Desde 1950, o mundo vem apresentando um crescimento
constante da população que reside em áreas urbanas, o que, segundo a ONU, tem
levado à urbanização das sociedades em uma velocidade tão grande que teremos
cerca de 70% da população em centros urbanos em 2050, frente a 70% da população
em áreas rurais em 1950.
Esse crescimento resulta em novas necessidades da
população, que não têm sido acompanhadas pela gestão pública de forma eficaz,
pois são agravadas com o avanço tecnológico da nova era que apresenta cada vez
melhores alternativas para evitar o desperdício ou o esforço desnecessário para
a execução de atividades rotineiras.
Embora a tecnologia evolua em uma velocidade que
excede as expectativas, não é na mesma velocidade que as cidades as absorvem em
benefício dos cidadãos, proporcionando maior qualidade de vida.
A ineficiência da gestão de recursos nas áreas
urbanas ocasiona evidentes desigualdades, baixa qualidade de vida e preocupação
com o futuro dos ecossistemas urbanos que não param de crescer. Atualmente, é
evidente que a geração de soluções é menor que o surgimento de novos problemas
e o aumento de situações críticas em nossos principais centros urbanos,
principalmente relacionadas à mobilidade, governança, economia, meio ambiente,
pessoas e qualidade de vida.
Ao analisar os principais problemas dos centros
urbanos, e fazendo um contraponto, podemos chegar aos seis pilares de uma
Cidade Inteligente, que representa um ecossistema inovador, caracterizado pelo
uso generalizado de tecnologia na gestão de seus recursos e infraestrutura.
Então, quais são as principais dificuldades que a
administração pública possui em alinhar as necessidades da população com as
diversas novas tecnologias que surgem a cada novo dia? Analisando o cenário
brasileiro, boa parte dos impedimentos se deve à alta burocracia envolvida em
um processo licitatório, que além do tempo excessivo, não está preparado para
acompanhar as novas formas de negócio do século XXI, as quais estão baseadas em
crowdsourcing – compartilhamento e colaboração, e impedem que a tecnologia e a
inovação possam transformar a realidade da população propiciando melhor
qualidade de vida.
Outra parte se deve à falta de expertise da gestão
pública em integrar as diversas tecnologias, de forma a criar um ambiente
focado em resolver os problemas e necessidades da população, pois uma cidade
inovadora é feita principalmente de colaboração e de parcerias que tenham
paixão em resolver problemas. Trabalhar esse cenário caótico e desafiador, de
forma solitária, é uma tarefa muito árdua e penosa.
Além de uma revisão criteriosa na Lei 8.666/93, que
institui normas para licitações e contratos para a Administração Pública, é
preciso ceder mais espaço para a iniciativa privada colaborar com soluções
focadas em resolver problemas da população de forma colaborativa, ou seja, por
meio de parcerias público-privadas que propiciem a evolução de todos os pilares
de nossas cidades, resultando em maior qualidade de vida para a população.
Dyonata Laitener Ramos - coordenador de projetos no
Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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