Dados recentes
mostram que a suscetibilidade ao olho seco e a outras síndromes de dor crônica,
como dor generalizada crônica, síndrome do intestino irritável e dor pélvica,
podem compartilhar fatores hereditários comuns
Pesquisadores da Universidade de Miami
encontraram uma ligação entre as síndromes do olho seco e as síndromes de dor
crônica - um achado que sugere que seja necessário um novo paradigma para
diagnóstico e tratamento para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
“O estudo indica que alguns pacientes com olho
seco têm disfunção da via somatossensorial da córnea, o que seria melhor
descrito como dor ocular neuropática. A dor ocular neuropática devido ao olho
seco é associada a múltiplas síndromes de dor crônica comórbida, informa o estudo publicado recentemente no Journal
of Pain da American Pain Society”, afirma
o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de
Moléstias Oculares.
Uma abordagem multidisciplinar usada para o
tratamento da dor crônica também poderia beneficiar os pacientes com olhos
secos. Para chegar a essas conclusões, a equipe de pesquisa avaliou 154
pacientes com olhos secos do Miami Veterans Affairs Hospital. Pacientes
com olhos secos do estudo relataram níveis mais elevados de dor ocular e não
ocular associadas às múltiplas síndromes de dor crônica e apresentaram maiores
escores de depressão e índices menores de qualidade de vida consistentes com um
transtorno de sensibilidade central. Os pesquisadores também suspeitaram
que a dor ocular neuropática pode compartilhar fatores genéticos causais com
outras condições de dor crônica sobrepostas.
O American Eye Institute estima que o olho seco afeta cerca de
3 milhões de americanos todos os anos. Quando os olhos não produzem um
suprimento adequado de lágrimas ou as lágrimas evaporam-se rapidamente da
superfície da córnea, os pacientes desenvolvem uma sensação de
"coceira" ou dolorosa. Sem tratamento, o olho seco pode levar à
inflamação, úlceras ou cicatrizes na córnea. “Os olhos dos pacientes podem se
tornar hipersensíveis aos estímulos, como ao vento e à luz. Os pacientes
têm dor espontânea, como uma sensação de queimação, que geralmente está
associada à lesão do nervo”, afirma a oftalmologista Sandra Alice Falvo, que
integra o corpo clínico do IMO.
Tradicionalmente, os oftalmologistas tratam o
olho seco com lágrimas artificiais ou medicamentos tópicos para a superfície da
córnea. No entanto, mesmo que estes tratamentos melhorem alguns sintomas de
olho seco, muitos pacientes continuam a relatar dor ocular e não ocular
subjacentes. “Nosso maior desafio é educar os médicos no sentido de que o olho
seco representa uma condição de dor crônica sobreposta. Consequentemente, uma
abordagem multidisciplinar deve ser considerada no diagnóstico e no tratamento
da dor dos pacientes com olho seco”, defende Sandra Falvo.
IMO, Instituto de Moléstias Oculares
Facebook: https://www.facebook.com/imosaudeocular
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