júlia Bárány - Psicanalista formada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa, em Educação Artística pela FAAP e em Pedagogia Waldorf pelo seminário da Escola Rudolf Steiner. Mestranda em Psicologia Transformacional. Estudou letras na USP, na PUC de Curitiba e do Rio de Janeiro, além de literatura e filosofia na Cleveland State University, em Ohio, USA. Tornou-se sócia-fundadora, editora, diretora editorial e tradutora na Editora Mercuryo e atualmente na Barany Editora. Em paralelo estudou e assuntos ligados a metafísica, saúde e bem-estar como dança folclórica, biodança, dança do ventre, mandalas e desenhos terapêuticos.


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